

Na última terça-feira, as entidades que trabalham com idosos na cidade de São Paulo se surpreenderam com o anúncio da saída do educador evolutivo Alexandre Teixeira Ramos do cargo de coordenador, da Coordenadoria do Idoso da Prefeitura de São Paulo. Ele tinha, desde fevereiro a função de implantar na cidade a proposta para os idosos do Prefeito João Dória.
Paulistano de 44 anos, fundador do Instituto Akhanda, uma Ong criada em 1997, que mantém o projeto Faça um Idoso Feliz, ele tinha uma agenda repleta de compromissos assumidos com representantes dos Fóruns e entidades com quem estava fazendo parceria.
Entre os projetos já assumidos pela Coordenadoria do Idoso estavam: o apoio a 7ª Feira da Cidadania, que desde o ano passado é realizada na Praça do Patriarca, pelo Fórum Permanente da Pessoa Idosa da Região Sé, já divulgada para os dias 22 e 23 de junho, próximos. A reformulação do projeto das universidades para a terceira idade, implantadas no governo passado nos CEUS – Centro Integrados de Educação- que estão sendo cobradas pelas centenas de alunos idosos que começaram os cursos e agora querem continuar. E o JOMI- Jogos Municipais dos Idosos que não foram realizados no ano passado e cuja falta tira São Paulo dos Jogos Regionais dos Idosos do Estado de São Paulo.
O Jornal da 3ª Idade conversou com ele, no final da tarde de ontem, para saber os motivos da sua saída, como ficam os projetos que ele tinha assumido e também sobre a sua participação do CEI- Conselho Estadual do Idoso, onde ele representa a Capital.
Jornal da 3ª Idade– Quanto tempo o senhor ficou como Coordenador da Coordenação de Políticas Para os Idosos da Prefeitura de São Paulo?
Alexandre Teixeira Ramos– Eu entrei no final de janeiro de 2017, com o começo do novo governo municipal e minha exoneração saiu dia 6 de junho de 2017.
Jornal da 3ª Idade– Por que o senhor saiu?
Alexandre Teixeira Ramos– Como é sabido, houve a saída da Vereadora Patrícia Bezerra, da Secretaria de Direitos Humanos, onde ela ocupava o cargo de Secretaria. A nova titular, que vem da área da Justiça, está trazendo uma nova equipe e também novas pessoas para a Coordenadoria do Idoso.
Jornal da 3ª Idade– Qual era a sua experiência com idosos antes de assumir a Coordenadoria?
Alexandre Teixeira Ramos– Há 21 anos eu faço um trabalho com idosos, que eu considero mais que uma ação, para mim é um projeto de vida. Foi por isso que fui convidado para assumir essa função na nova gestão da Prefeitura de São Paulo. A minha saída do cargo não vai alterar essa minha disposição, acho mesmo que isso vai motivar ainda mais meu engajamento.
Jornal da 3ª Idade– Unindo a experiência que tinha antes, com o que pôde presenciar no Coordenadoria, o que o senhor aponta como políticas públicas mais urgentes para serem assumidas pela Prefeitura?
Alexandre Teixeira Ramos– Desde que entrei comecei a trabalhar para que o Fundo Municipal do Idoso passasse a existir. O Fundo é que vai alavancar uma série de projetos que podem ajudar muitos os idosos de São Paulo. Eu deixei tudo pronto, só falta agora a assinatura do Prefeito João Dória. Um trabalho junto às famílias para combater a violência contra os idosos é outro assunto que deve estar na primeira ordem. Tínhamos algumas ações já iniciadas nessa área, que agora poderão ser continuadas.
Jornal da 3ª Idade– Como comandante da Coordenação de Políticas Para os Idosos da Prefeitura de São Paulo o senhor assumiu vários compromissos junto aos Fóruns Regionais de idosos. O mais próximo é a 7ª Feira da Cidadania, que desde o ano passada é realizada pelo Fórum Permanente de Políticas para pessoa Idosa da Região Sé, já marcado para os dias 22 e 23 de junho, na Praça do Patriarca. São dezenas de idosos que atuam como artesãos que contam com a feira como geração de renda complementar, sem contar todos os que estão mobilizados para as atividades artísticas. O senhor acha que trabalhos como esses poderão ser interrompidos?
