

A data de 11 de Abril é lembrado como o Dia Mundial da Doença de Parkinson. Ele foi instituído para ampliar a conscientização sobre a doença e incentivar a pesquisa e a inovação no seu tratamento.
Um dos maiores desafios no processo diagnóstico da doença de Parkinson consiste na identificação dos sintomas. O sinal mais conhecido de Parkinson é o tremor, mas na verdade o principal indicador é a bradicinesia, que consiste na lentidão dos movimentos.
A doença não possui um marcador sorológico, apenas critérios clínicos, o que torna fundamental o conhecimento acerca dos sintomas.
Ainda não existe cura e o tratamento tradicional é feito com remédios e fisioterapia. O medicamento se utiliza da Levadopa para melhorar os sintomas motores e contribuir no retardo da progressão da doença. Nos idosos esse é o principal remédio, sendo distribuído grátis ou com a baixo custo em farmácias populares.
Um outro tratamento mais avançado para a Doença de Parkinson é a neuroestimulação ainda é desconhecida por muitos no Brasil. A terapia consiste no envio de estímulos elétricos, por meio de eletrodos, para áreas específicas do cérebro, ajudando o parkinsoniano a controlar seus movimentos e recuperar a autonomia.
O médico Fábio Godinho, especializado em Neurocirurgia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP e responsável pelo setor de Neurocirurgia Funcional do Hospital Santa Marcelina explica que esse novo tratamento é revolucionário e elimina boa parte dos sintomas mais limitadores da doença de Parkinson.
Jornal da 3ª Idade– Existe uma nova terapia para tratamento da Doença de Parkinson?
Dr. Fábio Godinho– Embora não tenha cura, os sintomas físicos do Parkinson podem ser gerenciados com medicamentos e fisioterapia. Porém, após anos de tratamento é comum que os remédios deixem de surtir efeito. A boa notícia é que existe uma tecnologia médica que pode ajudar boa parte desses pacientes: a neuroestimulação, uma terapia revolucionária, mas ainda pouco difundida no país.
Jornal da 3ª Idade– Como funciona essa nova terapia com neuroestimulação?
Dr. Fábio Godinho– Um aparelho parecido com um marca-passo é implantado no peito do paciente e envia estímulos elétricos, por meio de eletrodos, para áreas específicas do cérebro, ajudando o parkinsoniano a controlar seus movimentos e recuperar a autonomia. A cirurgia é feita com o paciente acordado, assim ele pode auxiliar o médico na localização da área exata que controla os movimentos no cérebro. Todo o cuidado é tomado para que não haja dor.
Jornal da 3ª Idade– Essa é uma terapia já testada em outros países?
Dr. Fábio Godinho– A neuroestimulação é hoje o tratamento mais avançado para a doença de Parkinson. É uma terapia segura que proporciona resultados excelentes quando bem indicada. Ela é realizada no exterior desde os anos 90, mas nos últimos anos ganhou mais efetividade no Brasil, podendo ser aplicada com maior precisão.
Jornal da 3ª Idade– Qualquer paciente pode fazer esse tratamento?
Dr. Fábio Godinho– O implante é uma alternativa para os casos em que o tratamento medicamentoso deixou de ser eficiente ou para quem sofre muito com os efeitos colaterais. O Ministério da Saúde estima que a prevalência do Parkinson no Brasil seja de 100 a 200 casos para cada 100 mil habitantes. Trata-se de uma condição crônica, sem causa conhecida, progressiva e degenerativa do sistema neurológico, que afeta os movimentos e a coordenação dos portadores. Conforme progride, incapacita o indivíduo, fazendo com que atividades simples do dia a dia, como tomar banho e se vestir, se tornem impossíveis.
Jornal da 3ª Idade– A Doença de Parkinson ainda é de difícil diagnóstico?
Dr. Fábio Godinho– Mesmo com toda a evolução na área médica nos últimos anos, o Parkinson ainda é uma doença de difícil diagnóstico e sem cura. Seus sintomas iniciais podem ser confundidos com outras doenças, além de variar bastante de paciente para paciente. Geralmente os primeiros sinais da doença são sutis. Muitos ficam surpresos ao saber que a falta de expressão facial, perda do olfato, constipação, tontura, desmaios, postura curvada e dificuldade para dormir também podem ser sintomas da doença. A maioria das pessoas só reconhece a doença quando surgem os tremores constantes e a dificuldade para se movimentar e andar. Normalmente, os sintomas aparecem depois dos 65 anos de idade, porém, aproximadamente 15% dos que convivem com o Parkinson desenvolvem a doença antes dos 50 anos. Ainda não existe prevenção. No entanto, quanto antes for descoberta, melhor será a resposta do paciente ao tratamento. Adiar a procura por ajuda médica reduz a efetividade da terapia e traz prejuízos na qualidade de vida.
Principais sintomas motores da DP:
- Lentidão de movimentos, chamada bradicinesia
- Agitação ou tremor em repouso
- Rigidez dos braços, pernas ou tronco.
- Problemas com o equilíbrio e quedas, também chamado de instabilidade postural
Principais sintomas não-motores da DP:
- Humor (depressão, ansiedade, irritabilidade)
- Alterações cognitivas (atenção, problemas visuo-espacial, problemas de memória, alterações de personalidade, psicose / alucinações)
- Prisão de ventre
- A hiperidrose (suor excessivo), especialmente das mãos e pés
- Perda de olfato
- Distúrbios do sono