

A falta de informações detalhadas na literatura da Fisioterapia sobre a força muscular do diabético tipo 2 motivou pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) a realizar um trabalho específico para avaliação de força muscular e exames sanguíneos . Com voluntários serão avaliados o nível de açúcar no sangue, além de diagnóstico de neuropatia diabética, que são lesões nos nervos causadas pela hiperglicemia.
Para isso eles estão convidando homens com diabetes do tipo 2 e idades entre 18 e 60 anos, moradores de São Carlos e região, para participarem de uma pesquisa. Os estudos são realizados pelo mestrando do Programa de Pós Graduação em Fisioterapia Jean de Paula Ferreira, orientado pela docente Tania de Fátima Salvini, do Departamento de Fisioterapia (DFisio.)
A diabetes mellitus atinge índices epidêmicos em todo mundo e, atualmente, o Brasil é o sexto país com maior número de diabéticos. Cerca de 90% dos casos de diabetes correspondem ao tipo 2, que desenvolve-se na vida adulta e está fortemente relacionado com a obesidade visceral e o sedentarismo. Em São Carlos, aproximadamente 13% da população é diabética. Ferreira explica, na sua entrevista que, além da elevação do nível de açúcar no sangue, o diabético do tipo 2 pode desenvolver alterações físicas importantes, como perda da força muscular e equilíbrio.
Os estudos realizados por Ferreira avaliam a força muscular de homens diabéticos do tipo 2, sob as diferentes contrações musculares. Após os exames, os pacientes que não possuírem restrições para a prática de exercício físico serão encaminhados a um grupo de atividade física orientada e gratuita.
Todas as avaliações serão feitas no DFisio, localizado na área Norte do Campus São Carlos da UFSCar. Interessados em participar da pesquisa podem entrar em contato pelo telefone (16) 3351-8345 ou pelo e-mail ferreirajpfisio@hotmail.com.
ENTREVISTA
Jornal da 3ª Idade– Por que o senhor escolheu pesquisar sobre a relação entre a atividade física e controle glicêmico dos diabéticos tipo 2?
Pesquisador Jean P. Ferreira – A escolha desse tema surgiu a partir de algumas revisões da literatura, onde notou-se que outras pesquisas mostram que o controle glicêmico na Diabetes Mellitus tipo 2, pode ser melhorado com o exercício físico, devido o mesmo reduzir a atividade de algumas proteínas inflamatórias que bloqueiam a sinalização da insulina. O exercício pode melhorar a resistência à insulina, que é a principal característica da Diabetes tipo 2. Durante esse processo, o exercício também estimula uma proteína muscular, que independente da insulina, ativa o transportador de glicose. Assim, o exercício pode beneficiar o diabético por vias dependentes e independentes da insulina. Esse efeito pode durar de 24 a 48 horas, por isso, o exercício deve ser feito sob orientação profissional. Contudo, antes de trabalharmos com exercício físico, percebemos que também há muitas questões sobre as alterações físicas desses pacientes que não foram esclarecidas, por isso, o foco principal desse estudo é a análise da força e a relação com neuropatia, controle glicêmico e inflação.
Jornal da 3ª Idade – Por que no Brasil aumenta a cada dia a incidência de Diabetes Tipo 2 na população?
Jean P. Ferreira– A alta incidência está relacionada com o aumento da industrialização, onde as pessoas passaram a fazer cada vez menos esforços físicos para realizar suas atividades de vida diária. Como o mundo encontra-se em pleno processo de ascensão industrial e tecnológica, estima-se que o número de diabéticos ultrapasse 552 milhões de pessoas no mundo até 2030, segundo a Federação Internacional de Diabetes.
Jornal da 3ª Idade – A atividade física pode tratar o controle glicêmico do Diabético do tipo 2?
Jean P. Ferreira– A atividade física, associado à orientação nutricional é a primeira medida terapêutica recomendada pelo ministério da saúde para diabéticos tipo 2 recém diagnosticados. Outros estudos já mostraram que na fase inicial da Diabetes tipo 2 o exercício físico, associado com uma alimentação balanceada, tem grande potencial para melhorar o controle glicêmico, prevenir o agravamento da doença e assim, evitar a necessidade de uso de medicações. Porém, em caso de diagnóstico tardio, ou agravamento da doença, somente o exercício e uma boa alimentação não seja possível controlar a glicemia. Por isso, é necessário o acompanhamento da equipe multidisciplinar de saúde.