Entrevista com Terezinha Abreu de Souza, ex-presidente do GCMI na gestão 2004-2005

Terezinha Abreu, ex-presidente do GCMI gestão 2004-2005, quando homenageada no dia do Idoso de 2017, na Câmara Municipal de São Paulo. foto: Jornal da 3ª Idade

Entrevista com o Terezinha Abreu de Souza para o Jornal da 3ª Idade, na série que comemora os 28 de criação do GCMI, Grande Conselho Municipal do Idoso, em 24 de setembro de 1992. As publicações com alguns dos seus ex-presidentes é uma maneira de homenageá-los e de contar um pouco da história do conselho.

A terceira entrevistada é a cearense Terezinha de Abreu Souza, (que todos tratam só como Terezinha Abreu) hoje com 81 anos, que foi presidente na gestão 2004-2005, a que entregou, para a sua sucessora, o maior colégio eleitoral já obtido pelo conselho.

Jornal da 3ª Idade – Como a senhora classifica a sua gestão e quais as qualidades dela, que deveriam ter sido herdada pelas demais? 

Terezinha Abreu, ex-presidente do GCMI na gestão 2004-2005 – Vivemos um período muito fértil para a questão das pessoas idosas na cidade de São Paulo. Tínhamos o Qualidade de Vida para o Envelhecimento Saudável, mensalmente na Câmara Municipal de São Paulo, que foi o primeiro Fórum Permanente de debates da cidade sobre a situação dos idosos. Foi o período de implantação do Estatuto do Idoso, quando muitas portas se abriram para falar da situação da população mais velhas em São Paulo. Ajudamos a criar o CRECI- Centro de Referência da Cidadania do Idoso, no Vale do Anhangabaú. Tivemos uma participação importante na implantação da vacinação da gripe, que a Prefeitura da época não queria. Ajudamos a organizar um encontro com a Prefeita Marta Suplicy que reuniu mais de 2 mil pessoas no Anhembi para entregar a Carta do Idoso, que continha as reivindicações dos Fóruns de Idosos dos distritos. Apoiamos a criação da primeira Comissão dos Direitos do Idoso da OAB SP. Ajudamos a criar a Frente Parlamentar da Terceira Idade da Assembleia Legislativa de SP.  Existem dezenas de atividades que foram realizadas pela nossa gestão, com ajuda de muitas pessoas, mas a maneira como agimos a frente do GCMI também teve um peso importante. Naquela época não tínhamos carro a disposição do conselho, mas nem por isso, nunca deixei de atender um convite de grupo de terceira idade, de evento, de reunião. Cansei de ficar horas em ônibus, atravessando a cidade. Moro em Pirituba e saia cedo para ir para o Grajaú, Sapopemba e outros lugares distantes. A presença da coordenação do conselho na periferia faz uma enorme diferença. 

Jornal da 3ª Idade – O que a senhora percebeu nessas andanças que persistem até hoje?

Terezinha Abreu, ex-presidente do GCMI na gestão 2004-2005 – Não dá para saber como os idosos estão vivendo só com os representantes de reuniões feitas no centro, dentro de órgãos públicos. O conselho precisa estar na periferia, precisa prestigiar o local. A presença da presidente do conselho no bairro fortalece a liderança local. Era difícil reunir idosos e ainda é complicado organizar um fórum local. Ninguém faz nada sozinho, eu tive muita ajuda, mas também abria espaço para todo mundo que quisesse ajudar. Quem fica com muito personalismo, se sentindo muito importante afasta as pessoas.

Jornal da 3ª Idade – A senhora passou a sua gestão com o maior colégio eleitoral que o conselho já teve. Na sua opinião o que faltou nos últimos anos para manter esse interesse dos idosos?

Terezinha Abreu, ex-presidente do GCMI na gestão 2004-2005 – A participação do conselho nos vários segmentos, nos vários lugares de toda a cidade. Na nossa gestão eu e vários conselheiros íamos representar o GCMI no Conselho Participativo, nos Conseg (Conselho Comunitário de Segurança), nas reuniões da Câmara, mesmo quando o assunto não era idoso diretamente. A gente acompanhava vários vereadores, mesmo os que não eram muito amigos, porque são eles que fazem as leis da cidade. Eu não vejo o Conselho tão presente, nos últimos anos. Se o Conselho não se fizer presente os idosos não serão lembrados. Hoje se você for na periferia, nas quebradas da Zona Leste, as pessoas pensam que não existe mais conselho. Eu era apenas uma cearense, não muito letrada com muita vontade de trabalhar pelos idosos e ainda assim corri por São Paulo inteiro.

Jornal da 3ª Idade – A senhora continua ativa no movimento dos idosos?

Terezinha Abreu, ex-presidente do GCMI na gestão 2004-2005 – Antes da pandemia estava participando pouco. Deixei de coordenar o Fórum de Pirituba, porque estava quase sozinha na coordenação. As pessoas da região até comparecem, mas a tarefa da organização acaba ficando na mão de uma ou duas pessoas, exatamente porque falta um trabalho de capacitação nos bairros. Estou com 81 anos e a minha própria família andou pedindo para eu controlar as minhas saídas. Até pouco tempo eu continuava nessa batida de subir e descer de ônibus, de ir atrás dos recursos. A cabeça e o coração estão bem, mas o corpo já não é o mesmo.

Jornal da 3ª Idade – A senhora é famosa por sua grande prole. quantos são?

Terezinha Abreu, ex-presidente do GCMI na gestão 2004-2005 – Eu pari sete e adotei três. Tenho 29 netos, 18 bisnetos e 1 tataraneto. Eu brinco e digo que sou “taradavó”. Eu estou bem, mas como todo mundo agoniada, sem atividades, esperando todo esse problema passar. Como tenho um quintal grande com várias pessoas da família morando nele, tenho a graça de não estar sozinha nessa quarentena.