

A Agência de notícias do Estado de Alagoas, publicou ontem, 9 de abril de 2016, uma reportagem, com texto de Marcel Vital e fotos de Carla Cleto, sobre a importância do convívio e da troca de experiências intergeracional.
Às vezes, o tempo afasta de uma pessoa idosa o seu bem mais precioso: a alegria. O preconceito da sociedade, a ausência familiar e as dificuldades com a saúde se tornam grandes obstáculos. Contudo, a ternura de uma criança, quando associada à experiência dos sábios, pode resgatar à autoestima, além de trazer benefícios para as duas gerações.

De acordo com a geriatra e técnica do Programa de Saúde do Idoso da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Helen Arruda, o convívio entre crianças e idosos requer uma percepção dos limites e possibilidades de cada um no seu tempo.
Nessa troca de saberes, a criança aborda a sua vivência, por meio do entusiasmo, da alegria, do afeto e da espontaneidade, e o idoso transcende o hoje e resgata as suas memórias pelo conhecimento, apoio e segurança.
“As relações intergeracionais devem levar em conta não só a cronologia, mas deve considerar os estilos de vida, o saber, os valores e a memória, com intuito de viabilizar uma relação entre as distintas gerações. É um estímulo cognitivo de o idoso saber que é útil, que pode ultrapassar o isolamento e valorizar sua autoestima, uma vez que muitos saíram do mercado de trabalho, estão aposentados”, explica a geriatra Helen Arruda.
A técnica lembra que quando essa relação limita a qualidade de vida do idoso, pelo fato de ele ter que cuidar da criança por obrigação, deixando de fazer coisas importantes, isso pode trazer prejuízos à sua saúde.
Assim, quando os filhos precisam deixar as crianças com seus pais, enquanto precisam trabalhar ou se divertir, o convívio entre as duas gerações pode ficar comprometido, uma vez que o idoso perde um pouco do prazer na revisão e aceitação da própria vida e na relação com seus netos e bisnetos.
“É um convívio que traz muitos benefícios, mas, que por outro lado, pode ficar prejudicado, pela necessidade do cuidado. O idoso se preocupa com a outra geração e não zela por ele mesmo”, frisa a geriatra.
Helen Arruda analisa o processo estigmatizante pelos quais passam os idosos, e como esse fenômeno se torna interessante para reflexão com as crianças. Para a geriatra, os atributos pejorativos causam muitos problemas a esses indivíduos, visto que a sociedade reduz as oportunidades, esforços e movimentos, impondo a perda da identidade social e determinando uma imagem deteriorada.
“Quando ensinamos às crianças os benefícios de se conviver com a velhice, elas, naturalmente, percebem o idoso como um ser humano que tem sentimentos, experiências e sabedorias. Dessa forma, o processo de conhecimento acaba sendo incorporado quando elas se tornam adultas”, explica a médica.