Nutricionistas no Terminal Jabaquara ensinarão escolher melhores frutas e legumes

Imagem de Isabella Dornbrach por Pixabay
Imagem de Isabella Dornbrach por Pixabay

Nutricionistas e agrônomos farão um mutirão, na próxima segunda-feira, 5 de agosto, no terminal Jabaquara da EMTU ( ao lado do Metrô) para mostrar à dona de casa e à população em geral o que deve ser observado na hora das compras, para ter certeza de que os itens possuem nutrientes adequados e de forma equilibrada; não somente beleza.

O objetivo é fazer com que o brasileiro componha uma mesa saudável, a custo acessível e evite desperdícios. Afinal, estamos no top 10 dos países que mais desperdiçam alimentos no mundo: são 40 mil toneladas ao dia.

Beleza não se põe à mesa 

A prestação de serviços terá produtos especialmente cultivados por estudantes do curso de agronomia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq-USP). Os acadêmicos induziram, sob condições controladas, deficiências de nutrientes nas plantas para demonstrar como uma adubação inadequada na agricultura pode afetar a aparência e a qualidade dos alimentos consumidos pela população.

A prestação de serviço terá ainda uma oficina para crianças, que receberão dicas para aprender desde pequenos o valor da alimentação saudável e ainda ganharão lápis de cores e a cartilha para colorir “Diversão com o time dos nutrientes das plantas”.

Quanto vale uma banana  

A ação é promovida pela Iniciativa Nutrientes para a Viva (NPV). Busca reforçar a consciência da população sobre a alimentação adequada através do cultivo correto e consciente das plantas. Por exemplo: uma banana pode até dar água na boca por sua aparência, mas, se tem sua origem de um solo com deficiência de nutrientes, certamente não será igual a outra que foi cuidada com as doses certas de potássio, cálcio e outros elementos indispensáveis ao seu correto desenvolvimento.

De acordo com o engenheiro agrônomo e florestal Valter Casarin, coordenador científico da Iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV), os nutrientes são o fundamento da cadeia alimentar. Eles regulam o metabolismo da planta, formando a base da produção vegetal para alimentar diretamente o homem.

“O correto fornecimento de nutrientes no campo melhora a qualidade dos alimentos e é fundamental para a saúde humana. A nutrição equilibrada de frutas, legumes e verduras também é relevante no enfrentamento ao desperdício. Alimentos com deficiência não apresentam aparência saudável, duram menos e se perdem em pouco tempo. Além disso, quanto mais se desperdiça, mais cara fica a comida que chega à mesa das pessoas”.

Desperdício recorde no Brasil  

Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) dão conta de que 46% do desperdício de alimentos no planeta ocorrem nas etapas de processamento, distribuição e consumo. Os outros 54% acontecem nas fases de manipulação pós-colheita e a armazenagem.

O Brasil é o 10° colocado no ranking mundial de desperdício. Em nosso País, as perdas, por dia, são de 40 mil toneladas de alimentos, quantidade que daria para suprir aproximadamente 19 milhões de cidadãos diariamente ao longo de um ano, o mesmo que toda a população do Chile.

O projeto de esclarecimento e conscientização à população é de autoria e execução da Iniciativa Nutrientes para a vida (NPV), cuja missão é esclarecer e informar a sociedade brasileira, com base em estudos científicos, sobre a importância e benefícios das boas técnicas de adubação na produção e qualidade de alimentos.

Valter Casarin pondera que o suprimento insuficiente de nutrientes no campo pode desencadear debilidades no desenvolvimento de plantas, legumes, frutos e folhas. Isso, por consequência, tem impacto direto na qualidade do alimento e no aumento dos índices de desnutrição humana.

De acordo com o nutrólogo e cardiologista Daniel Magnoni, isso tem impacto importante inclusive na saúde pública, já que a desnutrição possui peso relevante nas estatísticas de doenças e mortalidades.

“É o estopim para o desenvolvimento de outras doenças graves”, pondera. “A pessoa desnutrida tem mais infecções e fica mais frágil, sofrendo perda de peso, de apetite, cansaço, estado depressivo, falta de energia e diarreia persistente, por exemplo”.

Em caso de falta de cálcio, a pessoa pode, por exemplo, ter ossos rarefeitos; se houver deficiência em ferro, anemia; a carência em magnésio causa arritmia, deficiência no crescimento e problemas no sistema nervoso central; já a falta de potássio pode levar à arritmia, problemas renais  e no coração, no sistema nervoso central e na formação de músculos.