GCMI chama idosos de São Paulo para a Conferência Municipal da Pessoa Idosa de 6 a 8 de maio, na próxima semana

A professora Marly Feitosa, presidente do GCMI- Grande Conselho Municipal do Idoso convida os idosos para a V Confer~encia Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, de 6 a 8 de maio, no Anhembi. Foto: jornal3idade.com.br
A professora Marly Feitosa, presidente do GCMI- Grande Conselho Municipal do Idoso convida os idosos para a V Confer~encia Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, de 6 a 8 de maio, no Anhembi. Foto: jornal3idade.com.br

A partir da próxima segunda-feira, dia 6 de maio, durante três dias, a cidade de São Paulo vai realizar a V Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, promovida pelo GCMI- Grande Conselho Municipal do Idoso com apoio da Coordenação de Políticas para Pessoa Idosa, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, no Palácio das Convenções do Anhembi.

A participação é aberta para todas as pessoas idosas da cidade, mas a organização está trabalhando com a previsão de presença de mil pessoas, sendo que 830 delas de idosos e trabalhadores do setor, da sociedade civil escolhidas em encontros regionais, nos territórios das 32 subprefeituras, 120 vagas do governo e 50 para convidados.

O tema da conferência municipal será o mesmo da 5ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, prevista para ser realizada em Brasília, em novembro de 2019: Os Desafios de Envelhecer no Século XXI e o Papel das Políticas Públicas, que já foi debatido em mais de 300 conferências em todos os Estados, desde o final do ano passado.

Por orientação do CNDI- Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, sediado em Brasília, quatro Eixos devem nortear as discussões, que serão feitas em grupos divididos pelos temas deles. Cada participante ao chegar no local da Conferência vai optar pelo Eixo que prefere participar.

Os temas dos Eixos são: I – Direitos Fundamentais na construção/efetivação das Políticas Públicas, Subeixos: Saúde; Assistência Social; Previdência; Moradia; Transporte; Cultura, Esporte e Lazer; II – Educação: assegurando direitos e emancipação humana; III – Enfrentamento da violação dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa e IV – Os Conselhos de Direitos: seu papel na efetivação do controle social na geração e implementação das políticas públicas.

A cidade de São Paulo, segundo o Sistema de Projeções Populacionais da Fundação Seade, responsável pelas estatísticas do Estado de São Paulo, irá chegar em 1º de julho de 2020 com mais de 1 milhão e 850 mil pessoas idosas, numa proporção de cerca de 16% da população total de quase 12 milhões de pessoas. Entre os 5.570 municípios do Brasil somente 8 deles – incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília- tem uma população geral maior que o número de idosos da cidade de São Paulo. Estima-se ainda qua a cidade receba mensalmente o dobro de idosos, vindos de outros municípios do Interior e também de outros Estado, em busca dos melhores hospitais e  serviços especializados.

Para saber como a V Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de São Paulo vai aprofundar as necessidades dos idosos, na maior cidade do país, o Jornal da 3a Idade entrevistou a presidente do Grande Conselho Municipal do Idoso, a professora Marly Feitosa, moradora do bairro do Butantã.

Jornal da 3ª Idade – Quais as expectativas da senhora em relação a essa Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa?

Presidente do GCMI, Profª Marly Feitosa– Estou com uma grande esperança que os idosos entendam a importância da sua participação nesse momento delicado que estamos passando. Os conselhos de direitos estão vivendo um momento muito ruim, com grandes perdas nas políticas públicas. Então essa é uma oportunidade para os idosos da Capital garantirem o que já tem direito por lei e colocarem para o poder público o que precisam para que as condições melhorem. Somente a participação dos idosos poderá dar essa importância a Conferência.

Jornal da 3ª Idade – A Conferência será aberta para todas as pessoas idosas interessadas em participar?

Presidente do GCMI, Profª Marly Feitosa – Sim, pessoas idosas podem participar, desde que tenham 60 anos ou mais e morem na cidade de São Paulo e levem documento com foto. Profissionais que trabalham diretamente com idosos, mesmo mais jovens também podem, desde que comprovem essa função.

Jornal da 3ª Idade – Foram feitos encontros preparatórios para a Conferência Municipal?

