Conselho Estadual do Idoso de Santa Catarina atua na pandemia com parcerias locais

Entrevista com a Ivani Fátima Arno Coradi, presidente do CEI-SC, Conselho Estadual do Idoso de Santa Catarina, para a série Conselhos e Fóruns Estaduais na Covid-19

Santa Catarina é o Estado da Região Sul do Brasil que tem apresentado maior número de pessoas contagiadas, depois de ter flexibilizado as regras de isolamento social. Segundo o boletim oficial, até o final da tarde de 8 de julho, foram contabilizadas 432 óbitos, com 70% de idosos entre eles e mais de 36 mil pessoas contaminadas. 

Três regiões de Santa Catarina estão em situação gravíssima para o coronavírus, segundo o mapa de risco do governo. Além da região da Foz do Rio Itajaí, no Vale, que já estava nessa situação há três semanas, as regiões de Laguna, no Sul, e Xanxerê, no Oeste, tiveram agravamento da classificação.

Para saber como o CEI-SC, Conselho Estadual do Idoso de Santa Catarina, está continuando suas atividades durante o período da pandemia, o Jornal da 3ª Idade entrevistou a sua presidente, Ivani Fátima Arno Coradi, que nessa gestão é representante governamental pela Secretaria da Saúde. Ela trabalha no setor administrativo do CEPON- Centro de Pesquisas Oncológicas de Santa Catarina.

Jornal da 3ª Idade – O CEI SC está conseguindo fazer as suas reuniões, mesmo de forma virtual?

Ivani Fátima Arno Coradi presidente do CEI-SC, Conselho Estadual do Idoso de Santa Catarina– O Conselho de forma alguma parou. Assim que começou o isolamento nos tratamos de fazer uma nova organização para não deixar de atuar. Nossa assembleia é sempre na última terça-feira do mês, mas temos atividades o mês inteiro, com reuniões de comissões. Fizemos uma resolução para que as reuniões online fossem validadas e passamos a trabalhar. Assim estamos dando continuidade aos encontros e fazendo reuniões com os conselhos municipais. Na verdade, desde o começo da nossa gestão tínhamos uma ideia de manter contatos mais constantes com os CMI. A última vez que tínhamos conseguido fazer o contato pessoal foi na 5ª Conferência Estadual, no ano passado. Nosso projeto para 2020 era fazer capacitações presenciais. Com a pandemia isso acabou se resolvendo de outra maneira, porque agora as pessoas estão se empenhando nessa forma de contato, já que é a possível agora. Posso afirmar que essa experiência está sendo bastante produtiva aqui em Santa Catarina. De forma virtual conseguimos contato com todas as ILPI, com todos os conselhos municipais. Conseguimos uma boa parceria com a FECAM- Federação Catarinense de Municípios que também está atuando junto aos conselhos. 

Ivani Fátima Arno Coradi,CEI-SC, Conselho Estadual do Idoso de Santa Catarina,

Jornal da 3ª Idade – Quantos conselhos municipais existem em Santa Catarina?

Ivani Fátima Arno Coradi presidente do CEI-SC– Temos registrados, até abril de 2019, 294 conselhos municipais criados, entre os 295 municípios que formam o Estado. 

Jornal da 3ª Idade – O que o CEI-SC conseguiu fazer alguma coisa em relação à pandemia?

Ivani Fátima Arno Coradi presidente do CEI-SC–  Desde quando tivemos o primeiro óbito em SC, pela Covid-19, de um idoso dentro de uma ILPI, numa cidade da Região Metropolitana de Florianópolis, que ligamos o pisca-alerta que teríamos que ter um trabalho dirigido. Nossa preocupação não estava somente nas ILPI e idosos dentro delas, mas, também, as pessoas que estão com os cotidianos alterados.  Temos muitos municípios muito pequenos, que atendem idosos sem recursos. Nossa primeira ação concreta foi fazer contato com as pastorais da Pastoral da Pessoa Idosa, pois elas têm contato direto com os idosos nas suas localidades e a Feapesc- Associação dos Aposentados de Santa Catarina. Nossa campanha imediata foi uma atuação com as ILPI, pois com a contaminação e proibição de visitas dos familiares, a situação delas ficou mais difícil. 

