Portadora de deficiência reivindica campanhas sobre envelhecimento

Telva Lima, do Coletivo das Mulheres Portadoras de Deficiência, de Brasília. Foto: Jornal da 3ª Idade
Telva Lima, do Coletivo das Mulheres Portadoras de Deficiência, de Brasília. Foto: Jornal da 3ª Idade
Telva Lima, do Coletivo das Mulheres Portadoras de Deficiência, de Brasília. Foto: Jornal da 3ª Idade

4ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa – Se a questão do envelhecimento ainda é um tabu para muita gente e encontra resistência de um debate mais profundo na sociedade, imagine quando se trata do envelhecimento das pessoas portadoras de deficiência.

O Jornal da 3a Idade conversou, nos corredores do Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília, aonde acontecia as conferências conjuntas, com Telva Lima, que participava da 4ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, como representante do Coletivo de Mulheres Portadoras de Deficiência, de Brasília.

A principal demanda desses brasileiros é por mais acessibilidade arquitetônica e comunicacional. Eles querem audiodescrição na TV, no cinema, teatro para as pessoas com deficiência visual e ampliação do ensino da linguagem dos sinais, libras.

Telva Lima, simpática, falante e inteligente, quer mais e exige que o Governo faça campanhas sobre o envelhecimento dos portadores de deficiência.

Quanto mais envelhecer mais chance da sociedade ampliar o número de portadores de deficiência. Com o passar do tempo, as pessoas idosas passam a não ouvir bem, não enxergar tão bem, a caminhar com dificuldade e perda de mobilidade. Então, transversalizar esse debate é muito importante.

Jornal da 3a Idade– O envelhecimento da pessoa portadora de deficiência é muito diferente das demais pessoas que não tem esse tipo de problema?

Telva Lima- É diferente porque a gente tem uma imunidade mais baixa e tem a fraqueza dos ossos. Agora cada deficiente tem que ser avaliado de acordo com a sua deficiência.

Jornal da 3a Idade- Ainda no aspecto do envelhecimento entre os portadores de deficiência, qual é a maior expectativa em relação ao Governo, que poderia ter sido debatido nessa conferência conjunta.

Telva Lima- O Governo deveria fazer campanhas preventivas esclarecendo sobre a questão do envelhecimento para nós portadores de deficiência, o que também ajudaria as demais pessoas da sociedade entender o nosso processo. Nós também precisamos fazer esportes e exames preventivos, mas não existem programas dirigidos com essa tônica da prevenção das doenças do envelhecimento.

Logomarca 4ª Conferência Nacional da Pessoa com Deficiência.cJornal da 3a Idade – Quais exames as mulheres portadoras de deficiência não conseguem fazer?

Telva Lima – As mulheres não conseguem fazer os exames preventivos porque não existem equipamentos adequados e adaptados para nós. As mulheres não fazem mamografia, pois tem que ficar em pé e apertar o bico do seio. Como?

Jornal da 3a Idade – Fazer um exame de papanicolau deve ser ainda mais difícil.

Telva Lima- Esse então ninguém faz. Para fazer agente precisa de alguém que nos carregue e coloque na mesa, o que significa a força de um ou mais homens. Se esse acompanhante não for marido ou familiar existe um enorme constrangimento. Além do mais as mesas não estão adaptadas, nem na rede pública, nem nos hospitais privados.

Jornal da 3a Idade –Para os homens portadores deficiência a situação é menos problemática?

Telva Lima- De maneira alguma. Os homens de maneira geral já têm uma dificuldade de entender a importância do exame de próstata. Imagine para um portador de deficiência? Ele também sofre com a falta dos equipamentos, também vai precisar que alguém o carregue, tanto como as mulheres. As pessoas portadoras de deficiência ganharam qualidade de vida nos últimos anos, com o avanço dos remédios e da tecnologia e por isso também vão viver mais . E nós podemos e queremos ter um envelhecimento mais saudável, como qualquer outra pessoa.

Jornal da 3a Idade –A Conferência feita de forma conjunta correspondeu as suas expectativas?

Telva Lima– Não. Muitos menos pela junção com as demais, mas pela organização que não foi muito boa. Eles não estavam preparados para um evento com tantas pessoas. O pior é que aquilo que justificava a junção não foi conseguida.

Jornal da 3a Idade – A senhora sentiu falta da troca de experiência com os demais públicos das outras conferências?

Telva Lima– Não houve interdisciplinaridade. Cada um ficou na sua defendendo seus direitos separadamente, só que desta vez com muito mais desconforto. A ideia foi boa e poderia ter um resultado rico para todos, mas para isso precisava de uma boa organização. No fundo ficou a sensação que o interesse era somente político.