A cidade de São Paulo completa hoje 467 anos de fundação, com uma população de mais de 12 milhões de pessoas, se mantendo como a maior cidade do Brasil, desde 1960. Ela tem mais habitantes que Portugal e Grécia, igual à Bélgica e Bolívia, e comparável aos estados do Paraná e Rio Grande do Sul.
Quando a atual administração municipal terminar sua gestão nos próximos quatro anos, a cidade terá mais de 2 milhões e 100 mil habitantes idosos. Por isso, São Paulo ser uma cidade amiga dos idosos deve ser algo muito maior que título de programa promocional de governos, de teses acadêmicas ou mesmo de projetos que sirvam para interesses de promoção pessoal para escalada de cargos públicos.
São Paulo tem que ser amiga dos seus cidadãos mais velhos pela dívida moral e histórica com aqueles que ajudaram a construí-la, e também, por uma questão econômica. No começo de 2025 cerca de 18% de todos os habitantes serão de pessoas com mais de 60 anos.
Um estudo confeccionado pela Fundação Seade (a Agência de Estatísticas do Estado de SP) sobre a cidade de São Paulo, divulgado na semana passada, registra como a faixa etária se alterou nos últimos cem anos. Nele é possível entender como a participação dos menores de 15 anos se reduziu à metade e a quadruplicação dos maiores de 60 anos.
No trabalho, as maiores concentrações da população com 60 anos e mais estão na Região Oeste, destacando-se Alto de Pinheiros com 29,2% de seus residentes nessa faixa etária. Os distritos Sé e Brás são exceções na região central, pois, contam com 11,7% e 13,8% de idosos, respectivamente. As menores proporções aparecem nas regiões mais periféricas, sendo o menor valor em Anhanguera (9,1%).
O Jornal da 3ª Idade encaminhou duas perguntas para várias lideranças de movimentos sociais de defesa das pessoas idosas, das diferentes regiões da cidade de São Paulo e profissionais que atuam em Gerontologia, na Capital: 1) O que São Paulo tem de melhor para os idosos?
2) O que São Paulo tem de pior para os idosos? Leia abaixo as respostas. Se você quiser, pode também responder na nossa página no Facebook.
Antônio Jordão Netto, 83 anos, paulista da cidade de São Carlos mora capital desde 1956. Fundador da Universidade Aberta à Maturidade da PUCSP e da Universidade Sênior da UNISANTANNA25.
O melhor de São Paulo são as muitas oportunidades de lazer gratuito e atividades culturais acessíveis. O pior é a insegurança pessoal e as barreiras de acesso à muitos locais onde poderiam desfrutar de mais lazer e atividades culturais.
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Ana Cristina Passarella Bretas, escritora, 59 anos e 8 meses (sou quase oficialmente velha). Meus bisavós (maternos e paternos) vieram de Portugal e da Itália, avós, pais: todos brasileiros. Nasci em São José do Rio Preto (SP), estou em São Paulo desde 1983. Hoje, o meu trabalho com idosos se dá pela literatura.
Entre o que há de melhor os centros culturais, em especial o Centro Cultural Vergueiro – espaço intergeracional para experimentações. O que São Paulo tem de pior para os idosos é o Custo de vida e a má distribuição de renda.
Ana Rosa Costa, 66 anos, paulista de Americana, chegou em São Paulo com apenas 6 anos de idade. A origem da família é cigana. Atua com idosos na Região Centro e em Cidade Ademar.
O que a cidade tem de melhor é a oferta de serviços para os idosos, tanto no Lazer, na Cultura e na Saúde. O que ela tem de pior são as calçadas horríveis, os degraus são altos, proibindo as pessoas que tem problema de mobilidade de circular livremente. Quem usa cadeira de rodas nem pensar, principalmente na periferia. Agora o que já tínhamos conquistado, com a gratuidade nos transportes foi tirada.
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Amelinha Teles, escritora, idealizadora do projeto Promotoras Legais Populares. Mineira mora na cidade há 50 anos.
Sem pandemia, tem bastante atividade cultural gratuita. Se o SUS funcionasse direitinho seria também ótimo para todos nós. O transporte para mim que mora em região central é bom e, se mantiver gratuito, também será bom. O ruim é a carestia, a poluição sonora e geral, a violência, o preconceito e a discriminação.
