O trabalho com idosos em Roraima pela presidente do Conselho Estadual

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Leila Maria Holanda de Magalhães., presidente do Conselho Estadual do Idoso de Roraima. Foto: Jornal da 3ª Idade
Leila Maria Holanda de Magalhães., presidente do Conselho Estadual do Idoso de Roraima. Foto: Jornal da 3ª Idade

4a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa– Na tarde da quarta-feira, dia 27 de abril, último dia da 4ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, o Jornal da 3ª Idade conversou com a presidente do CEI-RR- Conselho Estadual do Idoso de Roraima, a assistente social Leila Maria Holanda de Magalhães.

Paraense radicada há mais de 40 anos em Boa Vista ela conhece profundamente as questões sociais do Estado que adotou, levada pelo marido nascido na terra.  Na entrevista ela contou um pouco como se desenvolve o trabalho com idosos no Estado, as principais necessidades e as características regionais que o tornam um espaço diferenciando do Brasil.

Roraima é o Estado menos populoso do país, com uma população de cerca de 513 mil habitantes, segundo o mapa de projeção populacional do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Embora seja também o que apresenta a menor densidade demográfica na federação, com 2,25 hab./km², tem uma população idosa estimada em mais de 11% do total de todos os moradores.

A Capital Boa Vista é a única sede de Estado totalmente no Hemisfério Norte.

Jornal da 3ª Idade – Quantas pessoas formaram a delegação do Estado de Roraima para a 4ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa?

Leila Maria Holanda de Magalhães– Nós viemos participar com 9 pessoas.

Jornal da 3ª Idade – Quantos municípios existem no Estado? Todos têm Conselho do Idoso formado?

Leila Maria Holanda de Magalhães– Nós temos 15 municípios e nem todos tem conselho municipal do idoso formado. Nós conseguimos agora no Conselho Estadual do Idoso formar um plano de trabalho para dois anos – 2016/2017- cuja meta principal é conhecer o funcionamento dos CMI que já existem e saber o que precisamos fazer para alavancar os que precisam de apoio para desenvolver.

Jornal da 3ª Idade – Roraima já conseguiu criar o seu Fundo Estadual do Idoso?

Leila Maria Holanda de Magalhães– Ainda não, estamos nessa caminhada.

Jornal da 3ª Idade – E como está sendo trabalhada a questão do Cuidador do Idoso? Roraima está conseguindo criar esse apoio para o seu idoso?

Leila Maria Holanda de Magalhães– Nós criamos a categoria dos sócios geriatras, assim tudo que precisamos de apoio contamos com ele para dar a assistência. E esse trabalho tem dado bons resultados. Temos já 78 sócios-geriatras, eles entraram através de um programa criado no governo do Estado, dentro das atribuições do SUAS (Sistema Único de Assistência Social é o modelo de gestão utilizado no Brasil para operacionalizar as ações de assistência social. O SUAS foi criado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome). O Governo vai agora fazer um concurso para ampliar o programa.

Jornal da 3ª Idade – É possível definir o perfil dos idosos de Roraima?

Leila Maria Holanda de Magalhães– O Estado de Roraima tem uma diversidade de povos. Todo o desenvolvimento de Roraima foi feito com uma migração muito forte. Por isso nós temos idosos oriundos de todas as regiões do país. Nós ainda temos uma característica a mais porque somos um Estado de fronteiras. Fazemos fronteira com a Venezuela e com a Guiana Inglesa e também convivemos como fluxo desses países. Temos ainda a questão indígena. Em alguns municípios temos 80% da população indígena. E o fluxo nas fronteiras é muito forte das populações indígenas.

Jornal da 3ª Idade – Trabalhar as questões do envelhecimento com essas populações é mais difícil?

Leila Maria Holanda de Magalhães– A questão não é ser mais ou menos fácil, mas é que eles têm uma Cultura diferente, que entende o envelhecimento de forma diferente e que nós temos que respeitar.

Jornal da 3ª Idade – Mas como vocês trabalham políticas sociais gerais sem ferir as opções de etnia?

Leila Maria Holanda de Magalhães– Nós entendemos que as políticas sociais estão nessas comunidades, mas que precisa melhorar a qualidade. É preciso se pensar na regionalização dos serviços sócioassistenciais. Eu sou da área da Assistência Social e sinto que precisamos trabalhar essa regionalização para que os serviços cheguem realmente nos lugares mais distantes do nosso Estado. Nós precisamos urgente avançar nessa questão.

Jornal da 3ª Idade – Na teoria a proteção social básica está em todos os lugares, mas na prática a gente sabe que não funciona assim. A regionalização pode resolver isso?

Leila Maria Holanda de Magalhães– A assistência social básica está praticamente em todos os municípios, através dos nossos equipamentos sociais, através dos CRAS e CREAS, mas a política, a proteção social especial, precisa avançar para ficar mais próxima da população. No caso do acolhimento da criança e adolescente ou mesmo da mulher em situação de violência, tem que levar tudo para a Capital. Você tem que tirar a pessoa do convívio familiar e da comunidade para resolver um problema e acaba criando outro.

Jornal da 3ª Idade – A senhora acredita que a 4ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa idosa conseguiu acolher esse tipo de discussão?

Leila Maria Holanda de Magalhães – Não, a Conferência deixou bastante a desejar.