Pesquisas científicas demonstram a importância da vacinação em idosos

A infectologista Rosana Richtmann, doutora em Medicina pela Universidade de Freiburg (Alemanha) e médica das Comissões de Controle de Infecção do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e das maternidades Santa Joana e Pró Matre Paulista.
A infectologista Rosana Richtmann, doutora em Medicina pela Universidade de Freiburg (Alemanha) e médica das Comissões de Controle de Infecção do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e das maternidades Santa Joana e Pró Matre Paulista.

Um estudo feito na Holanda, envolvendo 85 mil pessoas com mais de 65 anos recrutados por 160 clínicas, para comprovar a eficácia da vacina Prevenar 13, contra as pneumonias pneumocócicas em idosos acaba de ser divulgado pela revista científica The New England Journal of Medicine.

 Os resultados demostraram que a Prevenar 13, a única vacina disponível no Brasil, contra os 13 tipos mais agressivos de pneumococo, evitou 45% dos episódios iniciais e internações por pneumonias não invasiva, que é a mais comum.  Ela ocorre quando o pneumococo atinge os pulmões, mas não chega à corrente sanguínea. Na pneumonia invasiva, que é a mais grave porque as bactérias penetram na corrente sanguínea 75% da contaminação inicial foi evitada.

 Nos Estados Unidos, a pneumonia pneumocócica acomete cerca de 900 mil pessoas por ano e metade deste total necessita de hospitalização. No Brasil, as doenças respiratórias representam a quinta causa mais importante de morte.  Nesse grupo de doenças, a pneumonia é a segunda mais comum de óbito e a principal causa de internação. Em 2012, por exemplo, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou a morte de mais de 40 mil idosos por pneumonia.

 Um outro trabalho, o levantamento realizada pela GfK HealthCare, intitulado Perigo ignorado: as doenças pneumocócicas e a maturidade, avaliou o nível de conhecimento de brasileiros, turcos e espanhóis a respeito da importância da vacinação na faixa etária acima de 50 anos e o entendimento a respeito das doenças pneumocócicas.

 No Brasil essa pesquisa trabalhou com 504 pessoas e revelou que 87% dos brasileiros entre 50 e 70 anos acreditam que não correm o risco de contrair pneumonia, o que não combina com os números de internações disponíveis.

 As alegações dos brasileiros para se considerarem fora de risco foram: estar se sentido saudável (55%); ser vacinado contra a gripe (41%) – o que, é importante ressaltar, não protege contra as infecções da pneumonia; não conhecer muito sobre a doença e, portanto, não saber avaliar se podem contraí-las (27%); e não ter recebido orientações do médico sobre o fato de correr risco de contrair (21%).

 O Jornal da 3ª Idade conversou a infectologista Rosana Richtmann, doutora em Medicina pela Universidade de Freiburg (Alemanha) e médica das Comissões de Controle de Infecção do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e das maternidades Santa Joana e Pró Matre Paulista, num evento promovido pelo laboratório farmacêutico Pfsier, fabricante da vacina Prevenar 13.

Jornal da 3ª Idade – O que é importante para o idoso esclarecer sobre esse tipo de vacina?

Dra. Rosana Richtmann– O Importante não é só falar dessa vacina e das vantagens que o estudo revelou, mas insistirmos na questão que a palavra de ordem hoje em Saúde é a prevenção através de vacinas. Eu lido diariamente no Hospital Emílio Ribas com situações alarmantes pois cada vez mais as infecções estão resistindo aos antibióticos e isso no idoso pode ser fatal.

Jornal da 3ª Idade – Qual deve ser a preocupação do idoso nesse começo de outono?

Dra. Rosana Richtmann– A preocupação é a de sempre no pré-inverno, quando aumenta a circulação dos vírus respiratórios e a gente sabe que o idoso é sempre o mais vulnerável, pois ele tem a imunosenescência, que é o envelhecimento do seu sistema imunológico. Nessa época existe o risco maior do idoso pegar um vírus influenza, que é o vírus da gripe, isso levar a uma pneumonia, a uma internação e dependendo da sua imunidade para a morte.

Jornal da 3ª Idade –Além da imunidade mais fragilizada o que piora o quadro da pneumonia no idoso?

Dra. Rosana Richtmann– Se uma criança começa com febre todo mundo corre. Quando se trata do idoso as pessoas acham normal ele estar quieto no seu canto, acham normal estar apático sem vontade de comer e quando percebem que pode ser mais sério o vírus já está instalado e dependendo da sua imunidade, da ocorrência de outras doenças, o quadro já está grave. A preocupação com o idoso tem que ser maior, pois ele responde menos aos tratamentos que as crianças.

Jornal da 3ª Idade – Quem não puder de imediato investir na Prevenar 13 que só está na rede particular, como pode manter a sua cobertura?

Dra. Rosana Richtmann– O idoso tem que se garantir com o que está disponível. A vacinação contra a gripe vai ajudar a não comprometer ainda mais a sua imunidade, o que indiretamente ajuda em não contrair a pneumonia. O segundo passo deve ser avaliado em função da prioridades. A Prevenar 13 não é barata, mas ela é dose única, a pessoa não vai mais precisar se preocupar com o vírus da pneumonia pelo resto da vida, então o importante é se informar e avaliar se não vale se garantir. O idoso nem tanto, mas a mulher idosa às vezes acha caro investir numa vacina que vai lhe dar mais saúde para o resto da vida, mas gasta a mesma quantia em três ou quatro idas ao cabelereiro. O importante nesse momento é a informação para que as pessoas saibam que a vacina existe e está disponível no Brasil.

Jornal da 3ª Idade – Quais são as vacinas recomendadas para os idosos garantirem sua qualidade de vida?

Dra. Rosana Richtmann– As disponíveis na rede pública são: a contra a gripe que deve ser renovada todos os anos; a de tétano e difteria tomada a cada 10 anos; a vacina para hepatite B e hepatite A, que são três doses na vida; a febre amarela a cada 10 anos e a tríplice sarampo, caxumba e rubéola, duas doses em toda a vida. As que não estão disponíveis na rede pública mas que são muito importantes para os idosos: zoster, também em dose única, a vacina da dor que muda a qualidade de vida das pessoas e pneumonia conjugada contra os 13 tipos de vírus, que falamos a respeito.