Há uma nova esperança para os doentes de Alzheimer. Foto: reprodução
Imagine um videogame que toda vez que for jogado vai estar contribuindo com a descoberta da cura do Alzheimer e que por isso passa a ser recomendado pela maior Ong de pesquisa da doença, em todo o mundo.
Imagine que ele já existe, pode ser usado por todas as pessoas como se fosse uma brincadeira de criança e que mesmo com todas as utilidades é gratuito para baixar.
Imaginou? Não imagine mais, ele existe e desde a semana passada já foi acessado por mais de 150 milhões de pessoas.
Sea Hero Quest é um jogo para celular criado por investigadores da Universidade de East Anglia, do Reino Unido, que desafia o jogador a viajar por várias partes do mundo procurando objetos perdidos.
O que os cientistas pretendem é que de forma descontraída e divertida as pessoas se coloquem à procura de memórias e o trajeto e a forma de busca-las se torne informações preciosas de como o cérebro se orienta em termos espaciais e como ele memoriza o caminho escolhido a seguir.
O idealizador do jogo é o doutor pesquisador em Neurociência da Universidade de Cambridge, Michael Hornberger, que nos últimos anos pesquisou as questões da área da demência em consequência do envelhecimento.
Numa entrevista que deu para o jornal The Washington Post, ele explicou que quer transformar este jogo numa ferramenta mundial para diagnóstico da doença de Alzheimer, porque é frequente os doentes perderem-se, mesmo em locais que lhes são muito familiares.
No Alzheimer, a principal doença neurodegenerativa que afeta os mais idosos, em todo o mundo, é a falta de memória e desorientação o principal problema.
A Alzheimer’s Research UK, a associação sem fins lucrativos sediada na Inglaterra, que apoia a investigação, declarou que se cada pessoa jogar durante dois minutos estará, em teoria, a fornecer o equivalente a 70 anos de informação laboratorial sobre memória espacial. O objetivo é que esta informação ajude os cientistas a perceber como é que uma mente saudável se orienta e no que é que difere de pessoas com demência.
A iniciativa contou com o apoio do neurocientista Hugo Spiers, da universidade College London, que é especialista em perceção espacial. “Este jogo pode ser uma ferramenta de diagnóstico disponível em todas as línguas, em todo o mundo”, disse Hugo Spiers.
No último ano, com o apoio da companhia de telecomunicações alemã, Deutsche Telekom, Michael Hornberger e Hugo Spiers e mais seis cientistas trabalharam na criação do jogo com a empresa Glitchers, usando ferramentas comumente utilizadas por médicos e cientistas: testes de memória e de percepção visual.
Até o final do ano os pesquisadores esperam ter um primeiro relatório sobre os dados recolhidos através do jogo. Eles esperam conduzir ensaios clínicos com base no jogo e assim começar a torná-lo uma ferramenta de diagnóstico.