Presidente do GCMI, Profª Marly Feitosa– Tomando como guia as cinco regiões, representadas na executiva do GCMI- Norte, Sul, Leste e Oeste- nós tivemos encontros preparatórios, que as pessoas trataram como pré-conferências. Somente nas duas regiões com grande extensão territorial – a Leste a Sul- é que tivemos mais de três encontros em cada uma.

Jornal da 3ª Idade –  Cada território tem as suas demandas próprias, mas quais são aquelas comuns em todas as regiões da Capital? O que os encontros apontaram como reivindicações mais críticas da maioria dos idosos de São Paulo?

Presidente do GCMI, Profª Marly Feitosa– O sucateamento da Saúde é sem dúvida a queixa comum para todos os idosos de todas as regiões. Os idosos não estão sendo tratados como merecem. A pessoa idosa quando passa pela Unidade Básica de Saúde, a UBS, precisa sair de lá com o exame solicitado já marcado. Isso não está acontecendo, o serviço manda a pessoa idosa voltar depois de um mês e nem sempre depois desse período tem a resposta. Na assistência social o pedido é por espaços de convivência. Os NCI- Núcleos de Convivência do Idoso estão sendo fechados. Hoje temos 93 NCI para todos os bairros da cidade e os que fecharam não abrem mais, como aconteceu com dois na Vila Mariana. São nos NCI que os idosos têm a convivência com outros idosos, têm oportunidades de oficinas culturais, de atividades esportivas.

Jornal da 3ª Idade – A Prefeitura de São Paulo mais uma vez não conseguiu realizar o JOMI – Jogos Municipais dos Idosos. Na cidade de São Paulo existem dezenas de times de idosos, de várias modalidades, que mais uma vez são desprezados. Por que isso acontece?

Presidente do GCMI, Profª Marly Feitosa– Na Conferência está programado, no Eixo 1, uma parte de debate somente sobre Esportes e é nesse espaço que nós do Conselho esperamos que seja cobrado de forma contundente a falta desse compromisso. O JOMI deve estar na agenda da cidade, tem que entrar no calendário para poder ter verba e apoios necessários. São Paulo deve ficar fora do JORI 2019 – Jogos Regionais dos Idosos que começaram ontem em São Sebastião e Sorocaba exatamente por não termos feito o JOMI.

Jornal da 3ª Idade – O Plano de Metas da Prefeitura será discutido na Conferência da Pessoa Idosa? Existem reduções, cortes de verbas que atingem diretamente programas de idosos e podem comprometer o próprio programa do governo chamado São Paulo Amigo do Idoso.

Presidente do GCMI, Profª Marly Feitosa– Certamente esse assunto será discutido. Vários grupos, em diferentes Fóruns de Idosos, que promoveram os encontros prévios se debruçaram no Plano de Metas e fizeram estudos comparativos com o Plano de Metas do início dessa gestão e com esse novo que vai até 2020, porque o anterior também precisa ser cumprido. Foram feitas reduções que afetam diretamente os idosos. Estão diminuindo o atendimento para os idosos nos NCI. Eu falo muito dos Núcleos de Convivência porque é o que tem de melhor para os idosos na cidade de São Paulo. É onde os idosos se sentem bem e querem estar. As promessas sempre foram de aumentar e não diminuir. Hoje se fala dos CCInter- Centro de Convivência Intergeracional, mas ainda não se colocaram quantas vagas estarão disponíveis para os idosos, como vai realmente funcionar e se os idosos estão preparados para essa modalidade, nesse momento.

Jornal da 3ª Idade – Qual deve ser o maior propósito dos idosos participantes na Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa?

Presidente do GCMI, Profª Marly Feitosa – É importante que os idosos que se prepararam nos seus territórios tenham o entendimento de que: mesmo que as suas propostas não se tornem políticas públicas num primeiro momento, foi com a sua participação, levando-as para o espaço da Conferência, que elas começaram a se revelar. Não importa se o governo já tem como programa as URSI – Unidade de Referência da Saúde do Idoso, importa que elas não estão em todos os bairros e se essa é uma reivindicação local tem que aparecer na Conferência. Isso deve valer para todas as demais necessidades. Somente sabendo das demandas de cada pedaço da cidade é que podemos trabalhar para que elas se realizem, como os idosos realmente querem. Convido os idosos a estarem presentes.