Coordenadores do Voleibol Adaptado e Minobol em reunião virtual para organização do setor

O JORI- Jogos Regionais do Idoso que em 2020 passaria a ser disputado como JOMI- Jogos da Melhor Idade, o maior campeonato esportivo envolvendo atletas de mais de 60 anos de São Paulo, foi cancelado devido à pandemia da Covid-19, mas os professores e coordenadores de grupos do Voleibol Adaptado e do Minobol não estão parados.  Responsáveis pela prática esportiva que mais cresceu entre os idosos, nos últimos 20 anos, eles, além de procurarem motivar seus membros com mensagens e atividades pelos seus grupos de WhatsApp e páginas do Facebook, também estão preocupados em aproveitar o afastamento obrigatório para organizar o setor.

Um debate virtual realizado ontem, domingo 19 de julho, reuniu 30 pessoas, entre convidados e as principais ligas paulistas. Estavam presentes: LVSR – Liga de Voleibol de Sorocaba e Região; CBMI – Confederação Brasileira de Minobol; FPMI – Federação Paulista de Minobol; Copa Amigos do Esporte na Melhor Idade de Águas de São Pedro;  APV – Associação Pró Voleibol; LAVOP – Liga Voleibol Oeste Paulista  e LIVATI- Liga Independente de Voleibol Adaptado à Terceira Idade.

Roberto Fonseca, professor de Educação Física e técnico de Voleibol Adaptado. Foto: divulgação

A importância do encontro também pode ser medido pela presença da atual coordenadora do JOMI, Solange Guerra Bueno, que embora tenha declarado estar participando como “apoiadora pessoal” e não oficialmente como Secretaria Estadual de Esportes, defendeu várias vezes a disposição do Secretário Chuí em receber novas ideias.

A criação do voleibol para a terceira idade como modalidade é a principal motivação do debate. No entanto, ela também passa pelo entendimento da mudança do perfil da maioria dos idosos que hoje vão para as quadras.

 A maioria sente a necessidade da uniformidade das regras para as várias categorias. Alguns olham com preocupação a descaracterização social que as competições estão imprimindo.

Para entender o que preocupa esse universo, o Jornal da 3ª Idade conversou com o Professor Roberto Monteiro Fonseca, professor de Educação Física, que mora em Rio Claro e é coordenador da LIVATI- Liga Independente de Voleibol Adaptado à Terceira Idade, um dos que organizaram o encontro de ontem.

Jornal da 3ª Idade – Como está organizado o segmento do Voleibol Adaptado em São Paulo? 

Profº Roberto Monteiro Fonseca – O segmento hoje é dividido em dois grandes ramos: o da Secretaria Estadual de Esportes, que criou o JOMI (ex-JORI) que é a competição de maior visibilidade, que abarca todo mundo. Essa ainda é a mais importante. De outro lado tem as competições que envolvem uma série de Ligas, duas federações e duas confederações. 

Jornal da 3ª Idade – Qual a principal preocupação do setor hoje, quando se pensa nesses dois segmentos? 

Profº Roberto Monteiro Fonseca – As preocupações também são duas: uma que exige a padronização das regras para que todas as Ligas possam disputar jogando com a mesma orientação, outra a descaracterização do JOMI como competição de incentivo a inclusão.  A formação de equipes de altíssimo nível cria uma disparidade técnica que é desestimuladora. Isso não é saudável. A segunda preocupação é que a existência de quatro ou cinco regras criam empecilhos para o crescimento da modalidade.

Jornal da 3ª Idade – Existe a preocupação de vários coordenadores de que a mudança nas regras altere o caráter social. Isso é possível?

Profº Roberto Monteiro Fonseca – Existe uma diferenciação que as pessoas muitas vezes confundem quando se referem ao social. Social é lazer. Existem regras e regulamento. O Regulamento do JOMI é da competência da Secretaria, nós podemos fazer sugestões, mas não podemos mudar. O que estamos discutindo é a necessidade de algumas pequenas mudanças nas regra das Ligas. A partir do que foi criado pela Secretaria de Esportes, cada Liga começou a criar as suas regras. Então a CBVA tem a dela, a APV tem a sua, o Minobol criou outras. Isso é confuso e preocupante. Então o que queremos, é normatizar as regras para todas.

Jornal da 3ª Idade –  Qual é o entrave para que essa normatização fique igual para todas? A questão financeira está pesando?

Profº Roberto Monteiro Fonseca – Sem dúvida a questão financeira está pesando. Existem campeonatos que precisam apenas de verba para premiação e custo dos árbitros, que conta com organizadores voluntários. Alguns campeonatos estão dentro da filosofia do mercado e já começam a movimentar muitas verbas. Então uma das possibilidades que estamos debatendo é a de criar duas séries, que possam contemplar as diferentes competições.

Jornal da 3ª Idade –  Então voleibol para a terceira idade teria três séries: duas particulares e o JOMI? Qual a vantagem que seria introduzida pelas privadas?

Profº Roberto Monteiro Fonseca – Em 2014 eu era vice-presidente da CBEATI- Confederação Brasileira de Esportes Adaptados para a Terceira Idade e era responsável pelos jogos de quadra. Essa descaracterização já existia mas, atualmente, ela está tão gritante que uma equipe vai entrar em quadra já sabendo que vai perder de 15 X 4 ou 15 X 3. Isso causa um desânimo. Pela CBEATI , fizemos um campeonato no Litoral Sul, a Série Ouro e a Série Prata. Uma permitia equipes com pessoas de fora e a outra era o que chamamos de “pé na areia” que era as equipes menores. Ambas podem ter apoios financeiros. Quando as menores competem entre si, estão em igualdade. Pensamos que teríamos quatro times e de imediato tivemos oito. Foi competitivo, não foi só lazer, mas com igualdade. Entendo  que se tivermos uma Série B no Estado de SP certamente será maior e terá muito mais força.

Jornal da 3ª Idade – As confederações e federação do voleibol para terceira idade estão enquadradas dentro da Lei do Esporte? Não falta base de clubes para esse enquadramento?

Profº Roberto Monteiro Fonseca – Precisa de ajustes. Pela Lei do Esporte é preciso que para criar uma Confederação é preciso ter a modalidade reconhecida. O voleibol adaptado ainda é só prática esportiva. Uma  federação para ser criada precisa de três  EPD – empresa de prática esportiva. Isso implica num trabalho de base fundamental. No voleibol profissional as equipes representam clubes. Temos agremiações ligadas as prefeituras, porque nasceram nos JORI. Então tudo isso precisa ser trabalhado.