Maria de Nazaré dos Santos Machado, delegada do Pará, na 4a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa. Foto: Jornal da 3a IdadeMaria de Nazaré dos Santos Machado, delegada do Pará, na 4a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa. Foto: Jornal da 3a Idade
Maria de Nazaré dos Santos Machado professora de Serviço Social da Universidade Federal do Pará é uma importante liderança nos movimentos dos idosos do seu Estado. Ela participa há muitos anos de estudos sobre o Envelhecimento na Amazônia, participa da Federação de Aposentados e Pensionistas do Estado do Pará e foi uma das pessoas que trabalharam muito na construção das três conferências nacionais de idosos anteriores.
Na data em que se comemora o Dia dos Assistentes Sociais, o Jornal da 3ª Idade publica a entrevista que fez com ela, em Brasília, no último dia de realização da 4ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, também como uma homenagem para tantos profissionais, dedicados e competentes como ela.
Jornal da 3ª Idade– Como a senhora- que é uma liderança importante do movimento dos idosos no Pará- avalia o momento de trabalho com idosos no seu Estado?
Maria de Nazaré dos Santos Machado -Na verdade nós temos um movimento de trabalho com idosos, no Estado do Pará, que vem trabalhando desde antes a construção do Estatuto do Idoso. Nossa preocupação sempre foi mobilizar as pessoas para que chegássemos num estágio mais avançado, considerando além da lei. Nós hoje já temos, a Política Nacional do Idoso, o Estatuto do Idoso, que tem como meta a garantia dos direitos, a inclusão do idoso, a superação de preconceitos. Temos agora que garantir a participação dos idosos em todos os espaços, mais do que nunca, isso é um exercício de democracia.
Jornal da 3ª Idade– A senhora que participou ativamente da construção das três conferencias nacionais anteriores, acredita que a 4ª Conferencia conseguiu expressar o emponderamento que o idoso reivindica e que foi o tema de todo o encontro nacional?
Maria de Nazaré dos Santos Machado– A realização de uma conferência é sempre importante para garantir participação do idoso no espaço políticos, mesmo que ela seja realizada com falhas. Chegamos a uma quarta conferência e isso é sempre importante, porque carrega as experiências das anteriores. Sentimos nos debates dos grupos dos Eixos que as pautas foram importantes, mas elas estavam mais como uma proposta de implementar a política, do que pensar em colocar coisas novas.
Jornal da 3ª Idade– Mas não é possível relacionar nenhum avanço na conferência?
Maria de Nazaré dos Santos Machado– A atualização da idade para a concessão do BPC- Benefício de Prestação Continuada- que a gente vinha pedindo há muitos anos, ficou uma correção importante. Se o Estatuto do Idoso, a ONU e várias outras instâncias consideram ser idoso a partir de 60 anos, não tinha razão que o BPC continuasse como 65 anos. A participação de um número expressivo de pessoas ligadas a área jurídica eu considero um avanço, pois não conseguíamos antigamente unir esses segmentos e hoje a gente vê cada vez mais, juristas, promotores e procuradores envolvidos com a questão do idoso.
Jornal da 3ª Idade– A senhora defendeu a construção da RENADI- a Rede Nacional dos Direitos do Idoso, nas conferências anteriores. Não deveríamos já tê-la construído?
Maria de Nazaré dos Santos Machado– Vários Estados construíram as suas redes, ainda que de maneira ainda longe do ideal. Nós só vamos conseguir criar verdadeiramente a RENADI nacional quando conseguirmos antes ligar os vários segmentos da sociedade na questão do envelhecimento. E a 4ª Conferência, no meu entender, avançou nisso, ainda que tenha tido vários problemas. Eu acho fundamental que os Estados construam as suas redes, só assim chegaremos na nacional.