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Cassia Mayumi Mori tem 46 anos, é nikkei, descendente de japoneses, paulistana. Atua com os idosos da Associação Nipo Brasileira de Assistência Social
São Paulo ao mesmo tempo que acolhe, também segrega. Acolhe aqueles que conseguem chegar em todas as variantes, possibilidades, oportunidades de poder viver com autonomia e um pouco de integridade. Segrega os mais fragilizados que dependem de outras forças para poder viver com um pouco mais de dignidade.
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Conceição Aparecida de Carvalho, 59 anos, é Coordenadora da Pastoral da Pessoa Idosa da Arquidiocese de São Paulo. Paulistana de origem italiana.
A Cidade de São Paulo não apresenta condições de vida para a LongevIDADE. Não há grande participação em atividades culturais e esportivas. A prática ainda se limita a um pequeno grupo. O Poder Público não dá atenção devida aos idosos. Penso que os Centros de Convivência ajudam na interação e melhora a qualidade de vida dos idosos. Contudo, amo São Paulo!
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Creusa Maria Silva, 70 anos, raça negra, paulista de São Vicente, participa da RDPI- Rede de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa.
O melhor é o Metrô que facilita a locomoção. O pior é o sistema de faróis: tempo muito curto para uma travessia segura.
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Delia Goldfarb, 72 anos, aposentada, neta de italianos, brasileira naturalizada. Atuo com idosos nos movimentos sociais.
O melhor de São Paulo são os próprios idosos. O pior é o governo.
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Diego Felix Miguel, 36 anos, Especialista em Gerontologia pela SBGG, Gerente do Convita, padrinho da Eternamente Sou, filho de pai paulistano e mãe pernambucana.
Em São Paulo temos uma rede de serviços públicos, privados e do terceiro setor bem comprometida com as questões do envelhecimento e velhices, além de espaços bem estruturados e tradicionais que favorecem a participação social das pessoas idosas, como o Grande Conselho Municipal do Idoso, Fóruns dos Direitos da Pessoa Idosa e representatividade em Conselhos Gestores, Conselho de Saúde, entre outros.
Acredito que, apesar das tentativas de retrocessos que estamos vivendo, pelo prefeito, governador e parte dos vereadores, como no caso da revogação do acesso ao transporte gratuito para pessoas idosas dos 60 aos 64 anos, mesmo às vésperas do natal de 2020, rapidamente as pessoas idosas, técnicos e lideranças dos movimentos da capital se manifestaram em oposição à essa determinação. Sem dúvidas, um exemplo do engajamento que não vem de agora, mas foi construído nessa história que torna São Paulo uma referência em mobilização e participação social.
Apesar de termos uma estrutura interessante de serviços para as pessoas idosas, acredito que São Paulo precisa acolher as Velhices em sua diversidade, considerando questões como LGBTfobia, racismo, machismo, xenofobia, capacitismo, entre outros preconceitos que socialmente submetem as pessoas a desigualdade e vulnerabilidades sociais.
Mesmo com uma rede de serviços públicos, muitas pessoas idosas têm seu acesso limitado ou simplesmente negado, por falta de representatividade e preparo profissional para acolher demandas específicas em sua diversidade, desconsiderando suas especificidades e reproduzindo uma atuação generalista que reforça a invisibilidade e o silenciamento dessas velhices.
Dineia Mendes de Araujo Cardoso, 60 anos, paulistana, origem da família de Portugal e da Bahia. Trabalha com idosos na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de São Paulo
O que São Paulo tem de melhor para as pessoas idosas são as atividades de lazer para esse segmento, que se multiplicam, de forma diversa em nossa cidade. Elas elevam a qualidade de vida deste segmento, porque deixam a solidão e possibilitam o convívio social, aumentam a socialização e geram diversão, descanso e desenvolvimento pessoal os três D (J.Dumazedier). Nossa cidade tem uma diversidade de opções que podem ser vivenciadas de maneira participativa ou contemplativa,onde o importante para o idoso é envolver prazer e ser uma atividade que possibilita movimento e participação.
Podemos citar os Programas Vem Dançar e Virada Esportiva este que tem uma Virada Esportiva para o Idoso em decorrência de 15% da população da cidade de São Paulo ser de pessoas idosas. Nesses Programas são oferecidos anualmente pela Secretaria Municipal de Esportes e Lazer atividades de inclusão social, promoção de saúde através do simples Dançar e de Atividades Físicas. Contamos com 46 Centros Esportivos oportunizando Lazer e Diversos Programas de Atividades voltadas para as pessoas idosas espalhados por toda cidade.
