2ª Conferência Municipal de Saúde das Mulheres de São Paulo foi em 29 e 30/4

Paulo Freire, o grande educador, que hoje é lembrado mais uma vez pelos 20 anos de ausência (ele faleceu em 2 de maio de 1997) dizia que é preciso empoderar as pessoas para elas serem agentes da própria mudança, para que possam sair do lugar de opressão.

Certamente foi esse sentimento que norteou o trabalho de preparação da 2ª Conferência Municipal de Saúde das Mulheres da Cidade de São Paulo, realizada no último final de semana- 29 e 30 de abril- no auditório Elis Regina, no Palácio de Convenções do Anhembi.

A 2ª Conferência Municipal de Saúde das Mulheres da Cidade de São Paulo foi importante, embora não tenha conseguido reunir as 800 pessoas previstas. Recebeu 422 delegados e cerca de 50 convidados. Realizou pré-conferências regionais e colocou em debate, em todas as regiões da cidade, a necessidade de reforçar a saúde integral e pública como um direito e a equidade como uma ferramenta para combater as desigualdades, especialmente as de gênero.

Sendo uma das etapas preparatórias da 2ª Conferência Nacional, que vai se realizar em agosto em Brasília, que por sua vez é marcada 31 anos depois da primeira, não tinha como fugir do debate da retirada de direitos que está se configurando com a aprovação das novas emendas constitucionais.

A palestra principal da abertura foi feita pelo economista Carlos Eduardo Gabas, ex-ministro da Previdência Social nos governos do Presidente Lula da Silva e Presidente Dilma Rousseff. Escolha criticada por uma parte da plateia (por que ele não resolveu enquanto estava lá? disseram) ele repetiu várias vezes que a Reforma da Previdência Social como está para ser votada, vai retirar direitos das mulheres, principalmente as do campo.

Mais de 70% do nosso alimento vem das pequenas propriedades, da agricultura familiar, que não tem uma renda mensal fixa, que recebe o dinheiro das vendas da safra. Exigir que a contribuição da previdência seja individual, como propõe a Reforma da Previdência, vai prejudicar as mulheres e reduzir nossos alimentos. Se esse projeto for aprovado acabará a aposentadoria de milhões de pessoas entre elas muitas mulheres, disse Gabas.

Quem trabalha com movimentos sociais sabe o quanto é árdua a tarefa de montar uma conferência, conciliar a disputa dos vários segmentos e fazê-la realmente acontecer. No entanto, somente aplaudir a sua instalação, por temor da “patrulha ideológica” não traz contribuição verdadeira.

Tinha boa vontade de sobra, mas faltou organização e principalmente atualização das novas formas de comunicação, que teria tornado os trabalhos mais fáceis e transparentes. Foi feita num formato muito antigo, desprezou as novas tecnologias, não previu assessoria de imprensa e num momento em que as pessoas trabalham com interatividade, colocou o público à disposição de um material projetado que não podia receber contribuições locais.

E não adianta- como já foi feito no local -justificar que seria mais caro, pois não explica. O Portal da Secretaria Municipal da Saúde não disponibilizou o conteúdo dos Eixos antes, nem toda a programação. Então porque não foi criado um site, pelo WordPress que é grátis- contendo toda a programação?  Por que as pessoas que participaram das pré-conferencias não receberam e-mails com todas as propostas? Por que não foi perguntado no ato da inscrição de delegados se havia a possibilidade de levar o seu laptop para a conferência? A sala do Eixo III ficou parada por mais de 15 minutos, pois só tinha um computador do evento e ele precisava ser interrompido.

É claro que nem todas as pessoas dominam o trabalho em rede, mas se 40% dos presentes pudessem ter trabalhado em rede, antes e depois, a conferencia teria sido mais rica. E dezenas de pessoas manifestaram essa possibilidade nas salas, sem contar que quase todos os presentes tinham seus smartfones. Fazer um aplicativo especial da conferência poderia ter sido encomendada nos Labs dos Ceus e promover uma integração de gerações, além de mais um espaço de discussão de direitos.

Trabalho dos Eixos

 Mulheres Idosas

 A 2ª Conferência Nacional da Saúde das Mulheres será em agosto em Brasília

Se a 2ª Conferência Municipal de Saúde das Mulheres da Cidade de São Paulo for encarada como um instrumento de debate, de apontar a necessidade de novos projetos e de denunciar promessas não cumpridas, ela cumpriu seu papel.

As fotos da 2ª Conferência Municipal de Saúde das Mulheres da Cidade de São Paulo estarão disponibilizadas amanhã ( 3/5/2017)