Reabilitação dos músculos do assoalho pélvico na terceira idade

Eliana do Nascimento: Fisioterapeuta especialista na Saúde da Mulher da clínica Athali Fisioterapia Pélvica Funcional, atuante na área de reabilitação dos músculos do assoalho pélvico e obstetrícia. Foto: athalifisioterapia.com
Eliana do Nascimento: Fisioterapeuta especialista na Saúde da Mulher da clínica Athali Fisioterapia Pélvica Funcional, atuante na área de reabilitação dos músculos do assoalho pélvico e obstetrícia. Foto: athalifisioterapia.com

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que se repete também aqui no Brasil. Segundo dados do IBGE, no ano de 2030 o Brasil terá a sexta população mundial em número absoluto de idosos. Logo, o sedentarismo, a incapacidade e a dependência são as maiores adversidades da saúde associadas ao envelhecimento.

O sistema neuromuscular humano alcança sua maturação plena entre 20 e 30 anos de idade. Em torno dos 60 anos é observada uma redução da força máxima muscular entre 30 e 40%, o que corresponde a uma perda de força de cerca de 6% por década dos 35 aos 50 anos de idade e, a partir daí, 10% por década.

À medida que o ser humano envelhece, os sistemas sensoriais responsáveis pelo controle postural são afetados pela própria diminuição da reserva funcional do idoso e/ou pelas doenças que acometem com frequência essa faixa etária, predispondo o indivíduo ao desequilíbrio corporal e a quedas.

Com o envelhecimento, o sistema nervoso central (SNC) apresenta alterações com redução no número de neurônios, redução na velocidade de condução nervosa, redução da intensidade dos reflexos, restrição das respostas motoras, do poder de reações e da capacidade de coordenações, esses fatores exercem ações deletéria.

Mais frequentemente nas mulheres ocorre a redução da massa óssea e diminuição da produção dos níveis de estrogênio. Os músculos do assoalho pélvico, devido a essas alterações sofrem mudanças. Os estudos apresentaram a importância do controle postural não só para a manutenção da postura ereta como sua associação com as demais habilidades motoras necessárias para atender as demandas da vida cotidiana. Todas as estruturas que estão contidas entre o peritônio pélvico e a pele da vulva formam o Assoalho pélvico (AP). Essa região é constituída por músculos, fáscias e ligamentos que garantem o suporte dos órgãos abdominais e pélvicos, desenvolvem um papel importante no correto funcionamento da uretra e reto agindo como esfíncteres (válvulas de fechamento) e circundam também a vagina, controlam a continência urinária e fecal e contrabalanceiam os efeitos da pressão intra-abdominal. Na mulher, o AP é perfurado por três estruturas tubulares: a uretra, a vagina e o ânus. Algumas situações acarretam o enfraquecimento dessa estrutura, levando a uma deficiência funcional.

Quando ocorre algum problema relacionado à função da bexiga ou do reto (através de vazamentos involuntários) os músculos do assoalho pélvico tornam-se o foco das atenções. Estes vazamentos são explicados por que em muitos casos estes músculos estão fracos, foram lesados, estão frouxos, em hiperatividade ou hipoatividade.  Com a idade pode ocorrer um ineficiente fechamento uretral decorrente de distúrbios do tecido conjuntivo necessário para a conexão das estruturas adjacentes. O envelhecimento leva a instabilidade postural, ao desgaste do tecido conjuntivo local, bem como diminuição do tônus uretral, podendo ocasionar queixas de incontinência urinária ou fecal, prolapsos e dificuldade para evacuar.

O envelhecimento é um processo contínuo durante o qual ocorre declínio progressivo de todos os processos fisiológicos. Mantendo-se um estilo de vida ativo e saudável, podem-se retardar as alterações morfofuncionais que ocorrem com a idade por meio de atividades físicas que envolvam a melhora do equilíbrio, da postura, ativação dos músculos abdominais e do assoalho pélvico (períneo).

Realizar exercícios específicos para o assoalho pélvico é fundamental para minimizar os efeitos deletérios do envelhecimento, não só sobre os MAP mas sobre todo o aparelho urogenital. Um MAP forte dará melhor sustentação à bexiga, útero e ânus, diminuindo a incidência das incontinências, infecções urinárias e prolapsos, promovendo ainda melhor lubrificação para a mucosa vaginal, pois melhora a vascularização local e ainda facilita as condições necessárias para o orgasmo ser mantido e melhorado. Estes exercícios devem ser orientados em dose certa, por um profissional fisioterapeuta, que tenha conhecimento das alterações fisiológicas e biomecânicas dos idosos.