O que São Paulo tem de Pior para a Pessoa Idosa é a pouco existência de Fóruns da Pessoa Idosa locais onde nesses encontros mensais nas diversas regiões de São Paulo, com o objetivo de apresentar, discutir e debater os diversos serviços da rede de atenção à Pessoa Idosa no nosso município, contando com diversos profissionais ligados a esse segmento. Cada vez é maior o interesse da pessoa idosa em conhecer os serviços da sua cidade, ser escutado em suas reivindicações e poder obter informações e resultados do que os conselheiros eleitos da sua região do Grande Conselho Municipal do Idoso estão construindo .
Faço a mediação técnica do Fórum da Pessoa Idosa Santana/Tucuruvi há 21 anos e no momento temos 23 Fóruns atuando. Através dos Fóruns podemos facilitar a comunicação territorial do Idoso com seus problemas e propor soluções aproximando as pessoas chaves para resolver os mesmos. Os idosos nesse momento não deveriam retornar às atividades presenciais, pois continua a quarentena, mas devem manter- se ativo em casa. Tentando realizar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada ao longo da semana. Saia do Sofá e Vem Caminhar!
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Edmundo Picasso, 83 anos, descendente de espanhóis ( tem dupla nacionalidade). Atualmente participa virtualmente do Coletivo Direitos dos Idosos.
De pior a cidade tem pouquíssimas áreas verdes; não tem banheiro público (a não ser no Metrô da Sé), não tem movimento do idoso autônomo (sem influência do governo) para tratar dos 4 problemas básicos: 1) Recurso financeiro; 2) Sistema de saúde específico para o idoso; 3)Mobilidade; 4) Moradia. O que tem de melhor? NADA.
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Eunice Alves Lopes, 68 anos, paulistana, descendente de Espanhois, coordenadora da Pastoral da Pessoa Idosa de São João Clímaco.
O melhor de São Paulo são lugares como CRI, CRECI, NCI, CEU e entidades como SESC e SESI que depois da pandemia terão que reforçar e ampliar o trabalho com idosos. O que existe de ruim é a falta e o descaso com a Saúde na periferia, que já acontecia antes da pandemia.
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Fran Dantas, 52 anos, cor parda, piauiense da cidade de Floriano. Trabalha com idosos na Casa da terceira idade Tereza Bugolim, em São Miguel Paulista.
A classe social influencia e muito na análise sobre qualidade de vida em São Paulo pelos idosos e idosas. O melhor é perceber que há oferta de serviços (cultural, saúde, educação, atividades físicas e outros) específicos para a pessoa idosa com profissionais qualificados, certo processo de conscientização da população quanto a garantia de direitos da população idosa, aumento da divulgação dos serviços e sua localização.
Alguns aspectos que fazem São Paulo não ser amiga da pessoa idosa, principalmente àquelas que possuem alguma comorbidades e que vivem sozinhos (as): supressão de direitos, acessibilidade, transportes públicos, pouca oferta de habitação e trabalho, preconceitos, ausência de rede de suporte social ativa e eficiente
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Glícia Maria Bellemo, tem 65 anos , é paulistana, tem descendência negra e italiana, atua na área das atividades física para idosos e foi por muitos anos coordenadora do JORI-Jogos Regionais dos Idoso do Estado de SP
A cidade de São Paulo tem vários espaços onde os idosos podem frequentar pagando a metade como museus, cinemas, passeios turísticos gratuitos (isso antes da pandemia). O pior é o nosso transporte público e a qualidade de nossas calçadas…..horrivel.
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Hélio Oliveira, 65 anos, natural de Bauru, trabalha com idosos na Prefeitura de São Paulo.
Aqui temos os Cinemas, os teatros, o mar e as praias por perto. As serras, os bailes-da-saudade, carnaval, museus e muitos outros equipamentos. É preciso fazer com que os idosos usufruam muito mais desses equipamentos. As idosas são as que mais aproveitam do que há de melhor na cidade, pois saem mais, participam mais, convivem muito mais com a realidade. Os senhores se limitam a algumas poucas atividades.
