Olga Quiroga do GARMIC homenageada como Cidadã Paulistana na Câmara Municipal

Olga Quiroga, na Câmara Municipal de São Paulo, recebendo da Vereadora Juliana Cardoso e do Consul do Chile, o título de Cidã Paulistana. Foto: jornal3idade.com.br
Olga Quiroga, na Câmara Municipal de São Paulo, recebendo da Vereadora Juliana Cardoso e do Consul do Chile, o título Cidadão Paulistana. Foto: jornal3idade.com.br

Quem esteve ontem a noite na Câmara Municipal de São Paulo para prestigiar a entrega do Título de Cidadão Paulistano para a chilena Olga Quiroga  teve a oportunidade de viver muitos momentos emocionantes, daqueles de olhar para o lado e compartilhar com gente de diferentes regiões da cidade uma ocasião especial.

Ao contrário da Medalha Anchieta, que homenageia pessoas naturais de São Paulo, o Título Cidadão Paulistano (o nome do título é no masculino mesmo) é entregue a pessoas nascidas em outras cidades. A festa de ontem só formalizou algo que é consenso de pessoas de diferentes segmentos, correligionários políticos dela ou não:  Olga Quiroga é uma pessoa que está definitivamente inscrita na história oficial da cidade de São Paulo. O trabalho que desenvolve na defesa dos direitos de moradia e qualidade de vida para os idosos a tornou uma pessoa respeitada.

A cidade de São Paulo marcava ontem pelo relógio populacional 12 milhões e 100 mil pessoas e ser uma pessoa lembrada por vários movimentos sociais, numa megalópole não é pouca coisa não.

As fortes chuvas que castigaram vários pontos da Capital e da Grande São Paulo e o horário noturno foram impedimento para que dezenas de pessoas não pudessem comparecer.

Se essa entrega fosse no meio da tarde isso aqui ia estar lotado, o povo da Dona Olga está na sua maioria nas periferias, nos cortiços, nos lugares mais frágeis da cidade e quando a chuva aperta tudo alaga e a noite, no escuro, sem policiamento fica mais difícil. Essas 300 pessoas que estão aqui agora estão longe de representar o número de gente que a admira,  explicou uma moradora de Guaianases falando sobre a cerimônia.

Fórum Paulista de Conscientização do Envelhecimento prestigiando a homenagem a Olga Quiroga. Foto: jornal3idade.com.br

Na fala da militante do Movimento de Moradia da Zona Leste está parte do motivo que levou a Vereadora Juliana Cardoso a tomar a iniciativa de conceder a honraria.  Pois, como foi lembrado em vários discursos feitos em sua homenagem, ela sempre se mostra incansável quando o assunto é estar presente quando uma pessoa idosa se mostra necessitada. Ontem mesmo, dia da sua homenagem, tinha acordado às 5 horas para cuidar de um idoso abandonado pela família, participado de um evento no Ministério Público, passado pela sede do GARMIC- Grupo de Articulação para Moradia do Idoso na Capital, do qual é coordenadora, participado do último encontro do ano do Fórum Permanente de Políticas Públicas da Região Centro.

Olga Quiroga tem 82 anos de idade e 58 anos como moradora de São Paulo. Nunca se naturalizou e costuma dizer que é uma cidadã do mundo e que seu coração mistura as cores de várias bandeiras. “Ser uma estrangeira” lhe tirou alguns direitos como o de assumir a presidência do Grande Conselho Municipal do Idoso de São Paulo, quando foi a mais votada entre os eleitores idosos da cidade.  

Ela nasceu na cidade de Los Andes, um município a 72 quilômetros da Cordilheira dos Andes, na região de Valparaíso, que hoje tem pouco mais que 62 mil habitantes. Veio para São Paulo no começo dos anos 60, quando a cidade tinha ainda mais problemas para os pobres e quando passou a ser militante da igreja católica, nas CEB- Comunidades Eclesiais de Base e nunca mais parou.

Benedito Roberto Barbosa, da União de Moradia com a irmã de Olga Quiroga que veio do Chile para a cerimônia. Foto: jornal3idade.com.br

Na mesa de honra estavam os representantes dos principais movimentos de moradia do Estado de São Paulo, representantes de parlamentares, da Pastoral da Moradia, da Pastoral da Saúde, do movimento de mulheres , do movimento de idosos e o Cônsul Geral do Chile em São Paulo, Alejandro Sfeir Tonšić.

Olga Quiroga é viúva e teve 5 filhos (uma já faleceu) e tem 9 netos e 5 bisnetos  e quase todos estavam presentes para prestigiá-la. Ela também contou com a presença de uma irmã que mora no Chile e ficou feliz de saber que a cerimônia estava sendo transmitida para uma parte da família reunida no seu país para acompanhar via redes sociais.

Olga Quiroga é um exemplo que inspira quem não a conhece é um privilégio para quem convive e aprende com ela todos os dias.

Certa vez o dramaturgo alemão escreveu: “Há homens que lutam um dia, e são bons; há homens que lutam por um ano, e são melhores; há homens que lutam por vários anos, e são muito bons; há outros que lutam durante toda a vida, esses são imprescindíveis.“

Olga Quiroga é uma mulher imprescindível.