Conselho do Idoso de Goiânia está trabalhando na criação do Fundo

Maria José de Oliveira Santos, assistente social, delegada representando o CMI- Conselho Municipal do Idoso de Goiânia. Foto: Jornal da 3ª Idade
Maria José de Oliveira Santos, assistente social, delegada representando o CMI- Conselho Municipal do Idoso de Goiânia. Foto: Jornal da 3ª Idade
Maria José de Oliveira Santos, assistente social, delegada representando o CMI- Conselho Municipal do Idoso de Goiânia. Foto: Jornal da 3ª Idade

4a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa– Para saber um pouco mais do trabalho que está sendo feito com os idosos em Goiânia, Capital do Estado de Goiás, que fica distante 209 quilômetros de Brasília, aonde acontecia a 4a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, o Jornal da 3a Idade conversou com a assistente social, Maria José de Oliveira Santos, delegada representando o CMI- Conselho Municipal do Idoso de Goiânia.

Entre os principais problemas vividos na sua atuação com os goianienses mais velhos ela destaca o combate a violência contra os idosos. Ela, que esteve pela primeira vez numa conferência nacional, confessou que tinha expectativa que o assunto fosse mais amplamente tratado. Segundo ela, era uma oportunidade de trocar informações com pessoas de todo o país que vivem os mesmos problemas.

Jornal da 3a Idade – Qual o universo de trabalho do CMI de Goiânia?

Maria José – Nós trabalhamos com 3 mil idosos. Estamos com 103 grupos. Tínhamos mais e chegamos a trabalhar com 160 grupos, mas, devido as dificuldades vividas pela assistência social, acabamos com vários grupos desistindo. Faltava muito material para trabalhar com eles e tivemos dificuldades para continuar desenvolver as atividades.

Jornal da 3a Idade – Goiânia já tem o seu Fundo Municipal do Idoso criado?

Maria José – Ainda não está criado, mas já conseguimos realizar uma primeira audiência na Câmara Municipal com essa finalidade. Temos mais uma audiência marcada e depois terá que passar pela aprovação do Prefeito. Estamos confiante que em três meses, no máximo, a gente tenha o Fundo Municipal do Idoso de Goiânia todo legalizado.

Jornal da 3a Idade – Cada cidade tem a sua maneira de trabalhar as questões do envelhecimento e de encontrar caminhos para a sua abordagem. Qual a particularidade do trabalho em Goiânia?

Maria José – Nosso trabalho passa pelos forrós. Quase todas as associações de idosos fazem um forró por semana, quase sempre às quintas-feiras e sextas-feiras. Alguns estão fazendo também aos finais de semana. Começam as 14 horas e vão até as 20 horas. Esse é o lado bom do trabalho e por onde se pode chamar para outras atividades.

Jornal da 3a Idade – O Forró é o lado positivo. E o lado mais difícil qual é?

Maria José – O lado mais difícil é o da violência contra o idoso, que está aumentando demais e quase sempre detectada no seio da família. São casos muito tristes que aparecem cada vez mais.

Jornal da 3a Idade – Já foi possível saber as principais causas desses conflitos familiares?

Maria José – Não temos dados estatísticos, mas a vivência do nosso trabalho mostra que o aumento do uso de drogas pelos jovens, tem amentado o caso de violência, pois eles exigem o dinheiro dos pais e avós.

Jornal da 3a Idade – A senhora acredita que a 4a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa contemplou o debate sobre a questão da violência contra o idoso?

Maria José – É a primeira conferência nacional que eu participo, então para mim ela foi boa. Sobre a questão da violência contra o idoso existia uma grande expectativa de debate, então nessa parte acho que ficou um pouco a desejar. A violência contra o idoso é o assunto que mais se fala entre as pessoas que trabalham com os idosos, então a gente esperava um grande debate que pudesse clarear como as outras cidades estão lidando com isso.

Jornal da 3a Idade– E no seu Estado a senhora tem participado das conferências? Como a senhora avalia essa conferência nacional?

Maria José – Eu tenho participado das estaduais e municipais do meu Estado e a gente sempre procura extrair ao máximo dessa oportunidade de reunir pessoas que trabalham com o mesmo objetivo de garantir mais direitos para os idosos. Eu participei ontem do Grupo 4, de Gestão e foi muito difícil tirar as 5 propostas para a plenária final. O material estava muito repetitivo e a condução dos trabalhos também bastante confusa. As pessoas da nossa delegação que participaram das outras conferências comentavam ontem que infelizmente vamos sair com a sensação de uma mesmice.

Parte da delegação de Goiás, na 4a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa. Foto: Jornal da 3a Idade
Parte da delegação de Goiás, na 4a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa. Foto: Jornal da 3a Idade

Jornal da 3a Idade – E no que essa insatisfação pode atrapalhar no seu trabalho?

Maria José – A gente fica um pouco frustrada por que a gente vem aqui para trazer propostas e fazer isso virar lei. Na hora de fazer os políticos cumprirem já fica difícil, então é na conferência que a gente tem que ter um debate mais amplo. Para quem está nos grandes centros isso não afeta tanto, mas para as pessoas que atuam nas pontas do Brasil afora, a oportunidade de trocar informações com gente do país inteiro é uma chance única.

Jornal da 3a Idade – E os políticos do seu Estado apareceram?

Maria José – Nenhum, nem do meu Estado, nem de nenhum outro. No primeiro dia tinha alguns, junto com a ministra, mas no dia a dia dos debates, para entender as nossas necessidades não apareceu nínguem. A presidente que era muito esperada também não mandou sequer um representante.