Denise Motta Dau, Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres, da cidade de São Paulo.Secretaria Denise Motta Dau, da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres de São Paulo.
Na sua participação na abertura da Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de São Paulo, no Palácio das Convenções do Anhembi, no dia 2 de julho passado, a Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres de São Paulo, Denise Motta Dau apresentou alguns dos números que motivam o debate das políticas públicas específicas para as mulheres.
Segundo dados do IBGE, das 30 mil pessoas com 100 anos ou mais que existem no Brasil dois terços são mulheres. São mais de 6 milhões de pessoas idosas vivendo totalmente sozinhas, sendo delas 40% de mulheres. As mulheres têm maior probabilidade de depois de enviuvar passar necessidades financeiras pois a maioria trabalhou muito a vida inteira sem trabalho remunerado. Como vivem mais que os homens, as mulheres são as que precisam de maior atenção de saúde na velhice pois são elas que vão ficar mais tempo com debilidades antes de morrer. Os índices de violência contra idosos são sempre maiores para as mulheres. Nos Centros de Referência Contra a Violência da Mulher cada vez mais são atendidas mulheres idosas. Embora a maioria das mulheres hoje idosas não tenham trabalhado fora de casa na velhice são elas que mais participam de atividades voluntárias e de movimentos sociais.
Até o dia 29 de agosto ela estará comandando 15 pré-conferências regionais e mais 7 pré-conferências temáticas, todas preparatórias da 5ª Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres, marcada para o período de 18 a 20 de setembro de 2015.
A pré-conferência da mulher idosa ainda sem data certa, deve ocorrer na primeira semana de setembro.
Na entrevista que concedeu ao Jornal da 3ª Idade, durante a Pré-Conferência Regional Ipiranga- Sé, no sábado dia 15 de agosto, ela falou da importância das mulheres idosas participarem desse debate.
Jornal da 3ª Idade– Qual a sua avaliação da participação das mulheres idosas na pré-conferências regionais? Como esses debates vem se desenvolvendo?
Secretária Denise Motta Dau- Nós temos dito que o poder vem do território, daí a importância das mulheres estarem nos conselhos participativos, nas pré-conferências regionais e também nas pré-conferências temáticas. É claro que no debate regional aparecem as demandas específicas, mas se pudermos nos concentrar num debate mais focado vamos ganhar mais. Quais são as necessidades de políticas públicas para a mulher idosa no que se refere as peculiaridades de gênero? O que vier desses debates vai nos ajudar a defender melhor as necessidades específicas.
Jornal da 3ª Idade-É possível fazer um trabalho conjunto com as demais coordenadorias na defesa da mulher idosa de São Paulo?
Secretária Denise Motta Dau– Na Conferência Municipal do Idoso já foi discutida a questão de gênero, o que mostra que ela não está sendo debatida somente pela Secretaria de Política para as Mulheres. A Coordenadoria do Idoso está sistematizando as propostas que foram tiradas e lá saíram propostas par mulheres idosas. Nossa ideia é somar esforços para a construção do Plano Municipal de Políticas para as Mulheres, contemplando as questões das mulheres idosas.
Jornal da 3ª Idade– Como podemos classificar a cidade de São Paulo no que se refere aos direitos das mulheres? São Paulo já teve duas prefeitas, mas somente agora está criando o seu Conselho da Mulher.
Secretária Denise Motta Dau- Embora São Paulo não tenha ainda criado o seu Conselho da Mulher, a cidade tem uma história bastante avançada na defesa dos direitos das mulheres. O primeiro serviço da cidade de São Paulo para as mulheres foi inaugurado pela Prefeita Luiza Erundina, em 1990, que foi a casa Eliane de Grammont. A Prefeita Marta Suplicy abriu espaço para as mulheres no orçamento participativo e desenvolveu o trabalho de planejamento e financiamento para a criação dos centros de cidadania das mulheres. Então até chegarmos ao estágio atual com uma secretaria e os fóruns regionais a cidade muito debate foi feito e muita política pública estudada. Hoje a maioria dos municípios estão realizando a sua quarta conferência. A nacional também será a quarta e a cidade de São Paulo vai realizar a quinta conferencia. Então embora a gente não tenha conselho tem uma história de movimento social forte no segmento.
Jornal da 3ª Idade – Qual a sua formação e como se deu a sua história no movimento de mulheres?
Secretária Denise Motta Dau– Eu sou formada em Serviço Social. Minha militância prioritária foi no movimento sindical. Eu sou fundadora do SindiSaude, que o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde. Desde a criação da CUT- Central Única dos Trabalhadores que venho defendendo a participação das mulheres nos níveis de direção. Trabalhei muito para levantarmos o perfil das trabalhadoras e assim podermos trabalhar as questões de gênero dentro das negociações trabalhistas. Fui presidente da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Seguridade Social da CUT, que são sindicatos de saúde, previdência e assistência social. Fui também secretaria nacional de Organização e Relações da CUT. Minha atuação no Governo Federal se deu em 2011, quando convidada pelo então Ministro Padilha, fui diretora da Gestão do Trabalho em Saúde. Nessa área da mulher fui convidada pelo Prefeito Haddad e estou trabalhando para que tudo saia certo.