

Na manhã de ontem, uma singela festa, com usuários, seus familiares, profissionais e convidados, comemorou o primeiro ano de trabalho do primeiro centro dia para idosos público municipal, inaugurado pela Prefeitura de São Paulo, no ano passado.
O Centro Dia Unibes, no Bom Retiro, na Região Centro da Capital, criado em parceria com a ONG União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social atende de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas, 30 pessoas com mais de 60 anos, que são pegas nas suas casas por uma van, passam o dia fazendo atividades e recebendo todas as alimentações e retornam para seus lares no começo da noite.
O resgate dos laços familiares é a mais importante proposta desse trabalho, repetem os profissionais que lá trabalham. Os depoimentos que se escutava na confraternização demonstra que o objetivo está sendo conseguido. Eram vários familiares contando como a relação com os seus idosos ganharam nova qualidade de vida, como pais e tias voltaram a ter autoestima. Alguns parentes ainda tímidos participavam pela primeira vez, em muitos anos, de uma atividade com seu idosos.

Para conhecer mais sobre esse serviço municipal, o Jornal da 3ª Idade fez uma entrevista (ler), no final do evento, a gerente do Centro Dia do Idoso Unibes, a fisioterapeuta Rachel Vainzoff Katz que contou sobre o nascimento do projeto e os avanços conquistados nos últimos meses.
Com os familiares foi possível registrar depoimentos emocionados e gratos pela qualidade no atendimento recebido.
Minha mãe está no estágio 3 do Alzheimer e passou a ficar deprimida e não saia mais da frente da televisão. A rotina dela estava cada vez mais difícil dentro de casa. Era da cama para a frente da Tv, não se motivava para nada. Somos em duas filhas, mas a minha irmã mora na Itália, então era só comigo. Com o tempo fica difícil, desgastante. Ela está aqui desde janeiro e já é outra pessoa. Acorda lembrando da hora da chegada da van, voltou a se alimentar direito. Quando chega em casa nem liga mais para a Tv. Quem contou foi Marizilda Faia, 61 anos, filha de Luiza Maria Pardal Faia, 85 anos, que mora na Rua Avanhandava, na Sé.

Minha mãe é uma guerreira, descendente de lituanos, nasceu em Ribeirão Preto, mas mora há muitos anos na região da Rua José Paulino. Não se importava muito mais com certos cuidados e agora pede para comprar roupa nova porque vai ter festa dos amigos. Quando a van chega para pegar ela já tomou banho sozinha e fica contando os minutos para sair. Quando volta sempre tem um presentinho feito por ela. É uma grande diferença no comportamento. Para nós também é um outro momento, porque a relação com o idoso dentro de casa, que não participa e não quer se cuidar e muito difícil. Falou Solange A. Cardoso filha de Maria Peampe de 83 anos, que está frequentando o centro dia desde janeiro.
Crispiniano Rosa Lima tem 80 anos é um dos dois únicos homens frequentadores. Estava sem nenhum familiar. Sou desquitado e moro sozinho, tenho dois filhos. O menino mora longe e a filha mora em cima de mim mas fica o dia inteiro fora de casa e a gente quase não se encontra. Minha vizinha começou a frequentar e eu procurei vir. Ele diz que ganhou outra vida no Centro Dia, porque além da convivência diária com outras pessoas, ele recebe exercícios para a fraqueza das pernas. Sentir que tenho força nas minhas pernas faz muita diferença para mim.

Minha tia morava sozinha. Ela é solteira sem filhos. Então ela veio morar comigo, mas estava muito difícil. Na casa tem a minha filha e duas crianças. Eu cuido delas para minha filha trabalhar e ainda tinha que dar conta da tia que não colaborava muito. Em dezembro ela se quebrou sozinha em pé, sem fazer nada. Foi como se os ossos desabassem, precisou internar. Desde que ela passou a frequentar o centro dia as coisas melhoraram muito. Ela agora tem assunto, conversa. E o trabalho da equipe transforma a vida da gente. A Tatiane, terapeuta ocupacional ia visitar ela em casa, deu assistência total. Nossa, melhorou muito para mim. Falou Sueli Rodrigues Vieira, sobrinha de Maria Vieira Rodrigues.
José Ferraz de 76 anos, o segundo frequentador masculino, mora sozinho numa pensão perto da Praça da República. Na confraternização do Centro Dia estava acompanhado pela filha que tímida estava lá pela primeira vez e da sobrinha. Alegre diz que conhece tudo sobre o Corinthians e a noite paulistana que frequentou a vida toda.
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