Irmã, da Irmãs Franciscanas de Altamira, que participava da Conferência da Criança e do Adolescente. Foto: Jornal da 3ª IdadeIrmã Else, da Irmãs Franciscanas de Altamira, que participava da 10ª Conferência da Criança e do Adolescente. Foto: Jornal da 3ª Idade
4ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa– Nos intervalos do almoço uma idosa, de semblante tranquilo e com um sorriso bastante acolhedor sentava num banco na frente do principal restaurante das conferências conjuntas e espalhava seus brinquedos feitos com sucata.
O que ela consegue com a venda dessas peças reverte tudo para o trabalho com as crianças, de uma pequena cidade, no interior do Pará.
Alguns minutos de conversa foram suficientes para descobrir que ali, passando despercebida, estava uma pessoa muito importante para o entendimento da história contemporânea de uma parte, quase sempre esquecida, do Brasil.
Irmã Else, que estava em Brasília para participar da 10ª Conferência Nacional da Criança e do Adolescente, pertence a congregação das Irmãs Franciscanas, da cidade de Altamira, a segunda maior cidade em extensão territorial do mundo, as margens do Rio Xingu, um afluente do Rio Amazonas.
Irmã Else, que já foi missionária durante muitos anos no sertão nordestino, mudou-se em 2005 para Anapu, outra cidade do interior do Pará. Ela e outras freiras dão continuidade ao trabalho da Irmã Doroty Stang, assinada lá em 2005.
Como poderia ter sido rica uma roda de conversa com ela, misturando todos os seguimentos para entender melhor como é a vida desse recanto do Brasil que a maior parte das pessoas não conhecem.
Ao falar sobre como mostrar para as crianças a importância da vivência dos mais velhos, ela disse que o resgate do respeito vem dos exemplos dos mais idosos e que é importante a promoção de troca de experiências.
Sem dúvida teria sido muito rico fazer uma oficina dos que trabalham com a criança e adolescente com os que trabalham pelos idosos. Precisamos resgatar nas crianças de hoje o respeito pelos mais velhos e precisamos do sopro de renovação que os pequenos nos dão. Que exemplo melhor do que mostrar para as crianças, que mesmo idosos continuamos lutando por um mundo melhor, disse Irmã Else.
Questionada sobre quais as maiores questões que envolvem o envelhecimento nessa região do Brasil, ela foi enfática.
No Pará o grande problema é a violência e a falta de garantia de direitos. Fazemos o que podemos pelas crianças, mas a enorme violência, principalmente no campo, tira delas a oportunidade de chegar a fase adulta de maneira digna. Muitas crianças e adolescentes do Pará não chegarão a ser idosos, pois morrerão antes na luta pela terra, disse Irmã Else.