
A Associação Brasileira de Gerontologia (ABG), que ontem completou 12 anos de criada, abre hoje a sua IV Semana de Gerontologia, com uma live para todas as pessoas interessadas, através da sua página no Facebook, às 19h30m.
Até a próxima sexta-feira a entidade pretende debater com profissionais nacionais e internacionais os diferentes aspectos da profissão do gerontólogo. Duas lives estão programadas para público, em geral.
Para saber mais dos trabalhos desempenhados pela ABG, o Jornal da 3ª Idade conversou com a Prof.ª Eva Bettine, que há 15 dias foi reconduzida para a presidência, no período 2021-2023, com outros novos membros, na diretoria. Ela é Gerontóloga e Mestra em Filosofia pela USP- Universidade de São Paulo e especialista em reabilitação e estimulação cognitiva. Ela é co-autora do livro “Estimulação Cognitiva em Idosos: ênfase em memória”.
Hermínia Brandão/Jornal da 3ª Idade – Com qual finalidade a ABG foi criada há 12 anos?
Prof.ª Eva Bettine, presidente ABG – Em 2009 tínhamos os primeiros gerontólogos se graduando e não existia ainda nenhum projeto voltado para esses novos profissionais. Assim, a ABG foi concebida para ser uma entidade profissional. Após o segundo ano foi feita uma abertura, para outras profissões, que hoje representam um terço dos nossos 745 associados.
Hermínia Brandão/Jornal da 3ª Idade – As pessoas de outras profissões precisam ter um curso na área de Gerontologia?

Prof.ª Eva Bettine, presidente ABG-Associação Brasileira de Gerontologia – Não exatamente. O que exigimos é que seja uma pessoa com formação universitária e atuação comprovada na área do envelhecimento. Temos terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e outras.
Hermínia Brandão/Jornal da 3ª Idade – Qual é a primeira universidade a formar gerontólogos no Brasil?
Prof.ª Eva Bettine, presidente ABG – É a USP, com a turma que começou em 2005 e se formou em 2009. Na sequência veio a Universidade Federal de São Carlos, no Interior de SP.
Hermínia Brandão/Jornal da 3ª Idade – Qual a diferença entre Especialistas em Gerontologia e Gerontólogo? Existe o gerontologista, termo que vem sendo usado por algumas pessoas?
Prof.ª Eva Bettine, presidente ABG – O Especialista em Gerontologia é o profissional com formação de nível superior, em diversas áreas do conhecimento que é titulado pela SBGG- Sociedade Brasileira de Gerontologia, para lidar com questões do envelhecimento, com um olhar interdisciplinar a partir da sua área. O Gerontólogo é o profissional que se graduou em Gerontologia.
Hermínia Brandão/Jornal da 3ª Idade – O Gerontólogo já é uma profissão reconhecida?
Prof.ª Eva Bettine, presidente ABG – Ainda não. Existe um PL- Projeto de Lei, do Senador Paulo Paim (PT-RS), que já foi aprovado no Senado e aguarda votação na Câmara Federal. Atualmente está tramitando, esperando aprovação da CIDOSO – Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados. No entanto, a ABG conseguiu junto ao Ministério do Trabalho uma classificação na CBO – Classificação Brasileira de Ocupações, que determinou que os gerontólogos fossem incluídos como “gestores de sáude”.
Hermínia Brandão/Jornal da 3ª Idade – Qual é o campo de atuação no mercado profissional de quem se forma como gerontólogo?
Prof.ª Eva Bettine, presidente ABG – Trabalhando em ILPI- Instituição de Longa Permanência, Centros-Dia, Núcleo de Convivência. Nas prefeituras atuando em políticas públicas para idosos e também em empresas de planos de saúde ou que tenham uma atuação voltada para o segmento das pessoas idosas.
Hermínia Brandão/Jornal da 3ª Idade – Qual é a empresa que mais emprega gerontólogos no Brasil?
