Envelhecimento da população no Japão agrava a crise de mão de obra

Foto reproduzida da matéria do Caderno Ásia, do economist.com
Foto reproduzida  da matéria do Caderno Ásia, do economist.com
Foto reproduzida da matéria do Caderno Ásia, do economist.com

Assim como muitas empresas na prefeitura de Aichi, o centro de produção industrial do Japão, Nishijimax, um fabricante de peças para a indústria automobilística, tem tido dificuldade para encontrar mão de obra. Sua solução, em um país com um mercado de trabalho escasso, repetiu um modelo cada vez mais comum no Japão: a contratação de pessoas aposentadas. Mais de 30 dos 140 empregados da empresa têm acima de 60 anos; o mais velho tem 82 anos. A aposentadoria precoce de pessoas qualificadas é um erro, disse o gerente, Hiroshi Nishijima. “Elas deveriam trabalhar, se é isso que querem.”

Desde o auge da oferta de mais de 67 milhões de trabalhadores no final da década de 1990, a mão de obra no Japão diminuiu em cerca de 2 milhões. Segundo o governo, esse número pode chegar a 42 milhões em meados do século, em razão da redução e envelhecimento da população. Em 2015, o número de estrangeiros atingiu o recorde de 2,2 milhões, porém não foi suficiente para atender a demanda. Em vez de incentivar a imigração, o Japão está usando sua força de trabalho ainda em atividade.

As grandes empresas no Japão em geral têm uma política de aposentadoria compulsória aos 60 anos, como uma forma de reduzir a folha de pagamentos em um sistema que recompensa os mais velhos. Mas outras empresas são menos rigorosas. Cerca de 12,6 milhões de japoneses com 60 anos ou mais optam por continuar a trabalhar, um número bem superior aos 8,7 milhões em 2000. De acordo com uma pesquisa do governo, dois terços dos japoneses com mais de 65 anos querem manter seus empregos. A idade de aposentadoria dos homens no Japão é em torno de 70 anos, segundo a OCDE. Na maioria dos países as pessoas param de trabalhar antes da idade que lhes dá direito a receber uma pensão do Estado. O Japão, onde as pessoas começam a receber a pensão aos 61 anos, com a perspectiva de aumentar para 65 em 2025, é uma rara exceção.

O envelhecimento da força de trabalho no Japão é claramente visível. Um número crescente de pessoas idosas trabalha como motoristas de táxi, vendedores nos supermercados e até mesmo como guardas de bancos.

É inevitável que as pessoas permaneçam no mercado de trabalho por mais tempo, disse Ken Ogata, o presidente da Koreisha, uma agência de empregos temporários que trabalha só com pessoas acima de 60 anos. Ogata observou que o país não tem muito interesse em importar mão de obra, portanto, precisa investir mais na contratação de aposentados e mulheres, e no uso de robôs.

Muitos que conseguem empregos por intermédio da Koreisha eram funcionários da Tokyo Gas, a maior fornecedora de gás natural para as casas no Japão. Eles fazem o mesmo tipo de trabalho controlando o medidor de gás e explicando aos moradores como usar os equipamentos. “Eles têm tanta experiência e conhecimento que precisam ser aproveitados”, disse Ogata.

É também uma mão de obra mais barata. Com frequência, as empresas contratam ex-funcionários aposentados em caráter temporário, com salários e benefícios inferiores aos antigos. Takashimaya, uma cadeia de lojas de departamentos, introduziu um sistema baseado no desempenho para funcionários com idade entre 60 a 65 anos, sem custo adicional para a empresa.

publicação original