A Hospitalar, uma das maiores feiras do mercado de saúde das américas, que foi realizada de 21 a 24 de maio, na semana passada em São Paulo, reunindo em quatro dias mais de 90 mil pessoas, apresentou entre várias das 1200 empresas expositoras, uma grande preocupação na maneira com elas estão trabalhando o envelhecimento das populações.
A longevidade dos pacientes, aliada a falta de mão de obra especializada, está acelerando no mundo inteiro a maneira de acompanhar os idosos e os serviços guiados por IA- Inteligência Artificial. Todas acreditam numa grande revolução na relação com os idosos, com a chegada da Internet da 5.0.
Embora a maioria dos serviços, já existentes nos países mais ricos, ainda esteja distante do Brasil, várias empresas mostraram como estão trabalhando para trazê-los para o mercado nacional ou desenvolver produtos semelhantes por aqui.
Nas principais cidades brasileiras já não é novidade para quem tem idosos na família ou é profissional de Gerontologia, as várias ferramentas e aparatos virtuais que medem pressão, aplicativos que gerenciam medicamentos, sensores que acompanham as pessoas por GPS. Mesmo os robôs, nada comuns entre nós são conhecidos pela exposição que a mídia internacional faz deles.
O Jornal da 3a Idade acompanhou a apresentação de um dos profissionais mais próximos desse mercado tecnológico nos últimos anos, Rômulo Nascimento, IoT Manager da empresa paulista Digisystem. Sua apresentação falou de números estratosféricos que estão na carteira das empresas para investir no desenvolvimento dessa nova fronteira tecnológica, muitas olhando exatamente para os números de pessoas que vão viver por mais tempo.
A Digisystem fez dois lançamentos na Hospitalar: uma tecnologia que realiza o monitoramento de pacientes com risco de queda nos leitos e utiliza o conceito IdC (internet das coisas) combinando recursos como sensores e inteligência artificial na produção de análises e o Asset Tracking, desenvolvida com a finalidade de orientar os pacientes em sua circulação dentro do hospital, para que encontrem o local correto para a realização de procedimentos.
Jornal da 3a Idade – Na sua apresentação ficou claro que a questão do envelhecimento populacional deve pesar muito na direção das empresas no desenvolvimento dos produtos com inteligência artificial. Como isso está ocorrendo?
Rômulo Nascimento – O Japão lidera hoje uma quinta revolução que é a Sociedade 5. 0 em que o foco são os seres humanos e não mais a tecnologia em si, até porque ela já existe. Hoje a preocupação quando se refere especialmente aos idosos é tentar fazer com que a pessoa sobreviva o maior tempo possível na terra e com boas condições. Então a expectativa é que nos próximos anos aumente bastante o número de pessoas com mais de 100 a 110 anos com boa qualidade de vida. Isso já é uma realidade lá. A preocupação da nossa empresa é trazer essas tecnologias para o Brasil, proporcionando melhores soluções de saúde que ajude os idosos.
Jornal da 3a Idade– Quais são os principais produtos já desenvolvidos nesse sentido que estão em uso no mercado?
Rômulo Nascimento–Hoje nós temos as roupas sensorizadas que permite monitorar diversos fatores. Podemos usar inteligência artificial para conversar com a pessoa idosa, como companhia evitando assim a depressão, são os robôs que tem a capacidade de acalmar e trocar informações, temos a parte de sensoriamento onde podemos monitorar uma casa inteira e avisar um médico, um enfermeiro a falar com a pessoa.
Jornal da 3a Idade– Alguns desses produtos são conhecidos e usados no Brasil por pessoas individualmente, como pulseiras de identificação e outros acessórios, mas e o que ainda não temos e que já está em uso lá fora?
Rômulo Nascimento –Por exemplo, nos Estados Unidos já está sendo usado um medicamento que o paciente ao ingerir passa a ser monitorado por um aplicativo controlado pelo médico ou por um cuidador de idoso que vai apontar se ele tomou na hora certa e da maneira correta. Dessa maneira todo tratamento vai sendo monitorado, se o idoso recebe uma prescrição para 10 dias e pular de tomar os remédios, vai ter alteração e com esse monitoramento o médico avisa ao cuidador ou ao idoso diretamente como recuperar.
Jornal da 3a Idade – No Brasil já existe esse tipo de acompanhamento em algum lugar?
Rômulo Nascimento –Não, infelizmente aqui ainda continuamos com atrasos. O que a Digisystem procura fazer é estar um passo à frente e buscar lá fora soluções que podem ser desenvolvidas aqui. Temos contato com desenvolvedores na China e nos Estados Unidos que trazem tecnologia para dentro e a gente procura avançar dentro do país.
Jornal da 3a Idade– É correto imaginar que as empresas no Brasil ligadas ao cuidado com idosos, mesmo as maiores, não estão atentas a essas novidades?
Rômulo Nascimento–No Brasil as empresas da área de Saúde, hospitais e mesmo as maiores que oferecem acompanhamento para idosos (Home Care) tem dificuldade em assimilar tecnologias. Por isso é importante apresentar como isso está se desenvolvendo lá fora para abrir a mente dos profissionais.
Jornal da 3a Idade– Quem deveria ser responsável por essa divulgação? A universidade?
Rômulo Nascimento –Os profissionais da Saúde. Os veículos que são acessados lá fora não estão presentes no Brasil. A pessoa idosa aqui ainda não utiliza muito os smartphones e isso também dificulta a busca, mas com o tempo isso também vai mudar.
Jornal da 3a Idade– Como funciona o Digifall que vocês fizeram o lançamento na Hospitalar?
Rômulo Nascimento–Nós temos uma película de proteção que fica sobre a cama onde o idoso está deitado. É um sensor indicado para aquele paciente que está com risco de queda e que não pode se deslocar sem acompanhamento.Com esse material a pessoa estará sendo monitorada o tempo todo e se sair a central de enfermagem é avisada imediatamente. Muitas vezes não será possível evitar a queda, mas certamente o tempo de socorro será imediato evitando sequelas, principalmente para quem bate a cabeça.
Jornal da 3a Idade– Algum hospital no Brasil já colocou em uso essa tecnologia ?
Rômulo Nascimento–Em uso ainda não. Nos últimos meses passamos pelas apresentações em vários hospitais do país e fizemos prova de conceito e temos vários interessados. Fomos bastante visitados aqui na Hospitalar. Nossa ideia não é trabalhar só para hospitais. Esse é um produto que poder ser usado por vários segmentos.