Prof.ª Eva Bettine, presidente ABG – No Brasil, em geral não sei exatamente qual é, mas em São Paulo a até o começo da pandemia era a Prevent Sênior, que nos últimos meses realizou demissões. Outras empresas, como a Dr. Consulta mantém um quadro significativo desses profissionais. De maneira geral as empresas que operam com planos de saúde descobriram a importância do gerontólogo, como aquele profissional que vai ter um papel importante na prevenção de saúde do seu associado. Com oficinas e orientações cognitivas, o trabalho do gerontólogo ajuda a adiar o momento de uma intervenção do médico.
Hermínia Brandão/Jornal da 3ª Idade – A pandemia da COVID 19 mostrou para a sociedade brasileira que existem muitos velhos no Brasil. Quando começou a vacinação das pessoas com 90+, as reportagens da chamada grande imprensa se mostraram surpresas com a quantidade dos muito idosos e centenários. Olhando estritamente para o mercado profissional dos gerontólogos, essas constatações podem ajudar a abrir mais oportunidades de colocações, já que os idosos foram durante meses a principal preocupação das famílias de todo o país?
Prof.ª Eva Bettine, presidente ABG – O Brasil é um país que está envelhecendo rapidamente. Nós que trabalhamos na área sabemos e atuamos por isso, mas a sociedade ainda vê o Brasil como um país de jovens. Então apesar do momento de uma enorme crise sanitária, e de tristeza para todos, é um momento também das pessoas perceberem que temos muitos idosos na sociedade. Muitos com autonomia e independência, mas muitos também com déficit cognitivos e precisando de intervenção. Por isso, precisamos de profissionais qualificados para atuar junto a essa população, em busca de um envelhecimento ativo e saudável.
Hermínia Brandão/Jornal da 3ª Idade – A realização da IV Semana de Gerontologia da ABG vai se realizar nesse momento devido aos aniversário da entidade?
Prof.ª Eva Bettine, presidente ABG – Também, mas a semana também procura contemplar o dia 24 de março é o Dia do Gerontólogo, também fruto de um trabalho da ABG. Conseguimos com o ex-vereador Gilberto Natalini que ele fizesse a lei que acabou aprovada na Câmara Municipal de São Paulo (Lei 15.642/2012). Depois várias outras cidades começaram a criar suas efemérides no mesmo dia e existe um projeto de lei para o dia nacional, embutido no projeto de regulamentação da profissão de gerontólogo.
Hermínia Brandão/Jornal da 3ª Idade – Todas as lives serão abertas ou só para associados?
Prof.ª Eva Bettine, presidente ABG – Hoje temos a live de abertura da IV Semana de Gerontologia, pela nossa página no Facebook, para todas as pessoas interessadas. Temos outras só para os associados e na quarta-feira, uma muito especial. Além de ser o Dia do Gerontólogo, teremos a participação de Filipa Souza Luz, a presidente da Associação Nacional de Gerontologia Portugal, com mediação do Prof.º Henrique Salmazo.
Hermínia Brandão/Jornal da 3ª Idade – A ABG além da ANG Portugal está mantendo outros intercâmbios internacionais?
Prof.ª Eva Bettine, presidente ABG – A ANG Portugal também adotou o 24 de março como Dia do Gerontólogo, a partir da nossa iniciativa. Portugal e o México , que estão em fase de elaboração da sua regulamentação, consultaram nosso projeto de lei e também adotaram o mesmo dia. Está sendo criada a Associação Latino-americana de Gerontólogos, com cinco países, e nas reuniões que a ABG participou, no ano passado, observamos que eles também estão mantendo a data de 24 de março.
Hermínia Brandão/Jornal da 3ª Idade – É certo que a pandemia adiou vários projetos do mercado, mas já existiam empresas no Brasil, interessadas em comercializar os robôs acompanhantes de idosos. A ABG já tem uma posição a respeito disso?
Prof.ª Eva Bettine, presidente ABG – No Brasil ainda é uma novidade, certamente adiada com a pandemia. A ABG ainda não tem uma posição oficial.Reconhecemos que é um debate que teremos que aprofundar em breve.