Profº Antônio Jordão Netto, na PUCSP. Foto: jornal3idade.com.brProfº Antônio Jordão Netto, na PUCSP
Na semana que vem, logo após o carnaval, vão recomeçar as aulas nas UATI- Universidades Abertas Para a Terceira Idade, de todo o país.
A Universidade Aberta à Maturidade da PUC- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a mais reconhecida entre as particulares, vai fazer a sua aula inaugural no dia 6 de março, com a palestra do médico Alexandre Kalache.
As UATI apareceram no Brasil inspiradas no projeto do Profº Pierre Vellas, que criou em 1975, na Universidade de Toulouse, na França, a primeira Universidade Aberta à Terceira Idade do mundo.
Quando começaram a fazer sucesso na Europa, o SESC de São Paulo mandou uma delegação de gerontólogos para conhecer o projeto. Assim, no final da década de 70, o SESC criou, na Administração Regional de São Paulo sete Escolas Abertas da Terceira Idade, onde o conteúdo comum abrangia informações sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento, preparação para a aposentadoria e atualização cultural.
Em mais de 40 anos de atividades as UATI foram se remodelando, acompanhando a própria modificação da forma de envelhecer das pessoas.
Para saber mais sobre essa atividade importante de reciclar antigas informações e ganhar novos conhecimentos, o Jornal da 3ª Idade conversou com o Profº Antônio Jordão Netto, coordenador há 25 anos do curso Universidade Aberta à Maturidade da PUC de São Paulo, há 20 anos do curso da Universidade da UNISANT’ANNA e há 3 anos na UNIP de Alphaville.
Jornal da 3ª Idade – O que mudou nas propostas das Universidades Abertas nas últimas décadas?
Profº Antônio Jordão Netto – As propostas pedagógicas, de um modo geral, continuam as mesmas, isto é, proporcionar, por meio da utilização das diferentes matérias nas áreas das ciências sociais e biológicas, uma reciclagem e atualização de conhecimentos e saberes que possibilitem aos alunos e alunas não só um aumento do seu patrimônio intelectual. Resgatamos os acontecimentos históricos e culturais do passado do país e do mundo, situando-os dentro das sociedades contemporâneas, fazendo com que evitem os saudosismos conservadores e assumam a postura de que o seu tempo é aqui e agora. Juntamente com esse enfoque são passadas- por meio de especialistas na área da saúde- orientações básicas para os cuidados com o corpo, descartando a noção ultrapassada que costumava colocar a velhice como sinônimo de doença. Por fim, mas não por último, são incentivadas atividades socioeducativas, que têm como objetivo despertar interesse deles por assuntos como literatura, teatro, cinema, música clássica e música popular brasileira, artes de uma maneira geral , não só por meio de aulas e palestras, como por meio de visitas monitoradas a espaços culturais ; além disso, tais atividades também buscam incentivar a interação entre os frequentadores, criando novas redes de amizades, ao mesmo tempo que estimulam o exercício de sua cidadania.
Jornal da 3ª Idade– O perfil dos alunos idosos continua o mesmo?
Profº Antônio Jordão Netto– O perfil do alunado continua inabalável, ou seja, a esmagadora maioria dos frequentadores é ainda do sexo feminino. Os homens são raros e pouco persistentes na continuação do curso, quer dizer, depois de um ou dois semestres costumam abandoná-lo. Entretanto a faixa de idade está se tornando mais jovem, nota-se um aumento significativo de pessoas entre 45 e 50 anos. A formação educacional, segue o perfil de pessoas basicamente 1º e 2º grau e uma pequena porcentagem de formação superior. Quanto ao estado civil, mais ou menos 50% são casados; aproximadamente 35% são viúvos e os demais solteiros ou separados. Relativamente à situação ocupacional, boa parte é formada por pessoas aposentadas ou, em especial no caso das mulheres, por aquelas que se qualificavam como “ do lar “. Todavia, com o crescimento da procura dos cursos por pessoas de faixas etárias mais baixas, tem havido um interesse crescente por assuntos mais próximos da atualidade, demandando enfoques e atividades cada vez presentes na sociedade globalizada, como participação em redes sociais, WhatsApp, uso de smartphones, Skype, ativismo político, entre outros.
Jornal da 3ª Idade – Qual a maior contribuição das UNATI que o senhor coordena para os idosos?
Profº Antônio Jordão Netto– Penso que além do resgate social e cultural que falamos antes, os cursos que venho coordenando (Universidade Aberta à Maturidade da PUCSP, há 25 anos; Universidade Sênior da UNISANT’ANNA, há 20 anos e Educação Continuada para a Maturidade, em parceria com a UNIP, unidade de pós-graduação do campus Alphaville, há três anos) tem proporcionado um aumento concreto do auto estima e da autoimagem dos frequentadores. Tem contribuído efetivamente para incentivar a sociabilidade de todos, possibilitando sua inclusão social numa sociedade que vai assumindo cada vez mais o contorno demográfico de um pais com perfil de população idosa, conseguindo, num ritmo veloz, mais condições concretas de participação não só nos diversos escalões da sociedade, mas até mesmo no mercado de trabalho.
Jornal da 3ª Idade – O senhor sabe quantas UATI existem em São Paulo? E no Brasil?
Profº Antônio Jordão Netto– Além das que coordeno, acima citadas, são do meu conhecimento que na cidade de São Paulo existem os cursos da Universidade Salesiana, Faculdades Integradas Campos Salles, Universidade do Tempo Útil do Mackenzie Universidade São Judas Tadeu, Universidade Aberta à Terceira Idade da UNIFESP. E Universidade Aberta da USP. No Estado, penso que ainda funcionam os cursos da PUCCAMP, de Campinas, Universidade Metodista de Piracicaba, Universidade Metodista de Diadema, curso da Fundação Educacional de São Carlos, Universidade Braz Cubas, de Mogi das Cruzes, Universidade Metodista de São Bernardo, Universidade Católica de Santos, Universidade Sagrado Coração de Bauru. Não tenho conhecimento de outras. No Brasil atualmente sei que existem cursos no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Ceará, Maranhão e Mato Grosso, mas não sei informar os nomes que assumem nesses Estados
Jornal da 3ª Idade – O senhor sabe quantos alunos passaram pelos seus cursos?
Profº Antônio Jordão Netto– Não tenho um número preciso, mas somando todos os cursos que coordenei e os anos da existência dos mesmos, penso que pela PUCSP passaram cerca de 10 mil alunos e pela UNISANT’ANNA aproximadamente 2 mil alunos.
Universidade Sênior Sant’Anna
Rua Voluntários da Pátria, 411, Tel.2175-8157 e 2175-8151
Universidade Aberta à Maturidade-PUCSP
Rua Ministro Godoi, 969, tel.3124-960
Educação Continuada para Maturidade, campus Alphaville da UNIIP, tel. 3991-8192