Ana Cristina Passarella Brêtas lança o livro “Velhices e outras Coisas” seu 1º ficção

Ana Cristina Passarella Brêtas nasceu em 1961, na cidade de São José do Rio Preto (SP). Vive em São Paulo desde 1983. É enfermeira, socióloga, professora associado aposentada da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Enfermagem, onde atuou na interface das áreas da Saúde Coletiva, da Gerontologia e da Sociologia da Saúde por 28 anos. A partir de 2015, dedica-se ao seu processo de formação como escritora frequentando especialização, cursos livres e oficinas, e participando de concursos literários. Foi finalista, com a crônica “Não nasci comendo alface”, do Prêmio Sesc de Crônicas Rubem Braga – Edição 2015 e, com o conto “As sombras da cidade”, do concurso literário Mulheres Contistas, promovido pela Editora Zouk e Casa da Mãe Joanna, em 2017.
Ana Cristina Passarella Brêtas que lança seu primeiro livro de ficção. Foto: jornal3idade.com.br

Ela que ensinou a importância dos idosos estarem sempre se recriando, não importando a idade, tomou para si a lição e depois de aposentada passou a trilhar o caminho da literatura. No próximo sábado 15 de dezembro Ana Cristina Passarella Brêtas vai lançar o livro Velhices e outras Coisas, que já na sua apresentação esclarece não ser uma obra sobre velhice, “versa sobre gentes que envelhecem na cidade, muitas vezes sem perceber que isso lhes acontece”.

Para o Jornal da 3ª Idade ela explicou como vem trabalhando essa nova fase de escritora e a importância das pessoas se reinventarem.

Jornal da 3a Idade  Velhices a gente sabe e o que são essas outras Coisas que a senhora cita no título?

Ana Cristina Passarella Brêtas A ideia do livro é exatamente tirar o foco da velhice e colocá-lo nos personagens velhos e velhas. As outras coisas são as que acontecem com a gente no dia a dia, no metrô, andando na rua.

Jornal da 3a Idade  Quando nasceu a proposta de escrever o livro?

Ana Cristina Passarella Brêtas  Em 2015 eu comecei a me preparar para escrever. Eu me aposentei da carreira acadêmica de quase trinta anos e decidi que era hora de começar essa aventura de fazer literatura. Esse é o meu primeiro livro de ficção.  Livros com o teor acadêmico eu tenho outros, mas esse é o que nasce com a nova proposta.

Jornal da 3a Idade Foram quantos anos de vida acadêmica?

Ana Cristina Passarella Brêtas   Eu trabalhei 28 anos na  Lá eu ajudei a construir a área da Gerontologia e me dediquei a ensino, a pesquisa e a extensão na área. Eu não sou especialista em Gerontologia eu sou uma sanitarista que trabalha com velhos e com a área da Gerontologia. E o meu olhar foi sempre dentro desse sentido nas políticas públicas, na Saúde Pública.

Jornal da 3a Idade–  Falta na literatura brasileira um olhar sobre os velhos?

Ana Cristina Passarella Brêtas  Na literatura em geral sim, mas alguns escritores têm trabalhos. O  Valter Hugo Mãe, com a Maquina de Fazer Espanhóis, A Trégua do Mário Benedetti e a Maria Valéria Rezende são alguns que trazem a temática do envelhecimento. Então a minha ideia foi mostrar com são os velhos e as velhas que envelhecem numa cidade como São Paulo.

Jornal da 3a Idade–  Quem são os personagens idosos que estão no seu livro?

Ana Cristina Passarella Brêtas  Eu tenho um personagem que é idoso em situação de rua. Tem outro que é um idoso assediador. Personagens que vão lembrar que as pessoas envelhecem com tudo aquilo que acumularam. Não é porque a pessoa envelheceu que virou “ a boazinha”. O meu tempo presente só existe em função da minha memória. Tem um personagem que brinca com esse “velhismo” de tratar os idosos no diminutivo. Tem os idosos pacientes e impacientes dentro das UBS. Eu não desconectei a Ana enfermeira, a Ana socióloga, da Ana escritora. Como idosa eu também sou o ajuntamento de mim mesma.

Jornal da 3a Idade  É claro que a pessoa que escreve quer seu livro lido por muita gente, mas existe algum público específico que lhe interesse tocar mais particularmente?

Ana Cristina Passarella Brêtas  Eu acredito que não tem problemas de geração. Ele é um trabalho intergeracional que serve para todas as idades. Não escrevi pensando no público idoso. É para quem gosta de literatura. Pensei em vários estudantes que passaram por mim e que me ensinaram a necessidade de registrar histórias que não podem se perder. A academia me deu o rigor da comprovação e a literatura me permite ficcionar.

Jornal da 3a Idade– Como é essa vivência de tornar público algo que estava somente na sua imaginação depois de tantos anos “formatada” nos textos acadêmicos?

Ana Cristina Passarella Brêtas  É muito diferente dos outros livros em que você me perguntava e eu tinha na ponta da língua as referências teóricas e conceituais. Foi um privilégio trabalhar por décadas com idosos porque assim eu tenho a oportunidade de escolher a velha que quero ser. A questão da velhice sempre foi uma meta de vida.

Jornal da 3a Idade–  Por quê se ainda nem chegou a idade marco da velhice? Os cabelos brancos é que enganam a primeira vista.

Ana Cristina Passarella BrêtasEu tenho 57 anos. A velhice sempre esteve presente na minha família. Eu sou de Rio Preto mas, em Piracicaba tinha uma casa da família que era para onde as pessoas iam quando enviuvavam. Nessa casa as crianças conviviam com alegria. Então o envelhecer sempre esteve presente.

Local do lançamento

Espaço Scortecci

Rua Dep. Lacerda Franco, 96, Pinheiros, São Paulo/SP

Horário: 18h00 às 20h30

Metrô Faria Lima – saída Teodoro Sampaio

aquisição do livro direto com a escritora = acpbretas@gmail.com