Chefe da Imunização da Capital, em São Paulo fala da Vacina Fracionada em Idosos

Diante da correria desenfreada da população nas últimas semanas, em busca das unidades de saúde que tenham a vacina contra a febre amarela, as autoridades de Saúde decidiram antecipar a vacinação ampliada na Capital, com a “fracionada”, começando na próxima quinta-feira dia 25 de janeiro.

Mesmo sendo feriado pelo aniversário da cidade, vários postos estarão de plantão e terá início o trabalho de vacinação em domicílio, para algumas regiões específicas.

A diferença da vacina dose fracionada é que ela tem 0,1 ml, enquanto que uma dose convencional tem 0,5 ml. A vacina fracionada permite a imunização por oito anos, já a convencional é válida por toda a vida.

A vacinação para as pessoas idosas tem gerado muitas dúvidas. Para esclarecer sobre o comportamento que os idosos devem seguir, o Jornal da 3ª Idade entrevistou a especialista em Saúde Pública e Epidemiologia, Maria Lígia Bacciotte Ramos Nerger, que desde 2001 coordena o Programa Municipal de Imunizações no Centro de Controle de Doenças, da Secretaria da Saúde, da Prefeitura de São Paulo.

Jornal da 3ª Idade– Por que a vacina contra a febre amarela não é aconselhada para a maioria dos idosos?

Dra. Maria Lígia Nerger – As pessoas com 60 anos ou mais tem uma diminuição natural do sistema imunológico produzido pelo envelhecimento. Envolve a perda de capacidade do corpo para responder a infecções. Por isso existe uma preocupação com relação a vacina febre amarela, pois trata-se de uma vacina de vírus vivos atenuados.

No entanto, o Ministério da Saúde recomenda que as pessoas com 60 anos ou mais que morem ou forem se deslocar para as áreas com transmissão ativa contra a febre amarela devem ser vacinados. Porém, é fundamental que os serviços de saúde façam uma triagem para verificar se a pessoa idosa tenha alguma contraindicação a vacina.

As pessoas imunodeprimidas não deverão ser vacinadas, ou seja, a vacina é contraindicada para as pessoas que fazem tratamento com quimioterapia e/ou radioterapia ou utilizam corticosteroides em doses elevadas.

Pessoas com Lúpus, artrite reumatoide e outras doenças autoimunes deverão ser avaliadas pelo serviço de saúde.

Jornal da 3ª Idade– Os idosos que moram em área de risco devem ou não tomar?

Dra. Maria Lígia Nerger – Os idosos que morem ou forem se deslocar para as áreas com transmissão ativa contra a febre amarela devem ser vacinados, desde que não possuem contraindicação a vacina.

Jornal da 3ª Idade– Uma pessoa idosa, que já foi vacinada quando criança, ou seja, há mais de 10 anos, precisa fazer o reforço agora?

Dra. Maria Lígia Nerger – Atualmente o esquema de vacinação recomendado pelo Ministério da Saúde é de apenas uma dose. Será considerada pessoa vacinada aquela que tiver comprovação de vacinação, com uma dose ao longo da vida.

Jornal da 3ª Idade– As unidades de saúde da cidade de São Paulo estão vacinando pessoas idosas?

Dra. Maria Lígia Nerger – As unidades que fazem parte das áreas consideradas de risco, as áreas de abrangência das regiões Norte, Sul (bairros Marsilac, Parelheiros, Jardim Ângela e moradores do entorno da UBS Luar do Sertão) e Oeste (bairro Raposo Tavares), estão aplicando a vacina em pessoas idosas após realização de triagem e não possuírem contraindicação a vacina.

Jornal da 3ª Idade – Qual a avaliação médica necessária para indicar a vacina para a pessoa idosa?

Dra. Maria Lígia Nerger – Após triagem realizadas pelos serviços de saúde, havendo dúvida na condição imunológica da pessoa é recomendado que ela procure seu médico pois este sabe a condição de seu paciente. O médico avaliando que o idoso terá condições de receber a vacina, encaminhará para a vacinação.

Jornal da 3ª Idade – O que é a Doença Viscerotrópica, que estão dizendo que afeta os idosos que tomam a vacina?

Dra. Maria Lígia Nerger – Na literatura internacional há a descrição de um evento adverso muito raro, com a ocorrência da disseminação do vírus vacinal em crianças e adultos ´que estão tomando a vacina pela primeira vez.

Cabe esclarecer que esta reação à vacina é rara e, de acordo com a literatura médica, pode atingir uma  pessoa a cada 500 mil pessoas que tomaram a doses aplicadas.

Os trabalhos na literatura médica nos fazem crer que se trata de uma predisposição particular do organismo que faz o indivíduo reagir de maneira pessoal à presença do vírus vacinal.

Jornal da 3ª Idade – Quais são os efeitos colaterais que podem aparecer nos idosos que tomam a vacina?

Dra. Maria Lígia Nerger – Cerca de 4% dos vacinados poderão apresentar febre, dor no corpo, dor de cabeça e náuseas e mal-estar cerca de 3 dias após a vacinação.

 

 

 

Listagens dos postos de vacinação por Região da Capital :

Zona Sul da Capital

Zona Norte da Capital

Zona Oeste da Capital