
Marcelo Cândido, que na atual eleição para o governo de São Paulo disputa pelo PDT- Partido Democrático Trabalhista, é a nossa terceira entrevista na série com todos os candidatos.
Ele é formado em Geografia e desde cedo optou pela carreira política, tendo sido eleito em 2005, prefeito da cidade de Suzano quando tinha 34 anos. Foi reeleito em 2008 e ficou até o final do mandato em 2012. Ele está com 48 anos, está casado e pai de uma filha de 12 anos.
Na sua gestão ele não criou o Fundo Municipal do Idoso e admitiu que trabalhou mais com ações voltadas para as crianças e os adolescentes. Afirma que hoje tem vivência e um olhar diferenciado para a situação da terceira idade, em todo o Estado.
Crítico do programa São Paulo Amigo do Idoso, Marcelo Cândido diz que ele não tem a transversalidade e a importância política que são necessárias para fazer valer todos os artigos do Estatuto do Idoso.
O programa São Paulo Amigo do Idoso reúne uma série de obras espalhadas e coloca debaixo de um único nome. O Estado faz muita propaganda nessa área, mas não tem na verdade uma ação conjunta com todas as áreas. São Paulo tem uma enorme dificuldade de trabalhar conselhos e conferências. Nos últimos anos foi o Estado mais deficitário na produção das várias conferências. Essa postura é danosa para todo o Estado. Quero criar a Coordenadoria Estadual do Idoso, ligada diretamente ao Gabinete do Governador, com a função de fazer um verdadeiro trabalho intersecretarial para todos os municípios.
Para ele, a discussão sobre a Previdência, no próximo Congresso Nacional, vai realmente ampliar a discussão sobre as questões do envelhecimento juntos aos poderes públicos, porque existe a tendência de se ampliar ao máximo as idades dos benefícios, para evitar a dependência do Estado.
Uma dependência que a gente sabe que não existe, porque as pessoas já contribuíram antes. Teremos que fazer um trabalho de fiscalização para evitar retrocessos. São Paulo pode fazer no próximo ano uma grande conferência estadual. Somos o Estado com maior número de recursos em todas as áreas e podemos levar uma grande contribuição para a Conferência Nacional, disse o candidato.
Marcelo Cândido comentou todas as perguntas do questionário, que foi encaminhado igualmente para todos os demais candidatos, sobre alguns dos assuntos mais necessários para os idosos de São Paulo.
A entrevista é longa, mas vale a pena acompanhar.
Pergunta 1- Instituições de Longa Permanência
A pergunta foi feita pelo administrador de empresas, Gerson Ribeiro Magalhães, que atua há mais de 20 anos em ILPI- Instituição de Longa Permanência, foi vice-presidente do Conselho de Assistência Social de Guarulhos e conselheiro do Conselho Estatual do Idoso de São Paulo.
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Como a sua candidatura pretende olhar para as ILPI? O que se pode esperar para aqueles idosos que realmente não terão recursos, nem família para apoiá-los até o final?
Candidato Marcelo Cândido– Quem é idoso hoje tem urgência e as famílias que já estão precisando querem respostas, mas na verdade um governador do Estado de São Paulo tem que ter medidas de longo prazo. Só assim as de curto prazo não serão eficientes. Eu disputei minha última eleição há 10 anos e naquela época fiz propostas, que se tivessem sido implementadas, hoje seriam realidade. Passa muito rápido. Temos que pensar como o Estado vai trabalhar o volume de idosos nos próximos 20 anos, para poder começar agora a trabalhar as várias formas de ações. Tem jornalista que acha que isso é empurrar o problema para o futuro. Não é, pelo contrário, é saber desde já o tamanho da necessidade. Muitos idosos já estão sofrendo hoje a falta de planejamento do Estado nessa área.
Pergunta 2 – Transporte
A pergunta foi feita pela psicóloga Zina Costa, do Instituto Acolher, que também é coordenadora do Fórum Popular da Pessoa Idosa de Guarulhos
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Como a sua candidatura pretende abordar a questão dos transportes para idosos. Em toda a sua abrangência ela apresenta desafios que não estão sendo abordados pelos governantes. Como ficará a gratuidade nas passagens urbanas, interurbanas e interestaduais, que está na Política Nacional do Idoso, está no Estatuto do Idoso, mas em São Paulo não é obedecida pela maioria das cidades? E o transporte de pessoas idosas com necessidades especiais?
Candidato Marcelo Cândido- O transporte para os idosos, ativos ou portadores de necessidades especiais tem que ser subsidiado pelo Estado na composição da tarifa. Quanto maior o volume de gratuidade, quanto maior as isenções de tarifa, mais isso impacta nos orçamentos, tanto do Estado como do município. A minha proposta é que o Estado assuma o subsídio dessa isenção, pois as empresas podem querer trazer para as demais faixas esse encargo. Isso ninguém aceita. Não dá para tirar de uma faixa etária para transferir para outra. Quem ainda não chegou na terceira idade vai estar pagando para ela. Os municípios por legislação têm independência na composição da tarifa. O Governador não pode interferir nisso, somente nos modais do Estado e neles vamos manter as isenções para 60 anos e buscar a melhoria das formas de utilização.
Pergunta 3 – Esportes
As perguntas são feitas pelo professor Roberto Monteiro Fonseca, Perito Criminal aposentado, morador em Rio Claro e coordenador da LIVATI- Liga Independente de Voleibol Adaptado à Terceira Idade.
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O JORI – Jogos Regionais dos Idosos é realizado pelo Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (idealizador) e pela SELJ- Secretaria de Esportes Lazer e Juventude (executora). A SELJ tem por objetivo a difusão do esporte. Existe em vosso plano de governo algum tópico voltado para a realização de mais competições voltadas para o idoso e realizadas pela SELJ?
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A modalidade que mais agrega idosos no JORI é o voleibol adaptado e em todos os anos há modificações nas regras, o que atrapalha, e muito, o planejamento e trabalho sério. Há alguma recomendação para o próximo secretário esportes quanto à organização do JORI?
Candidato Marcelo Cândido– Os municípios reclamam muito da pouca verba de incentivo que recebem para promover torneios esportivos. Na maioria das cidades falta acomodações e equipamentos adequados e isso faz com que, quase sempre, as mesmas cidades fiquem como sede das competições. E aquelas com vocação de turismo, por terem as acomodações já definidas levam vantagem.
Eu gosto da ideia do JORI, mas acho que ainda é muito pouco para São Paulo. Acredito que um torneio estadual, uma olimpíada desse porte deve concentrar o resultado dos trabalhos feitos durante todo o ano. E nem sempre é o que se percebe nesse trabalho. O ideal é que os municípios sejam estimulados a manter essa prática permanente. E aí volto a ideia da atuação da Coordenadoria do Idoso ligada diretamente ao governador. Esporte é saúde. Uma edição do JORI pode fazer muita coisa por uma cidade, mas precisa de organização integrada com várias secretarias. Onde fica o legado do evento?
Como governador pretendo ter um olhar especial para os esportes na terceira idade.
Pergunta 4 –Demografia
A pergunta é feita pela socióloga aposentada, Celina Rangel, que trabalhou na Prefeitura de São Paulo, foi uma das idealizadoras do primeiro Núcleo de Saúde do Idoso da Região Sé, e atualmente faz parte da RPDI- Rede de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa do Centro.
- Qual a proposta que a sua candidatura oferece para trabalhar as necessidades que do crescente aumento da população idosa imporá ao Estado nos próximos anos?