Luiz Marinho, do PT, é a sexta entrevista na série com os candidatos ao Governo de São Paulo sobre propostas para os idosos

Luiz Marinho o candidato do PT ao governo do Estado nas eleições de 2018. Foto: jornal3idade.com.br
Luiz Marinho o candidato do PT ao governo do Estado nas eleições de 2018.

Luiz Marinho de 59 anos, o candidato do PT- Partido dos Trabalhadores, é a sexta entrevista na série que o Jornal da 3ª Idade está publicando com os candidatos ao governo do Estado de São Paulo, na eleição do próximo domingo 7 de novembro.

A conversa com Marinho foi na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, seu berço político e na cidade em que ele foi prefeito de 2009 até 2016.

Ele não é novato na corrida ao Palácio dos Bandeirantes e em 2002, quando era candidato a vice, na chapa do PT encabeçada por José Genoíno quase chegou lá. Naquele ano, no primeiro turno, Genoino teve 32,44% dos votos, e Alckmin, 38,28%. Já no segundo turno, Alckmin venceu com 58% dos votos válidos, e Genoino ficou com 41%.

Desta vez, com as pesquisas não lhe favorecendo, ele aponta caminhos para o Estado trabalhar as questões dos idosos sempre num trabalho conjunto com Fernando Haddad, que ele acredita vá vencer a eleição presidencial.

Embora tenha sido Ministro do Trabalho (2005-2007) e Ministro da Previdência (2007-2008) ele nunca associa as questões das pessoas idosas aos dois seguimentos.

Marinho defende que a abordagem aos idosos no Estado de São Paulo está precisando de um plano maior, que leve em conta as diferenças territoriais, buscando identificar como usar os recursos de cada região.

Temos leis suficientes para dar garantias aos idosos, mas a o que é preciso é um debate que envolva toda a sociedade e não apenas alguns grupos ligados aos órgãos públicos. Temos que envolver as famílias, porque dependendo da necessidade da pessoa idosa a responsabilidade é muito grande. Os equipamentos públicos podem fazer uma diferença muito grande na vida de uma pessoa e eu presenciei isso em conversas no Centro de Referência do Idoso de São Bernardo do Campo, mas não pode ser uma tarefa somente do órgão público.

Luiz Marinho disse que leu as perguntas que tinham sido encaminhadas (as mesmas enviadas para todos os demais candidatos), mas disse que preferia falar pontuando as questões, sem responder diretamente.

Envelhecimento no Estado

Esse debate é necessário para a sociedade como um todo, mas as famílias têm uma responsabilidade muito grande nisso. Em São Bernardo temos o Centro de Referência do idoso, temos a Casa Dia. Nunca o governo vai conseguir dar conta de construir equipamentos para todos, então a medida que a população de idosos aumenta todos tem que estar envolvidos. A família, os idosos ainda ativos, as entidades representativas dos idosos e os representantes dos serviços públicos têm que trabalhar em conjunto.

O Estado tem que planejar junto com as Prefeituras como atuar em cada território. Uma cidade pequena talvez não tenha como manter uma Casa Dia sozinha, mas poderá utilizar uma casa ou um centro de referência regional.

Saúde

Não adianta somente viver mais, temos que viver melhor e para isso precisamos estimular a disciplina das pessoas de ao longo da sua vida. Temos que trabalhar a prevenção de doenças, cuidar da alimentação saudável. A questão da alimentação orgânica, sem agrotóxicos é fundamental para os idosos que precisam do suporte do bom alimento para a fase da vida em que já começam a ter que tomar remédios. Uma alimentação saudável é sinônimo de bom envelhecimento e não é possível mais pensar em envelhecimento saudável sem pensar em alimentação saudável.

O atendimento médico tem que ser pelo SUS, não podemos abrir mão de atender quem realmente precisa. E novamente o planejamento regional é importante, pois existem cidades pequenas e média que já conseguiram bons resultados.

No nosso programa de governo está previsto a ampliação de verbas para trabalhar programas como o De Bem Com a Vida em todas as faixas etárias. O programa trabalha atividades físicas e lazer nas Unidades Básicas de Saúde. Dessa forma se trabalha integrando secretarias no dia a dia.

Esportes

Os campeonatos são importantes porque estimulam a participação, se transformam em festas geram outras promoções e também são importantes para o lazer. No entanto um programa de governo estadual de esportes não pode estar dirigido para somente um grande campeonato. Precisamos planejar trabalhos regionais. O governo estadual tem que saber como as atividades físicas estão sendo trabalhadas nos municípios e nas regiões, de forma integrada, não só para a criança, para os idosos.

ILPI

O primeiro grande esforço que temos que fazer é trabalhar com a família, pois ela é que tem que ser a responsável pelo seu idoso. O Estado tem que atuar levando em conta o corte de renda e ajudando os municípios nas casas municipais ou regionais. Esse planejamento não existe.

Hoje o Estado tem uma organização precária para as creches e quase nenhuma para as casas para idosos. De agora em diante isso terá que ser feito de forma consolidada.

Temos que trabalhar no planejamento universal para as creches e migrar depois para fazer o mesmo com equipamentos para os idosos.

Varias cidades do Interior já tem programas muito bons para esse tipo de serviços para os idosos. Então temos que criar um planejamento que possa ser universal no aprendizado das boas experiências, mas que se mantenha com as características regionais.

 Em São Bernardo uma vez eu conversei com um casal que contava que o idoso não saia de casa e ficava apertando o dia inteiro aquela espuminha. Quando conseguiu fazer a fisioterapia e começar as atividades do programa de Bem Com a Vida, ele mudou em casa e no comportamento com a família, porque voltou a participar, se inseriu num grupo. Ele disse que cortou dois terços dos remédios que tomava. Isso é melhor qualidade de vida para a pessoa e menos despesa para o Estado.

Turismo

O primeiro programa que o país teve de pensar um mercado de viagens nacional para os idosos, com descontos especiais e serviços personalizados foi feito pelo Ministério do Turismo no governo Lula em 2007, com o Viaja Mais Melhor Idade.

Eu encontrei muitos idosos que vinham contar que pegavam “o busão Lula para viajar”, pois estavam tendo chances de tarifas que podiam pagar. Até 2010 quando manteve o formato proporcionou viagens para milhões de idosos. Esse programa tem que retomar com força. Temos que fazer isso dentro do Estado de São Paulo, proporcionando turismo entre as cidades.

São Paulo tem uma grande rede hoteleira que pode oferecer pacotes especiais na baixa temporada e que não está sendo trabalhado.

Fiscalização do Transporte

Política pública não pode continuar a ser feita por soluços. A passagem gratuita é uma conquista dos idosos, garantimos isso no Estatuto do Idoso e não está sendo obedecida como devia.  Falta fiscalização. O Estado tem de agir e pensar modos de fiscalização nas companhias para que elas cumpram as cotas que são destinadas. Está estabelecido em lei é direito e as empresas têm que cumprir. Os idosos têm que participar, porque não adianta só o Estado criar mecanismos de autuação, os idosos têm que fiscalizar e saber fazer a denúncia.