Alexandre Teixeira Ramos– Nesse momento não posso falar mais nada sobre como a Prefeitura vai conduzir essas questões. Espero que continuem os vários projetos que deixamos encaminhados, mas esse da Feira da Cidadania é em especial o que eu espero que não tenha problemas de continuidade. Essa Feira da Cidadania ia servir como modelo para a implantação de outras feiras de artesanato, para geração de renda para os idosos, em todas as 32 Prefeituras Regionais. Tínhamos conversado com várias empresas interessadas em fazer parcerias que poderiam ajudar muito os idosos. Temos que trabalhar com o empoderamento dos idosos. O empreendedorismo entre os idosos é uma saída importante não só para questões financeiras, como para garantir a sua dignidade. Vou ficar muito triste se tudo o que avançamos não tiver continuidade.
Jornal da 3ª Idade– O senhor visitou vários Fóruns na cidade e fez algumas promessas para os representantes, principalmente para os da periferia. O senhor é um empresário, é presidente da Câmara de Comércio e Indústrias Brasil Nigéria. Mesmo fora do cargo acha que pode contribuir para o trabalho de melhorar a qualidade de vida dos idosos na sua cidade?
Alexandre Teixeira Ramos- Eu já disse que vou continuar trabalhando com a questão dos idosos e me coloco à disposição como pessoa física para os Fóruns e para as Redes.
Jornal da 3ª Idade– O senhor é representante da Capital, no Conselho Estadual do Idoso. O que o CEI pode colaborar com os idosos da Capital? O CEI sempre esteve distante da política da Capital e a justificativa para alguns era a divergência partidária dos seus governos. Agora que o governo é do PSDB em ambos existe algum projeto de trabalho conjunto nessa área?
Alexandre Teixeira Ramos– Como eu passei pelo governo municipal posso agora, como sociedade civil, no Conselho Estadual, trabalhar para ações propositivas para a Capital. Minha ideia era buscar junto a grandes empresas apoio para ações conjuntas, com uma pauta propositiva que trabalhasse ambos os governos em prol dos idosos. A continuidade independe de estar no cargo. Quero ser um porta voz dos idosos nessas ações, mas isso vai depender também dos idosos querem continuar a trabalhar junto nessa linha.
Jornal da 3ª Idade- Que conselho ou dica o senhor deixa para o próximo Coordenador ou Coordenadora que vai trabalhar para as políticas públicas para idosos na Prefeitura de São Paulo?
Alexandre Teixeira Ramos– Que não deixe de dar continuidade nos projetos que estávamos trabalhando, porque eles não são meus, são frutos do trabalho de conversa e pesquisa junto aos idosos. A UNIMATURIDADE- A Universidade Aberta para a terceira idade que foi muito pedida. O JOMI- Jogos Municipais dos Idosos, que mobiliza idosos que já atuam na área esportiva e que pode fazer mais, exatamente motivando que outros comecem a praticar esportes. Isso é qualidade de vida. E a capacitação dos conselheiros do GCMI- Grande Conselho Municipal do Idoso. Eles precisam de apoio para poderem trabalhar na defesa dos idosos da cidade.
Jornal da 3ª Idade– Podemos afirmar para encerrar essa conversa, que a cidade tem recursos e o que falta é vontade política para implementar políticas públicas para os idosos?
Alexandre Teixeira Ramos– Infelizmente nesse momento São Paulo não tem recursos. O que temos que ter é boa vontade e arregaçar as mangas para trabalhar em prol dos idosos. Muita coisa pode ser feita se envolvermos toda a sociedade e as empresas para favorecerem projetos. O mais importante, no entanto, é resgatar a amizade entre as pessoas. O maior mal da maioria dos idosos de São Paulo está na solidão, na falta de afeto. Precisamos alertar as famílias para o processo de envelhecimento da sociedade. Tudo começa pela boa vontade.