Conselho Estadual da Pessoa Idosa do Espírito Santo destaca ações intersetoriais na pandemia

Entrevista com a pedagoga Augusta Isabel  Scárdua, presidente do CEDDIPI-ES, Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Espírito Santo para a série Conselhos e Fóruns Estaduais na Pandemia.

O estado do Espírito Santo começou a disparar, na última semana, os casos de contaminação da Covid-19, já registrando mais de 13 mil pessoas com a doença confirmada e cerca de 600 óbitos.

Para saber como o CEDDIPI – Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Espírito Santo está atuando durante a pandemia, o Jornal da 3ª Idade entrevistou a sua presidente, Augusta Isabel Scárdua, representante governamental da Secretaria da Educação.

Jornal da 3ª Idade –  O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Espírito Santo está atuante, nesse momento de pandemia? Qual está sendo o foco de trabalho?

Augusta Isabel  Scárdua, presidente do CEDDIPI – Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Espírito Santo – Mesmo antes desse caos que atingiu o mundo com a pandemia da Covid-19, o CEDDIPI já vinha fazendo um trabalho específico voltado para o acompanhamento das ILPI, criamos um grupo de acompanhamento que vem fazendo um bom trabalho. No ano passado fizemos uma roda de conversas com todas as ILPI, em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo que disponibilizou o espaço, com a cooperação do Ministério Público que coordenou a mesa, mais a participação dos conselhos municipais e CREAS.Essa ação também se realizou em face das deliberações da nossa 5ª Conferência da Pessoa Idosa. Com esse novo aprendizado que a pandemia está impondo, estamos tendo que trabalhar com um novo olhar nesse momento. Como o conselho não pode parar, estamos fazendo videoconferências.

Jornal da 3ª Idade – O Conselho está conseguindo trabalhar por videoconferência?

Augusta Isabel  Scárdua, presidente do CEDDIPI – Sim, inclusive no começo de abril baixamos uma resolução para legitimar todas as ações do CEDDIPI. Estamos mantendo as nossas assembleias que, pelo regimento interno, devem ocorrer toda quarta 3ª feira do mês. Estamos aplicando um formulário nas ILPI para poder fazer o acompanhamento de funcionamento, já que não podemos estar presente acompanhando presencialmente.

Jornal da 3ª Idade – Esse formulário de avaliação que estão aplicando é o criado pela Frente Nacional de Fortalecimento das ILPI?

Augusta Isabel  Scárdua, presidente do CEDDIPI – Não, criamos o formulário em março e já estávamos recebendo a devolutiva das ILPI quando tomamos conhecimento do trabalho da Frente, que é importante e veio para somar..É mais uma força para o nosso trabalho. O questionário que estamos aplicando é bem simples, busca saber se existe necessidade de materiais, se os profissionais estão com as EPI, se estão com plano de contingência e outras informações.

Jornal da 3ª Idade – Quantas ILPI existem no Espírito Santo?

Augusta Isabel  Scárdua, presidente do CEDDIPI – Temos 93 ILPI. São 43 filantrópicas e 50 particulares.

Jornal da 3ª Idade – Não existe ILPI do Estado?

Augusta Isabel  Scárdua, presidente do CEDDIPI – Não.Temos em São Mateus (o segundo município mais antigo e sétimo mais populoso do estado do Espírito Santo) uma ILPI que recebe apoio da Prefeitura local. O Ministério Público fiscalizou as 93 ILPI e tem um portal com todas listadas.

Jornal da 3ª Idade – Todas estão dentro das normas técnicas para serem consideradas ILPI? Todas poderão receber os recursos federais que estão sendo destinados para ILPI?

Augusta Isabel  Scárdua, presidente do CEDDIPI – Sim, todas estão registradas e são ILPI. Estão aptas a receber o repasse federal. Para receberem o repasse federal precisam estar de acordo com os critérios estabelecidos. A gestão municipal das cidades onde estão localizadas estão dando toda a orientação, conforme estabelece a Portaria  369. 

 Jornal da 3ª Idade –  A senhora conseguiu articular algum repasse, alguma ajuda direta para os idosos em face do isolamento?

Augusta Isabel  Scárdua, presidente do CEDDIPI – O Conselho está fazendo uma campanha de arrecadação, que não está tão plena, como a gente gostaria, mas que está conseguindo atender aquelas que estão com mais emergência.Conseguimos fazer uma ação conjunta com Secretaria dos Direitos Humanos. Vice-governadoria e Corpo de Bombeiros. Também passamos a integrar uma Câmara Técnica, articulada pelo Ministério Público do ES, com os municípios maiores, secretarias e entidades, para a criação de um protocolo específico para a possibilidade de atendimento nesse período da pandemia. As ações não serão somente para as pessoas idosas, mas para todos que estiverem vulneráveis nesse momento. Começamos a fazer capacitações em municípios, com entidades e gestores de ILPI e outros profissionais.

Jornal da 3ª Idade – O Conselho está tendo êxito no trabalho intersecretarial, nesse momento?

Augusta Isabel  Scárdua, presidente do CEDDIPI – Apesar de todas as dificuldades e da tristeza que significa esse momento de pandemia, um destaque tem que ser feito, no que se refere ao trabalho intersetorial. Sempre tivemos algumas dificuldades de conversar as questões dos idosos com todas as demais políticas setoriais. Isso sempre foi apontado em reuniões e mesmo nas conferências. Desde 2018 conseguimos fazer reunião conjunta com o Conselho Estadual de Assistência Social e Conselho Estadual da Pessoa Idosa, fizemos resolução conjunta que estabelece as reuniões trimestrais. Com o surgimento dessa pandêmia conseguimos avançar, pela primeira vez conseguir reunir Conselho Estadual da Pessoa Idosa com a gestão estadual da assistência social e gestão estadual da saúde. Esse momento tem esse ganho, pois estamos conseguindo se unir e fazer resoluções conjuntas. São coisas ainda em construção, mas que avançaram em face da Covid-19. 

Jornal da 3ª Idade – Quantos conselheiros participam da composição do Conselho Estadual?

Augusta Isabel  Scárdua, presidente do CEDDIPI – São 10 da sociedade civil e 10 governamentais.

Jornal da 3ª Idade – Algum conselheiro está contaminado?

Augusta Isabel  Scárdua, presidente do CEDDIPI – Não, graças a Deus não.

Jornal da 3ª Idade – A população idosa está obedecendo a quarentena, de modo geral?

Augusta Isabel  Scárdua, presidente do CEDDIPI – A maioria  dos idosos sim. Os jovens é que estão desobedientes.

Leia também entrevista com Augusta Isabel Scárdua de 2017, quando tomou posse pela primeira vez no CEDDIPI.