Como combater o Glaucoma doença que atinge mais de 2 milhões de brasileiros?

Dr. Alexandre K. Misawa é oftalmologista do HSANP, centro hospitalar localizado na zona Norte de São Paulo. Foto: divulgação
Dr. Alexandre K. Misawa é oftalmologista do HSANP, centro hospitalar localizado na zona Norte de São Paulo. Foto: divulgação

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2020 a estimativa é que 80 milhões de pessoas no mundo tenham glaucoma. Esses números preocupantes mobilizam o setor de saúde.

No mês passado,  em 26 de maio lembramos o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, mas essa é um problema que temos de recordar o ano inteiro, pois o glaucoma é uma doença silenciosa, que raramente causa dor e, por isso, as pessoas não costumam procurar o oftalmologista para identificar se estão saudáveis.

O glaucoma é uma doença ocular caracterizada por alteração do nervo óptico, que causa um dano irreversível das fibras nervosas e, como consequência, a perda de campo visual. Erroneamente, as pessoas associam o glaucoma com a pressão dos olhos, assim, é importante esclarecer que esse é um dos principais fatores de risco, porém, não é o único, uma vez que, embora existam pacientes diagnosticados com a doença, alguns têm a pressão normal.

O glaucoma pode ser hereditário e quem tem casos da doença na família precisa investigar, pois aumenta o risco de desenvolver a efemeridade. Existem ainda outros fatores de risco tais como: uso crônico de corticosteroides – tanto via oral, nasal quanto na forma de colírios. Quem tem doenças como diabetes e problemas cardíacos também está mais propenso.

O glaucoma é mais comum após os 60 anos de idade, contudo, vale a ressalva que indivíduos em outras faixas também podem ser surpreendidos, especialmente, se tiverem histórico de trauma ocular, quem faz uso excessivo de corticoide,  e doença inflamatória ocular (Uveites).

Nem mesmo as crianças estão livres. Há bebês que nascem com o aumento da pressão intraocular e com perda visual grave logo nos primeiros anos de vida, se não tratado. A partir de um ano já é indicado à realização de avaliações dos olhos, neste caso, não apenas para essa doença, mas para garantir também a saúde ocular completa.

Existe ainda uma forma congênita, quando os recém-nascidos já apresentam uma lesão no nervo óptico e, nesses casos, precisam de tratamento cirúrgico.  Essa é uma doença genética rara, herdada pelas mães durante a gestação.

A incidência mais comum é do glaucoma crônico de ângulo aberto, quando o paciente apresenta aumento da pressão intraocular e déficit do campo visual.

O mais emergêncial é o glaucoma de ângulo fechado, que pode causar a perda visual irreversível rapidamente e, por fim, o glaucoma do tipo secundário pode acontecer devido a alguma complicação médica, seja pelo uso excessivo de corticoides ou até mesmo por conta de cirurgias como cataratas.

A melhor prevenção é a consulta anual ao oftalmologista, pois esse profissional é apto para avaliar se há suspeitas da doença e, caso o diagnóstico seja positivo, realizar o tratamento adequadamente com colírios e, ou até mesmo se for preciso, indicar a cirurgia.  Com o avanço da medicina e dos recursos de diagnóstico, hoje a identificação do glaucoma é muito precisa.

Dados sobre a o Glaucoma no mundo

De acordo com o estudo – publicado em 2014 – Global prevalence of glaucoma and projections of glaucoma burden through 2040: a systematic review and meta-analysis, em 2013, o número de pessoas com idade entre 40 e 80 anos com glaucoma em todo o mundo foi estimado em 64,3 milhões, prevendo um aumento para 76,0 milhões em 2020 e 111,8 milhões em 2040.  Estes números mostram que o glaucoma é um problema crescente. Por isso, o tratamento só será eficaz se a doença for diagnosticada precocemente.