A cidade oferece uma infinidade de possibilidades para quem quer conviver. Muitas vezes não nos damos conta do que está ruim, como acontece em qualquer outra cidade, Sampa é Sampa. O idosos pela sua maior experiência, por terem um passado universal, por já terem presenciado diferentes situações na cidade, são os que de certa forma idolatram o seu recanto.
O lado ruim talvez seja justamente o avesso dessa enorme oferta de entretenimento, pois sabemos que muitos idosos nunca tiveram acesso a ela. Faltam políticas públicas que apresentem roteiros da cidade para todos os idosos, para que conheçam tudo de bom que existe nela. Encontramos pessoas importantes nas comunidades, líderes nos seus segmentos, que participam de ações humanitárias, que tem atividades políticas, mas que não conhecem o outro lado da cidade e que nunca usaram equipamentos de lazer. Na cidade existem Ncis, Centros Desportivos, Entidades da terceira Idade e esses equipamentos precisam precisam ser frequentados. Certamente temos muito mais coisas boas que ruins.
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Horácio Fernandes, 64 anos, coordenador do Circuito Butantan da Maior Idade, psicólogo, branco, nascido no Rio de Janeiro, mas morando em São Paulo há 27 anos.
São Paulo uma grande cidade e que tem problemas mas também coisas boas. As opções de entretenimentos e atividades, principalmente culturais para idosos são muitas e boa parte delas de graça, oferecidas pelo governo e pela iniciativa privada. Evidentemente que atualmente por conta da pandemia a maioria delas estão suspensas. O pior de São Paulo é que estas atividades estão concentradas em algumas áreas.
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Jeane Silva, 44 anos, paulista, psicologa e produtora cultural do Projeto Continuar, na Zona Leste da capital.
São Paulo, transborda em ações culturais, esportivas, que contribuem para um envelhecimento mais ativo do idoso na cidade. Oferta equipamentos, como parques, CEUs, museus, teatros, bibliotecas, Centro Culturais, feiras e eventos multiplurais que abarcam também esta população. Porém o acesso a toda essa gama de eventos é o grande empecilho, literalmente o transporte público é o grande dificultador e não vem apresentando melhorias ou contribuições a locomoção do idoso pela cidade.
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Joyce Néia, 62 anos, aposentada, voluntária nos grupos Cultura e Vida e Sarau Roda da Palavra. Paranaense de Ribeirão Claro, de família de italianos e portugueses.
De bom temos muitas opções de lazer em espaços abertos. De pior o transporte público deficitário e sistema público de saúde muito aquém do necessário.
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Leonardo José Costa de Lima, Terapeuta Ocupacional, Mestre em Gerontologia, funcionário público da saúde municipal, branco, nascido em Itamogi, MG.
O que os idosos têm de melhor na cidade de São Paulo é a rede de serviços públicos e gratuitos de saúde oferecidos pelo SUS. O que tem de pior: O preconceito: Idadismo e também problemas de mobilidade e acessibilidade nos locais públicos. Uma esperança: ampliação do número de serviços públicos sócio sanitários integrados para idosos com equipe multiprofissional: Centros Dia para Idosos, URSI, AME Idoso, ILPI (Graus I, II e III) e Centros de Acolhida Especial. Bem como novos projetos de promoção e prevenção voltados para o envelhecimento ativo na Atenção Básica e Especializada.
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Lia Débora Sztulman, tem 65 anos , descende de judeus poloneses. Atua na URSI Centro.
O pior: Moradia. O melhor: SUS
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Madalena Costalunga, 68 anos, paulistana da Região Sul, filha de imigrantes italianos. Atua no Fórum do Idoso de Capela do Socorro e Santo Amaro
Amo a cidade de São Paulo pela sua história, grandeza, beleza e diversidade. Por outro lado é difícil conviver com todo o descuido, sujeira, e o descaso de nossos representantes eleitos para com essa cidade.
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Maria Cristina Boa Nova, 71 anos, sou branca, nordestina e atuo em instituição de promoção aos direitos da pessoa idosa.
São Paulo oferece grande amplitude de serviços para seus moradores que possuem dinheiro e autonomia, mas nada direcionado ao idoso, especialmente se for pobre e morador da periferia. Sendo a capital mais rica do país deveria ser modelo e amiga do idoso, mas está longe disto. O pior de tudo é a negligência às necessidades de mobilidade, agravadas com a redução da gratuidade no transporte, as dificuldades de acesso aos serviços de saúde, a falta de prontuários eletrônicos para facilitar o acompanhamento de múltiplos especialistas e a falta de foco na geriatria preventiva e curativa.
