Maria do Socorro Alves, conselheira do GCMI- Grande Conselho Municipal do Idoso, gestão 2016-2018. Foto: Jornal da 3a Idade
Maria do Socorro Alves, de 75 anos, foi eleita para a gestão 2016-2018 do GCMI- Conselho Municipal do idoso de São Paulo, como conselheira da Zona Leste da cidade.
Seus votos vieram da Região de Itaquera e basicamente da Associação Beneficente Esporte, Cultura e Lazer Nosso Sonho, da qual é presidente há décadas.
Natural de Recife, em Pernambuco, Dona Socorro, como todos a tratam, chegou em São Paulo em 1965, já casada já com 4 dos 7 filhos. Deles ganhou 22 netos e 12 bisnetos.
Começou o trabalho com a comunidade do bairro há 38 anos na sua casa atendendo as famílias carentes que chegavam de fora, principalmente as do nordeste do país, que desembarcavam sem nada. Viu suas iniciativas ganharem um espaço físico e se transformarem numa ONG em 2004, com a construção da sede que hoje abriga a Associação.
Ela com a ajuda de voluntários atende as pessoas e as encaminham para os setores públicos que possam oferecer ajuda. Ela cadastra famílias e tem 215 famílias registradas, sendo que essas têm, em média, mais de 10 pessoas por núcleo. Todas com perfil de baixa renda, ganhando na maioria um salário mínimo.
Jornal da 3ª Idade– Quais as principais necessidades dessa população que a senhora trabalha?
Dona Socorro– Tudo. Falta tudo para as famílias e para os idosos do entorno que trabalhamos. Não temos Centro de Convivência, não temos área de lazer, não temos ILPI, não temos Centro Dia, não temos nada dos programas que são apresentados como benfeitorias para os idosos.
Jornal da 3ª Idade– A senhora participa do Fórum do Cidadão Idoso de Itaquera? Já levou até eles os problemas da sua comunidade?
Dona Socorro– O Fórum de Itaquera não tem muita regularidade. Antes se reuniam num grupo de terceira idade e agora voltaram para o espaço da Subprefeitura, mas não divulgam para todos o calendário e assim a gente não consegue acompanhar.
Jornal da 3ª Idade– A senhora que já foi conselheira antes e já tem capacitação sobre políticas públicas, pretende trabalhar com quais prioridades para a sua região, nessa nova gestão do GCMI?
Dona Socorro– Eu venho lutando para que as secretarias e demais órgãos do governo municipal olhem para esse nosso pedaço de Itaquera, que está totalmente esquecido. As poucas coisas que existem por aqui têm um funcionamento seletivo, não abre totalmente para o trabalho com os idosos e isso precisa ser mudado.
Jornal da 3ª Idade– O que não abre para a comunidade?
Dona Socorro– Nós temos o CEU Azul da Cor do Mar que não abre as portas para a comunidade de idosos. Também Circo Escola que não quer saber dos idosos. Tínhamos, depois de muita luta, quase conseguido uma área de lazer para os idosos. Era um trabalho com o CADES. Na última hora, quando já dávamos como certo, virou disputa político-partidária e os idosos perderam. Está há três anos fechado. Aqui a gente só se vale da UBS Águia de Haia e com a AMA.
Jornal da 3ª Idade– Aqui é um bairro dormitório, aonde os jovens e adultos saem para trabalhar e os idosos e as crianças pequenas ficam na comunidade. Tem muitos idosos na sua região? O que tem para os idosos se ocuparem, quando a família está longe?
Dona Socorro- Temos muitos idosos, só não sei os números atualizados. Muitos são migrantes que chegaram aqui na mesma época do que eu. Muitos trabalham, mas muitos também ficam em casa fazendo trabalhos domésticos e cuidado das crianças. Para nenhum existe trabalho com idosos. O pior mesmo é quando os idosos ficam doentes e não tem que possa cuidar deles. Nós temos várias favelas no entorno e lá é mais difícil ainda fazer um trabalho.
Jornal da 3ª Idade– Vocês já tentaram criar um trabalho com a Pastoral da Pessoa Idosa? A PPI está fazendo um trabalho importante com os idosos, principalmente no atendimento aos idosos acamados.
Dona Socorro- O padre da igreja católica não ajuda em nada. Nós já fomos pedir informação sobre essa Pastoral, mas ele não quis saber. Antes aqui todos eram católicos, mas de um tempo para cá as igrejas evangélicas estão tomando conta, porque elas pelo menos escutam o que o povo fala. Enquanto isso o idoso acamado fica largado.