
4a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa – O relatório final da 12ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos, encerrada na última sexta-feira, dia 29 de abril, em Brasília, e que teve a participação de delegados que estiveram nas quatro outras conferências realizadas simultâneas (LGBT, Criança e Adolescentes, Portador de Deficiência e Idosos) não acrescentou novidades para os idosos.
Mantiveram-se as propostas tiradas na 4a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, realizada de 24 a 27 de abril.
A conferência dos idosos foi mais um importante exercício de democracia, sem dúvida, ao reunir representantes de quase todos os Estados para debater as principais reivindicações dos cidadãos mais velhos do pais. A convivência com pessoas que trabalham na mesma área em outros Estados é sempre produtiva, principalmente para os muitos que lá estavam pela primeira vez.
As 20 propostas aprovadas na plenária final da 4a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa são fruto do debate, sem dúvida, mas não apresentaram exatamente novos caminhos, em relação as três conferências anteriores. Muitas demandas repetem reivindicações que vem sendo colocadas para o Governo Federal, desde a primeira conferência em 2006.
O fato de realizar a conferência dos idosos no mesmo espaço que as demais conferências foi uma proposta bem intencionada dos organizadores, que tinham a ideia de fazer com que os diferentes segmentos pudessem interagir. Mas ficou na intenção, na verdade isso não ocorreu.
Cada segmento ficou restrito aos seus debates, não ocorreu nenhuma oficina interativa e o volume de pessoas em função das quatro conferências em conjunto (cerca de 7 mil no primeiro dia), aliada a falta de logística para as necessidades de um evento tão grande, ofuscou a realização.
Ao contrário do discurso do secretário especial de Direitos Humanos Brasil, Rogério Sottili, na abertura da Conferência dos Direitos Humanos, a convivência não foi tão festiva e congraçadora entre todos.
As enormes filas para tudo, a falta de organização na chegada dos hotéis e principalmente o embarque nos ônibus que a noite levavam os participantes para os hotéis, ressaltou intransigências gritantes vividas no dia a dia dos idosos, em todo o Brasil.
A presença de uma representante do movimento LGBT na plenária final dos idosos para reclamar de discriminação sofrida de duas idosas, causou grande tumulto e a maioria não deixou que ela finalizasse sua fala como queria. Na verdade ela tinha sido agredida por uma idosa, que pela manhã tinha lhe dito que se ela fosse sua neta ia apanhar para deixar de fazer “aquilo”. Muita gente na plateia, sem saber a historia real, se sentiu agredida pela performance da representante LGBT.
A condução da mesa final da 4ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa provocou dissidências e a retirada da delegação do Rio Grande do Sul, da votação final. (leia entrevista com a Presidente do CEI do RS)
Faltou integração

Por que não aproveitamos a presença das principais lideranças do movimento estudantil de todo o país para fazer uma oficina/debate sobre a convivência dos jovens e idosos. Mostrar iniciativas de integração que estão ocorrendo em outros países, poderia ter sido muito rica.
Marina, estudante de São Paulo ( Para que você quer meu sobrenome?), que participou do vitorioso movimento de ocupação das escolas, contra o Governo do Estado de São Paulo, não achou importante abrir um debate.
Debater preferência no uso de acento no ônibus não é assunto para uma conferência nacional, disse a líder estudantil.
Mas esse um dos problemas mais corriqueiros entre jovens e idosos em todo o Brasil, os jovens fingem que dormem e não dão lugar aos mais velhos e isso começa a causar conflitos.
Conferência é lugar de discussão de alto nível, daquelas que vão mudar o país, não coisas cotidianas, disse a líder estudantil.
Perdemos a oportunidade de junto com as lideranças LGBT começar fazer uma discussão sobre o envelhecimento nesse segmento, que já foi motivo de teses acadêmicas, lançamento de livro, mas que na prática tem uma distância enorme com a realidade. Em São Paulo existe uma restrição, velada, ao ingresso de idosos gays, nas casas de repouso.

Esse é um debate importante que precisa ser feito com todo o Brasil. Nosso pessoal ainda sofre da síndrome de Peter Pan, aquela que acha que não vai envelhecer nunca. Quando ficamos velhos carregamos ainda mais problemas, porque além dos já sentidos pelos demais idosos, temos a falta de aceitação da sociedade, disse Luizinho, um dos principais ativistas LGBT de São Paulo e que está empenhado nesse assunto.
As conferências conjuntas não deram certo, menos pela proposta de fazer juntas, mas pela falta de preparo de fazer um evento desse porte. Também não aconteceu a discussão das prioridades conjuntas ou o que poderia ser trocado de uns com os outros. Por fim, todos ficaram com o seu próprio seguimento, mas sofreram com os problemas da desorganização geral, disse Telva Lima, representante do Coletivo de Mulheres com Deficiência, de Brasília. (leia entrevista)