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Maria Amalio de Sousa é uma paraibana criada no sertão de Pernambuco, que chegou em São Paulo em 2007, buscando tratamento de saúde.
Sou muitíssima bem atendida pelo SUS e agradeço a essa cidade por isso. Encontramos aqui eu e meu espaço apoio dos filhos que nos dão toda assistência que precisamos. São Paulo se tornou para mim um segundo lar, gosto muito da ampla gastronomia que a cidade oferece e que é bastante diversificada.
Participo do grupo da terceira idade onde tive a oportunidade de ir a passeios, apreciar belos lugares dessa cidade tão gigante e acelerada. Pra mim “Antenada” é a palavra certa para descrever a cidade que nunca dorme. É grande, às vezes cinzenta, fria, distante, mas, se você se permitir olhar, se aproximar, ela se mostra incrivelmente delicada, colorida, poética até. Há beleza nas árvores que cismam em crescer por entre as calçadas, nas pessoas que passam apressadas!
Hoje estou com 78 anos e meu esposo com 84. Uso prótese nas duas pernas. A locomoção é uma das grandes dificuldades que os idosos enfrentam em São Paulo. Envelhecer em São Paulo até pode ser, para alguns, como um longo rio tranquilo (apesar de poluído); mas, para a maioria, parece mais uma árdua travessia, entre inundações e alagamentos. Falta de acesso à moradia, pois as políticas inexistem o que é uma grande falta de respeito e reconhecimento de quem passou a vida trabalhando. São inúmeras as transformações necessárias para que São Paulo seja mais inclusiva e acessível para todas as idades, distintas condições físicas, mentais, intelectuais, sensoriais ou ainda socioeconômicas. Não se trata apenas de barreiras físicas (calçadas ou ruas esburacadas), mas também trabalhos sociais e inclusivos para os idosos. (A precariedade do transporte público ou aceleração e impaciência no trânsito). É preciso ouvir mais os idosos.
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Maria Aparecida Costa Ribeiro, tem 67 anos, é preta, paulista e representante da Região Centro, na diretoria executiva do GCMI – Grande Conselho Municipal do Idoso de São Paulo.
O que existe de melhor na cidade de São Paulo são os seus parques, os teatros, os clubes e entidades como o Sesc. O que há de pior, no momento, é o título Selo Cidade Amiga do Idoso, dado apesar do desmantelamento dos direitos fundamentais: humanos, sociais, culturais assegurados às pessoas idosas.
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Maria Elizabeth Bueno Vasconcellos, paulistana, branca, 59 anos, proprietária da empresa Apoio de capacitação na área da Gerontologia, moradora da Zona Oeste.
O transporte gratuito ajuda bem as pessoas a transitarem de um lado para outro da cidade. O que ajuda na independência das pessoas a custo zero. Também gosto de pontuar os aparelhos de ginástica, que existem nas praças para os idosos. Esses aparelhos facilitam com que as pessoas possam se exercitar, ativando à serotonina que melhora a auto estima da pessoa gratuitamente.
São Paulo tem calçadas e ruas esburacadas que podem proporcionar acidentes tanto para quem está dirigindo um carro, como para as pessoas que caminham nas calçadas e podem se machucar. Um tombo às vezes pode causar uma torção nos pés. Pior ainda, pode causar uma fratura no fêmur que causará muito tempo de reabilitação.
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Maria Luiza Franchi, tem 68 anos é branca, de origem italiana, nascida no Interior, em Jundiaí-SP, atua no CRECI- Centro de Referência da Cidadania do Idoso, no Vale do Anhangabaú.
A melhor coisa que São Paulo tem para os idosos: equipamentos de convivência e socialização (poucos); calçadas mal pavimentadas e pessimamente conservadas.
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Marília Viana Berzins, 63 anos, nascida em Belo Horizonte (MG), vive há 47 anos em São Paulo. Sou parda (raça negra) e sou a presidente do OLHE – Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento.
