Jornalista Hélio Fernandes, em foto divulgada pela família nas redes sociais. A chamada do documentário Confinado é uma imagem, de um fotógrafo do Jornal do Brasil em 1969, que registrou quando Hélio Fernandes é abraçado por quatro de seus cinco filhos, ainda crianças, no aeroporto Santos Dumont, RJ, ao retornar da sua segunda prisão ordenada pelo governo militar.
O jornalista Hélio Fernandes, que tinha completado 100 anos no dia 11 de janeiro, faleceu hoje, no Rio de Janeiro, de causas naturais, conforme comunicado oficial da família.
Foi editor do jornal Tribuna da Imprensa– de 1962 até 2008- que ficava na Rua do Lavradio, 98, na Lapa, cuja redação formou gerações de outros jornalistas que depois se projetaram nacionalmente. Era conhecido pelo estilo combativo que fez história também na revista O Cruzeiro e no jornal Diário Carioca.
A Tribuna da Imprensa foi o jornal que mais sofreu intervenção durante a ditadura militar, com mais de vinte apreensões e com censores instalados de 1968 a junho de 1978, dentro de seu prédio, segundo registrou o jornalista Elio Gaspari no seu livro A Ditadura Escancarada.
Em 26 de março de 1981, uma bomba explodiu na sede do jornal. Um ato creditado a defensores radicais da ditadura militar, com o objetivo de culpar os militantes de esquerda. Isso não foi suficiente para calar um dos jornalistas como mais acesso aos bastidores do poder em todas as esferas, amigo de personalidades diferentes como Carlos Lacerda e Sobral Pinto.
Hélio Fernandes era irmão mais velho do desenhista, humorista e escritor Millôr Fernandes. Também pai dos jornalistas Rodolfo Fernandes, ex-diretor de Redação do jornal O Globo, e Hélio Fernandes Filho, ambos mortos em 2011. Ele deixa outros três filhos: Isabella, Ana Carolina, e Bruno e os netos Felipe, Leticia e Hélio.
Embora tenha morrido de causas naturais, devido a COVID-19 a cerimônia de cremação, amanhã 11/3, será restrita aos familiares.