Conferência Municipal da Pessoa Idosa de São Paulo superou as expectativas

Lideranças dos idosos criticaram a forma como a comissão organizadora da Conferência determinou o novo critério para a escolha de delegados.
Terezinha Abreu, presidente do GCMI na gestão 2004/2005. Foto:hb/ Jornal da 3a Idade.
Terezinha de Abreu Soares, presidente do GCMI na gestão 2004/2005. Foto: hb/ Jornal da 3a Idade.

Sem dúvida a Conferência Municipal da Pessoa Idosa de São Paulo superou as expectativas.

Foi a mais desorganizada das duas anteriormente realizadas. Duas sim, porque oficialmente, feita de forma independente, essa foi a terceira, já que a primeira foi feita dentro da Regional da Grande São Paulo por não se conseguir fazer uma somente na Capital.

E não foi só isso que foi esquecido pelos organizadores. Todos os materiais com o logotipo criado uma semana antes do evento esqueceram de incluir o tema da conferência, o Protagonismo e Empoderamento da Pessoa Idosa – por um Brasil de todas as Idades, proposto há mais de um ano pelo CNDI- Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa.

Mesmo com a presença de quatro ex-presidentes do GCMI- Grande Conselho Municipal da Pessoa Idosa nenhum deles foi mencionado. Quem trabalha com o idoso sabe o quanto é difícil formar lideranças. Estavam presentes: Terezinha de Abreu Soares (gestão 2004/2005), Antônio Santos Almeida (2008/2009), Marcel Tomé (2010/2011) e Marly Augusta Feitosa da Silva (2012/2013).

Antônio Almeida, presidente do GCMI na gestão 2008/2009.
Antônio Santos Almeida, presidente do GCMI na gestão 2008/2009, de malha e chapéu marrom. Foto: hb/Jornal da 3a Idade

Também não foram feitas homenagens as pessoas muito idosas que atuaram ou continuam atuando no movimento, como é tradição nas conferências dos direitos dos idosos.

Falha na contratação da empresa A empresa contratada para fazer a parte operacional de recepção, credenciamento e apoio nas salas aonde eram discutidos os eixos da conferência – 1) Gestão (Programas, projetos e ações); 2) Financiamento (Fundo do Idoso e Orçamento Público); 3) Participação (política e no controle social) e 4) Direitos Humanos- não tem nenhuma experiência em conferência, o que deve justificar as inúmeras falhas ocorridas.

Não conseguiram fazer o credenciamento dos participantes no primeiro dia, antes da abertura da conferência.

Marcel Tomé, presidente do GCMI na gestão 2010/2011. Foto: hb/Jornal da 3a Idade.
Marcel Tomé, presidente do GCMI na gestão 2010/2011. Foto: hb/Jornal da 3a Idade.

Não foi nossa culpa, os idosos tinham que estar credenciados antes, pela Internet. Esse foi o combinado com quem nos contratou, disse uma das jovens da empresa.

 Quem trabalha com os idosos sabe que a maioria não está na Internet e que mesmo os que já usam as redes sociais fazem mais como diversão e não gostam de registrar números de documento e endereço pessoal numa ficha virtual.

Se não fosse a interferência do Secretário Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eduardo Suplicy que liberou as pessoas do credenciamento para participarem da abertura da conferência, o tumulto teria sido maior.

Debate dos eixos prejudicado No começo do trabalho das salas não tinha material para projeção digitalizado, não tinha material impresso para acompanhamento, não tinha papel em branco com logotipo – exigência de toda conferência para encaminhamento de propostas ou mesmo de uma moção- não tinha uma pessoa preparada sobre o tema para fazer a secretaria.

Lideranças dos idosos criticaram a forma como a comissão organizadora da Conferência determinou o novo critério para a escolha de delegados.
Lideranças dos idosos criticaram a forma como a comissão organizadora da Conferência determinou o novo critério para a escolha de delegados.

 Na sala que discutia Financiamento a pessoa encarregada não conseguia digitar siglas próprias do meio idoso como ILPI, URSI e parava toda hora para pedir esclarecimentos o que atrasou bastante os trabalhos. Uma jovem interrompeu uma das discussões mais importantes que cobrava a falta de recursos nas unidades de referência da saúde do idoso dizendo que os idosos não sabiam se organizar.

Propaganda política– O maior tumulto da conferência, cujo descuido não foi assumido nem pelos funcionários da empresa contratada, nem pelos organizadores do evento ficou por conta da distribuição do material do Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical, rejeitado pela maioria dos presentes. Mais de 500 pastas de plástico transparente, com uma revista comemorativa dos 15 anos da entidade, junto com uma ficha cadastral de filiação ao sindicato e uma proposta de adesão a cooperativa de crédito do sindicato foram distribuídas. Muitos idosos chegaram a preencher desavisadamente as fichas de crédito e somente quando uma assistente social percebeu o que estava acontecendo é que a reclamação geral foi instalada.

A organização da conferência disse que o Sindicato não pediu permissão e que se ela tivesse sido feita teria sido negada.

Votação interrompida As propostas que serão encaminhadas para a Conferência Estadual, que está sendo organizada pelo Conselho Estadual do Idoso para se realizar em setembro de 2015, serão sistematizadas pela comissão organizadora da conferência e posteriormente divulgadas. As propostas foram aprovadas nas salas dos eixos, o que lhes concede legitimidade, mas não foram todas apresentadas em plenário, devido a exigência de encerramento de horário da conferência.

Leia material sobre a realização da Conferência

Leia matéria sobre as propostas aprovadas nos eixos