Jornal da 3ª Idade – Quantas ILPI existem no Estado de Santa Catarina?

Ivani Fátima Arno Coradi presidente do CEI-SC –  Mapeadas e registradas junto aos conselhos temos hoje 241 ILPI, no Estado todo, com 6.056 residentes. Sabemos que existem muitas casas que estão irregulares. Fomos buscar junto ao Ministério Público e a Secretaria de Desenvolvimento Social informações. O MP montou uma planilha para que as quatro entidades (CEI-SC, MP, SDS e Vigilância Sanitária) pudessem alimentar esse instrumento e assim formamos um cenário da situação. Foi uma verdadeira força tarefa, com resultados bastante positivos. Temos um reforço especial, porque a nossa vice-presidente é a Dra. Ariane Angioletti, advogada que trabalhou com várias instituições e é uma das pessoas da coordenação da Frente Nacional de Fortalecimento das ILPI. Também através da Frente recebemos informações.

Jornal da 3ª Idade – O CEI-SC conseguiu enviar alguma cesta básica ou EPI (equipamento de Proteção Individual) para as ILPI?

Ivani Fátima Arno Coradi presidente do CEI-SC – O CEI não é executor, mas fiscalizador. Fizemos uma campanha de divulgar um site que foi criado, onde as ILPI entravam, se cadastraram, colocavam seus dados e suas necessidades. A função do CEI é fazer a ponte. Não recebemos verba nem repassamos direto.O objetivo era envolver a sociedade. 

Jornal da 3ª Idade – Como está o Fundo Estadual do Idoso de SC? Na reunião virtual que a senhora coordenou, com dezenas de conselhos municipais, que o Jornal da 3ª Idade acompanhou, foi dito que ele ainda não está regulamentado.

Ivani Fátima Arno Coradi presidente do CEI-SC –  A regulamentação do Fundo Estadual do Idoso saiu há um ano. Somente agora estamos trabalhando no Plano de Ação.

Jornal da 3ª Idade – A Secretaria Nacional da Pessoa Idosa mandou alguma ajuda para alguma ILPI de Santa Catarina?

Ivani Fátima Arno Coradi presidente do CEI-SC –  Sim, várias ILPI já receberam, mas a ajuda vai para o município, não passa pelo conselho.

Jornal da 3ª Idade –  O que a senhora classificaria como a maior dificuldade do momento?

Ivani Fátima Arno Coradi presidente do CEI-SC – No mês de junho falamos muito a respeito da violência, devido ao 15 de junho, Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa. Nesse momento estamos passando de uma pandemia não só de Saúde, mas de muitas outras coisas. A violência contra os idosos tende a aumentar. O que está acontecendo em muitas famílias é a violência financeira, devido às pessoas perderem o emprego e o benefício dos idosos virar complemento de renda. Também estão ocorrendo abusos com os empréstimos consignados. Outro dia mesmo recebemos a denúncia sobre um filho que está insistindo para que o pai venda a casa, para que ele possa usar o dinheiro. Temos que entender que do ponto de vista da pandemia as pessoas estão se mobilizando e conseguindo resolver de alguma maneira. Estamos conseguindo mapear e levantar informações. O que mais nos preocupa no momento é a possibilidade de intensificar essa violência doméstica contra as pessoas idosas, que estão dentro de casa, sem poder ter muito contato com outras pessoas e grupos. Sabemos que os idosos não denunciam seus filhos e parentes próximos, então um situação criada agora pode depois se tornar permanente. É muito importante que os conselhos municipais tenham um olhar sobre isso nas suas regiões. Temos que pensar no pós-pandemia, que não será fácil para ninguém.

Vídeo divulgado pela presidente do CEI-SC