O que São Paulo tem de melhor para os idosos? A cidade se apresenta ambígua e contraditória para as pessoas idosas. Ao mesmo tempo que acolhe, afasta e não oferece condições de vida para boa parte da população idosa. Ela aproxima e também afasta. São Paulo é uma cidade de múltiplas faces. Oferece os melhores serviços que temos no Brasil para atender o que a pessoa idosa precisa, mas ao mesmo tempo, não oferece estes serviços para todos. Tem parques, centros de convivência,. centro dia, instituições de longa permanência, vila para idosos, abrigos e outras modalidades, mas em número insuficiente para a demanda. Tem programa exemplar e premiado, mas não para todos. Enfim, a cidade é boa para parte dos idosos.
O que São Paulo tem de pior para os idosos? No momento o que temos de pior para a população idosa é a retirada do direito ao transporte coletivo gratuito para aquelas pessoas idosas de 60 a 64 anos. Com este ato, o prefeito Bruno Covas e o Governador João Dória retrocedem um direito que já estava assegurado desde 2013. Além disso, a nossa cidade tem um péssima política de mobilidade social o que causa sérios danos às pessoas idosas.
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Mariza Maria de Lima Rangon, 54 anos, negra, Psicóloga, paulista de Osasco, descendente do povo indígena (Canarana/ Chapada da Diamantina BA) e Quilombola (Andarai/BA).
São Paulo apresenta todas as condições para fazer valer um selo de amigo do Idoso. No entanto, as retiradas de direito, na saúde, assistência, trabalho, cultura e lazer vem se consolidando. Então de bom o acesso ao transporte público/ônibus com piso baixo de ruim as retiradas de direitos.
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Nadir Francisco, 63 anos, paulista de Itapetininga, descendente de italiano e português, coordenador da Comissão de Saúde do Idoso, do Conselho Municipal de Saúde.
Faltam opções de espaços culturais onde o idoso pode se socializar. Não há integração entre às políticas voltadas para os idosos entre os diferentes programas, sempre falta muita informação por falta de trabalho casado.
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Odete Marques, liderança do Movimento Custo de Vida dos anos 70 é atualmente membro do Fórum do Idoso do M Boi Mirim. Descendente de índios e negros,
Nasci no Sul de MG, na cidade de Itanhandu e vim pra São Paulo recém casada, em 1959 em busca de trabalho para meu marido e por aqui focamos até hoje. Acredito que no meu caso São Paulo me acolheu no momento mais difícil de minha vida e aqui consegui trabalho e criei meus 5 filhos. Atualmente trabalho com Núcleo de Convivência de Idosos em vários bairros, na Região Sul da cidade. A maior queixa das pessoas idosas é o transporte e o atendimento médico.
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Olavo de Almeida Soares, 75 anos, branco, agnóstico. Paulista, natural de Sabino, há mais de 60 anos em São Paulo. Um dos coordenadores do Fórum da Pessoa Idosa de Ermelino Matarazzo e Conselheiro do GCMI, pela Região Leste.
O que São Paulo tem de melhor para os idosos são lugares para passeios, teatros, cinemas, museus, lugares para dançar, acesso à saúde, ao transporte e muitos outros. Para usufruir e ter uma vida longa e ativa, é preciso que as informações cheguem até as pessoas ainda na juventude Os mais moços precisam saber da necessidade de cuidar cedo dos seus bens maiores como a saúde, educação financeira e muitos outros.
O que São Paulo tem de pior para os idosos é a acessibilidade, as calçadas, as edificações, os meios de transporte; a falta de segurança e adequação nos espaços públicos, os faróis, das faixas de seguranças, as sinalizações. Falta informações e acesso a seus direitos como os serviços oferecidos em todas as áreas públicas.
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Padre Bogaz, pároco da igreja Nossa Senhora da Achiropita, na Bela Vista
De melhor não sei….nesse momento, quando tiraram o transporte gratuito conquistado a duras penas e ao mesmo tempo aumentaram os salários dos que já ganham muito mais. As calçadas estão esburacadas e quase nenhuma instituição para para que passem o dia ou possam morar. Casas de repouso são caríssimas e as aposentadorias miseráveis.
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Ruth Altamirando, 75 anos, boliviana, está em São Paulo há mais de 50 anos. Participa do Fórum da Pessoa Idosa da Zona Norte e é conselheira da UBS Vila Zatti
É preciso conhecer São Paulo. Os passeios, os bailes, os teatros, os restaurantes são as melhores coisas.