O olhar dos paraenses sobre um futuro incerto, por Walquíria Cristina Batista Alves

Enquanto olho pela janela do meu quarto, fico pensando como posso convencer minha família, amigos e alunos de que tudo vai ficar tudo bem?

Eu moro em Belém no Estado do Pará, região amazônica, onde até ontem era a cidade mais calorosa que eu me recordava, uma das cidades mais gostosas de viver do mundo. A cidade do Tacacá, do Carimbó, do brega sensual.

Quando o assunto é gastronomia, o Pará desponta entre as estrelas nacionais com uma culinária de ingredientes da cultura indígena, temperada com influências portuguesa e africana. Essa mistura regionalíssima fez com que a capital do estado, Belém, se destacasse neste quesito como o destino brasileiro mais bem avaliado pelos turistas estrangeiros que visitaram o Brasil em 2016, segundo pesquisa do Ministério do Turismo.

Agora- como as demais capitais brasileiras- é a capital de Covid-19, a capital que possui mais de 150 infectados, isso porque só estão realizando testes com casos graves e 6 mortes, até hoje (10/4). A vítima foi uma senhora de 87 anos, de Santarém, que se encontrava acamada em domicílio há um ano e teve contato com pessoas vindas de fora do Pará.

O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde) falou na sua entrevista sobre a importância do isolamento social como principal medida de combate à pandemia da Covid-19. Tedros Adhanom Ghebreyesus deixou claro que a precaução “é a única opção que temos para derrotar esse vírus”…. portanto a cidade agora é uma cidade triste, antes tinha a alegria contagiante das pessoas transitando na rua, agora as pessoas estão em suas casas ou quando estão na rua , estão usando máscaras nos mais diversos formatos , brancas ou coloridas.

O importante é se preservar e preservar os outros, mantendo a distância de um metro um do outro, cumprindo o distanciamento, não permitindo um gesto amigável como apertar as mãos, com uma melancolia diante de um futuro incerto. Devemos acreditar que estamos passando por uma fase – fases vão e vem- que em breve estaremos novamente todos juntos bem, mais fortes e mais humanos.

O distanciamento afetivo é que não pode acontecer.

Walquíria Cristina Bayista Alves é Mestre de ensino em Saúde; Especialista em Gerontologia pela SBGG-; ex-presidente do Conselho Estadual do Idoso do Pará-2009-2011 / 2016-2018);Membro da diretoria da SBGG- Seção Pará; Membro da diretoria da ABRAz- regional Pará; ex- CNDPI- Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa conselheira do CEDPI/PA.

Walquíria Cristina Batista Alves foi convidada pelo Jornal da 3ª Idade para escrever na série ” Minha Janela para a Rua”, inspirado na coleção “ Minha Janela para o Mundo”, organizada pelo jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, que  lá está publicando vários escritores e filósofos de todo o mundo escrevendo sobre o que veem das suas janelas durante o período de isolamento motivado pela pandemia da Covid-19Aqui estamos convidando pessoas que se destacaram, nas últimas décadas, na defesa dos direitos dos idosos no Brasil.

Série Minha Janela Para o Mundo no Frankfurter Allgemeine Zeitung

Normandia- Não tenho medo, porque tudo isso me parece muito irreal, por Leila Slimani

Dublin- Homen no Porão, por  John Banville 

Na bicicleta para lugar nenhum, por Richard Ford, East Boothbay, Maine

Milão – Uma era está chegando ao fim aqui, por Antonio Scurati, Milão

Estocolmo – Minha mesa é um tapete voador, por Aris Fioreto

Suiça – Vou manter este post até o final, por Thomas Hurlimann